Para saber novas da desaparecida em combate, se alguma vez existiu, perguntaram a "quatro jovens comentadores políticos", a saber, Jorge Braga de Macedo ( social-democrata de sempre); José Miguel Júdice ( socialista encapotado no centrão de sempre); Paulo Portas ( salta pocinhas para o poder de sempre, num pragmatismo vazio de sentido ideológico) e Jaime Nogueira Pinto ( acomodado ao regime que temos, de sempre e sem se demarcar ideologicamente, mas ainda assim o mais consistente nos argumentos e o mais coerente ao longo dos anos, pelo menos no que escreve )- "para onde vai a direita portuguesa"?
E que responderam os "quatro jovens"?
É ler...meditar e concluir que em Portugal, a Direita, de facto, nunca existiu, após Marcello Caetano ter saído do poder. A Direita que supostamente existe em Portugal é uma fraude e um pretexto para que a Esquerda faça o jogo do engana que sempre costuma fazer para ganhar.
Provavelmente, antes de Marcello Caetano, já tinha desaparecido do mapa político-ideológico, substituida por uma prosaica atitude que é muito antiga: primum vivere; deinde philosophare...e que se justifica plenamente num país pobre que não tem meio de sair da cepa torta.
A "vidinha" está primeiro, para os próceres de uma putativa direita que ninguém sabe ao certo definir. Num país de miséria intelectual, sem pensadores com autoridade e talento, o compromisso ideológico e prático na busca da vidinha levou um proto-fascista, adepto antigo e confesso de Primo de Rivera ( J.M. Júdice) a confessar, alguns anos e muitos pareceres jurídicos depois, a sua admiração por um José Sócrates ao ponto de lhe prestar vassalagem partidária...
Nestas duas páginas fica o equívoco todo à vista: Braga de Macedo assume uma costela esquerdista por causa da preocupação social. Portas, como "finalista de Direito e cronista político do Semanário" já sabia que " a esquerda tem revelado uma visão proprietária, dominial da cultura", mas ao longo dos anos políticos e culturais ( no Independente) pouco fez de realmente efectivo para demarcar essa dominialidade e ajudar a apagar essa lavagem cerebral ideológica. O Independente foi apenas um projecto editorial que serviu depois como trampolim para o poder. Só isso interessava e como nunca foram capazes de, como partido, passar além da mentalidade taxista, ( et pour cause), Portas é nada na Direita portuguesa e o que fez em Julho de 2013 irá sair-lhe bem caro e é muito bem feito.
Quanto a Júdice é um tratado aquilo que aqui diz. " entendo que faz sentido falar de direita e esquerda, no aspecto sociológico. É o sentido em que se fala de povo da direita e de povo da esquerda. Eu faço parte do povo da direita". Dali a anos, muito poucos, passava-se de armas e bagagens para o "povo da esquerda" onde agora se encontra na sua firma de advocacia de negócios, no seu palácio das Lágrimas, nas suas propriedades no Algarve e na sociedade Eleven, toda constituida por personagens saídos dos contos de Eça, perdão, da Esquerda.
Quanto a Jaime Nogueira Pinto, na altura andava a citar antecipadamente Fukuyama cujo artigo sobre o Fim da História sairia dali a três anos...
Para se perceber toda a dimensão destas ideias basta ler este título: apontar Cavaco como líder do "povo de direita" em Portugal é simplesmente uma imbecilidade. Tal como o actual José Sócrates dizer como disse recentemente que será o líder que a "direita" prefere..."
"Sou o chefe democrático que a direita sempre quis ter ", teve o topete de dizer.
Portanto, sobre a Direita em Portugal estamos entendidos: nunca existiu. E se alguma existiu, envergonhou-se e deixou que aparecesse por ela um ersatz, um faz-de-conta que só ajudou a Esquerda a mandar ideologicamente no país durante mais de quatro décadas. Se alguém, algum dia se reclamar de Direita será banido do gotha democrático porque em Portugal quem se atrever a tal é naturalmente de...extrema-direita. Onde é que já se viu tal desaforo? Todas as tv´s à hora dos telejornais, capitaneadas pelas anas lourenço denunciariam o perigo para a democracia e Balsemão apareceria muito preocupado e com a cara mais esbranquiçada que nunca. Soariam todos os alarmes dos "memes" e em dois tempos democráticos tais ideias seriam novamente banidas do espaço mediático, confinadas a becos sem saída.
E quanto à Esquerda? Amanhã veremos a cor que tem...mas hoje basta ler o que um esquerdista dos jornais escrevia ontem no Público. José Vítor Malheiros conheceu a tal direita envergonhada e é desse fantasma que escreve quando escreve assim, mostrando amplamente toda a cor dos memes. A direita hoje em dia, para o jornalista de antanho, invadiu os media e está em todos os telejornais e ainda nos artigos de opinião. A direita é a sombra que projecta "os mercados", a sombra dos "neocons", dos neoliberais, que invaviu as redacções a tal ponto que só temos neoconismo no jornalismo nacional actual.
É ler porque é isto que escreve este esquerdista que não sabe o que é a direita e proclama a sua visão periférica como o centro do universo ideológico da isenção pura e do equilíbrio metafísico do ser jornalístico.