Ferraz da Costa, na qualidade de presidente do Fórum para a Competitividade, apareceu hoje no Jornal da Noite da SIC-N, em entrevista alargada e entre outras coisas, falou do BES.
Implicitamente apelidou de "parvos" os supervisores do BdP e da CMVM, porque não viram determinados factos que eram visíveis a todos, porque publicados até na internet...
"Fundos de tesouraria do BES que tinham obrigações de empresas do GES; esses fundos têm co-posição que está na internet cada mês; era evidente para quem não fosse parvo- eu se calhar corro o risco de estar a chamar parvos aos supervisores- via que havia, que os accionistas de um banco de dimensão grande em Portugal estavam a ter muita dificuldade em financiar por outra forma as empresas do sector não financeiro e que estavam a colocar em fundos de tesouraria que colocavam junto dos clientes e isso é supervisado pela CMVM. Era publicado, era público, portanto eu estou aqui já só a falar do que é público."
A sábia perguntou-lhe então se "isso seria só ingenuidade da parte dos supervisores" e Ferraz da Costa disse que não consegue perceber nem explicar e não consegue responder "à sua pergunta" porque "não lhe vou com certeza dizer que o BES conseguia por uma forma que nenhum dos outros conseguia evitar a supervisão. Os quadros que hoje em dia fazem a supervisão bancária são considerados muito competentes; a profundidade da análise que fazem, segundo tenho ouvido falar de outros bancos em que conheço pessoas ligadas à gestão é muito detalhada...é muito esquisito como é que não se soube, como é que não se viu. Não percebo. Como é que se demorou tanto tempo, porque tudo isto tinha sido muito mais fácil e muito mais barato de resolver há muito tempo."
E diz mais: a propósito de reduções salariais no BES, de que se fala, diz, logicamente, "então porque é que não reduzem também ao BdP e à CMVM"? "As pessoas que têm alguma responsabilidade também têm que sofrer alguma coisa quando as coisas correm mal"...
Ferraz da Costa continua a ser uma das vozes lúcidas deste país e a sábia da SIC-N deu-lhe hoje o amplificador que costuma dar a outros, geralmente do largo do Rato.