quarta-feira, janeiro 08, 2014

A memória inventada de Sócrates

No blog para mim tanto faz, contou-se que José Sócrates arranjou uma história pessoal para rememorar a sua experiência particular, sobre o jogo Portugal-Coreia do Norte, no Mundial de Futebol 1966 ( e que a TVI 24 está agora mesmo a passar)   e do papel de Eusébio nesse jogo.
O António Caldeira, Do Portugal Profundo, transcreveu as  palavras de José Sócrates. Assim:

 «Lembro-me que saí de casa com Portugal a perder 3-0 e fui ouvindo nas ruas da Covilhã, enquanto ia para a escola, gritos de alegria através das janelas (...) pelos golos de Portugal. E cheguei à escola já Portugal ganhava e foi uma explosão de alegria na escola.»

Sócrates, alegadamente licenciado em engenharia civil ( é o que diz a Wiki) nasceu em Setembro de 1957 e portanto tinha oito anos, em 23 de Julho de 1966.
Como já foi referido por aí e por ali, naquela data, um Sábado de tarde, não havia aulas nas escolas primárias da época. Entre os 3-0 e os 4-3, ocorridos já na última meia hora de jogo, Sócrates foi andando pelas ruas da Covilhã e ouvindo "gritos de alegria através das janelas". Quando chegou à escola "foi uma explosão de alegria"...

Confesso que o que me espanta no relato de Sócrates são " os gritos de alegria" que foi ouvindo pelas ruas da Covilhã. através das janelas. Isto é que acho mesmo completamente inventado por uma memória de fantasia.
Não é o pormenor das aulas do ensino primário num Sábado à tarde, confirmadas pela caminhada pelas ruas da Covilhã, durante a tarde desse dia, em direcção à escola. Por uma razão:
Também eu me lembro desse dia e dessa tarde. Vi o jogo e vi o desfecho, com outros colegas de escola, num café que então era de um tio meu. No fim do jogo fomos para o adro da capela...jogar à bola, naturalmente. Não poderíamos ter ido para o recreio da escola, mesmo que o quiséssemos porque não era permitido. Mas suponho que nesse dia, Sábado, durante a tarde, também havia...doutrina. Ou seja, catequese.E do café à capela são escassas dezenas de metros, com várias casas.
O que eu não ouvi, de todo, foram gritos de alegria de ninguém, vindos das casas, através das janelas. E não acredito que na Covilhã, nas ruas dessa tarde se pudessem ouvir.

Esta fantasia de Sócrates não é uma mentira. É pior que isso: é uma invenção de uma memória necessariamente falsa, sem a noção assumida que o poderá ser. Por vários motivos, incluindo esse. E isso é que se torna preocupante como sintoma de uma personalidade. Quem inventa coisas destas que outras mais terá inventado, sem a noção que o fez?
Este indivíduo tem um problema sério.

EM TEMPO, em 9.1.14, às 19:15:

Já se esperava e não tardou muito. Aparece agora um tal Jorge Patrão a acudir pelo empregado da farmacêutica ( Octapharma) jurando a pés atados que sim! Foi mesmo como o dito contou aos que ouviram e registaram. Saiu de casa e foi para a escola, o Externato do Professor Cerdeira...jogar à bola.
Portanto, agora só falta explicar, já que se deram ao cuidado em explicar os lapsos de memória, recobrindo-os de eventuais invenções adequadas, o iter, o caminho percorrido de casa até ao Externato. Quanto tempo demorou,  quem é que gritava de júbilo inaudito dentro das casas de tal modo que se ouvia nas ruas, etc etc...
E podiam fazer a fineza de fazer contas aos minutos de jogo e ao tempo de caminho.
Pode ser que saia mais uma ementa pior que o cimento.


Questuber! Mais um escândalo!