No jornal i de hoje aparece em destaque a notícia de que quatro autarquias do país estão sem dinheiro para pagar salários aos seus funcionários porqu estão simplesmente falidas, em bancarrota.
Uma delas, Vila Nova de Poiares teve durante 40 anos um presidente que é um fala-barato que vai aos programas de tv da Campos Ferreira ( Prós&Contras) debitar tiradas de demagogia muito aplaudidas na hora.
Sabe-se agora que Jaime Marta Soares deixou um legado, nas últimas autárquicas, de pelo menos 16 milhões de euros.
Em entrevista descarta qualquer responsabilidade justificando assim o descalabro evidente e a bancarrota notória:
Este tipo de autarcas justifica sempre tudo com a necessidade das obras para o "desenvolvimento local e a qualidade de vida dos cidadãos", sem se preocupar demasiado em saber quem pagará realmente as contas mal feitas e a gestão do "gaste-se que alguém há-de pagar". Um gestão de irresponsabilidade financeira que fatalmente redunda em bancarrota.
Atenta esta mentalidade, muito espalhada pelo país autárquico, não admira que este "autarca-modelo" sinta que "não tenho nenhuma responsabilidade na actual situação". Claro que a responsabilidade é colectiva, do governo autárquico a que o mesmo presidiu. Porém, um presidente de Câmara tem que ter juízo, senso e capacidade em orientar os destinos de uma população local de modo a não os conduzir à falência por despesismo insensato. Marta Soares não teve.
Em 1971, Portugal vivia um regime de apertado controlo orçamental das despesas públicas, incluindo as das autarquias locais, ainda sem poder autónomo para gastar em barda e à farta e permitir que quem o fizesse viesse depois dizer que não se sentia responsável.
Por isso mesmo, em 6 de Março de 1971 o Século Ilustrado trazia uma reportagem sobre as 3600 povoações ainda sem electricidade.
O dinheiro que escasseava para estas infra-estruturas fundamentais viria mais tarde, certamente, mas com peso, conta e medida e segundo as disponibilidades financeiras do país, como acontecera com as grandes urbes.
Em 29 de Junho de 1974 a revista brasileira Manchete dava uma imagem aérea do país do Norte, em fotos que vale a pena mostrar.
Quem compara o Portugal de 1971 com o de agora, evidentemente nota as diferenças recultantes desse Poder Local e das melhorias urbanístias, de infra-estruturas, arquitectónicas etc que ao longo das últimas décadas foram introduzidas.
Mas...a que custo e com que custos para todos? Mais: com que critérios estéticos que aparentemente foram metidos a mascoto em vilas do Alentejo e lugarejos de Trás-os-Montes, sem esquecer o Algarve turístico, onde abundam as bolas delimitadoras nos passeios e as baías e lajedos uniformizados pelo Polis e quejandos?
Ao longo das últimas décadas, Portugal modernizou-se ou simplesmente copiou modernismo parolos lá de fora, nem se sabe de onde, tipo Estação do Oriente, onde chove e faz frio no Inverno e no Verão se torra ao calor?