Portugal, em 1976, escassos dois anos após o 25 de Abril estava na bancarrota. No mesmo ano em que aprovou uma Constituição que garantia o nosso caminho airoso para uma "sociedade sem classes" mas que não fez tossir demasiado os que, dois anos antes, ainda não falavam essa linguagem.
Sem as despesas brutas da guerra no Ultramar que passou a chamar-se de um dia para o outro, literalmente, "guerra colonial"; sem os encargos ainda vindouros do retorno dos portugueses que tinham ido para Angola e Moçambique, Portugal já devia as penas aos passarões dos nosso credores externos.
Entre o fim da loucura governativa que se sucedeu até Agosto de 1975 e ao V Governo Provisório, chefiado por Vasco Gonçalves, militar convertido ao comunismo em meia dúzia de meses, e o primeiro governo constitucional, em Julho de 1976 e chefiado por Mário Soares e que durou até Janeiro de 1978, houve o VI Governo Provisório, chefiado por Pinheiro de Azevedo, mas recheado de personalidades de bloco central e marcadamente de esquerda moderada. Basta dizer que nesse governo o ministro das Finanças era Salgado Zenha. E Rui Machete era o ministro dos "Assuntos Sociais". Fica tudo dito.
Portanto, desde 1975 que o destino de Portugal esteve entregue à esquerda, primeiro comunista e depois a socialista, democrática. O resultado desta governação em tandem com um Conselho da Revolução esquerdizado e radical? A primeira bancarrota, empacotada devidamente pelo magnífico Mário Soares. Assim, como contam os "recortes" de jornais da época e que como o algodão da publicidade não deixam mentir:
Em 12 de Agosto de 1977 já estávamos com a corda na garganta e O Jornal perguntava o óbvio:
E explicava o óbvio na página oito:
Em 26 do mesmo mês, a capa fatal já aqui mostrada:
O que faltou explicar foram as circunstâncias desta primeira bancarrota. Nas páginas interiores escrevia-se o que Mário Soares a e apaniguados agora não querem lembrar:
E como é que o Mário Soares, empacotador de bancarrotas, reagia a estas desgraças públicas? Ora...fazendo o contrário do que agora defende. Em 4 de Novembro de 1977 no O Jornal...a única solução que via era o "consenso", o acordo entre partidos do "arco governativo". Os portugueses em geral, esses, andavam entretidos com as aventuras do coronel Jesuíno. Da telenovela Gabriela, entenda-se. Já ia no 123 episódio e era um lenitivo para estas misérias.
Não obstante estes esforços denodados para empacotar a bancarrota a verdade é que em Fevereiro de 1978 ainda não tínhams acabado o calvário. E Medina Carreira que o diga porque deve lembrar-se do que então dizia ao O Jornal de 3 de Fevereiro de 1978.
Claro, como muita gente diz, "isto agora não interessa para nada"... e de facto, pouco interessa, a quem se lembra. O problema é que há milhares e milhares e milhares que não se lembram, algumas centenas que não querem lembrar-se e outros milhares de milhares que nem sabem que foi assim.
É para esses que fica aqui o registo. Para memória futura. E para saberem quando começaram os "pacotes" que nos têm dizimado o progresso e onde começou verdadeiramente o nosso "empobrecimento". E já agora quem foi verdadeiramente o empacotador.