quarta-feira, maio 13, 2015

Fernando Dacosta e o tempo do salazarismo

Fernando Dacosta é um jornalista que vem de longe, de muito longe. De facto, conheceu e falou com Salazar, em diversas ocasiões. E por isso foi dos primeiros a escrever sobre o mesmo, já há uns anos largos.

Os livrinhos que escreveu contêm várias historietas da vida de Salazar, centradas em pormenores anedóticos ou pitorescos até aí relativamente desconhecidos e baseados em observações do próprio narrador ou em conversas que manteve com pessoas próximas.
Representam uma visão e opinião pessoal daquele jornalista sobre o maior governante português do Séc. XX e por isso deve ser lida com as reservas necessárias.

De vez em quando Fernando Dacosta fala sobre tal assunto, em modo avulso e conversa dispersa. Desta vez fê-lo ao Jornal de Negócios da passada Sexta-Feira, contando mais alguns pequenos episódios, a par de outros que merecem relevo mais detalhado, como por exemplo o que diz sobre Agostinho da  Silva ou Eduardo Cortesão ou a influência da revista Opção, saída em 1976.

Mais tarde virá o comentário sobre tal. Agora fica a entrevista:


101 comentários:

zazie disse...

Ainda agora comecei a ler e já me fartei de rir com aquela do Império que vai de caravelas e vem de traineiras.

josé disse...

A célebre reportagem sobre os retornados eu tenho-a aqui no O Jornal. Ainda não procurei mas já a tinha lido e é outro exagero do Dacosta.

joserui disse...

200 galinhas também me parece um exagero… e um país aterrorizado… nem percebi se era pelas galinhas… 200 galinhas não é brincadeira nenhuma. -- JRF

zazie disse...

ahahahaha Realmente, ser perseguido por 200 galinhas é filme de terror

":O)))))))))

josé disse...

V. sabem que espaço ocupam 200 galinácios?

Não é preciso ser muito grande, desde que os galos e garnizés estejam controlados...

zazie disse...

controlados?

ehehehehe

josé disse...

àparte

BELIAL disse...

O Dacosta é piadético.

Volta não volta, o seu humor irrompe, efabulador, provocante, cheio de arroubos poéticos, irónicos....

Posso não concordar, mas gosto.
Escreve bem, é um tipo interessante.
O livro sobre natália coreia, faz de conta que a elogia, mas depois, as historietas (estorietas?) são todo um retrato da harpia douda cujo convívio sofreu...eheheh...

As alcunhas que mutuamente se puseram, natália, ary e agustina - são de almanaque.

muja disse...

As galinhas não eram do Salazar, obviamente. Pertenciam à governanta, D. Maria.

O ilustre mestre João Ribeiro, chef antigo Aviz Hotel, ia a S. Bento comprar-lhe os ovos.

Salazar tinha o hábito de passar pelos capoeiros ao fim da tarde e uma vez apanhou lá mestre Ribeiro a regatear uns ovos à D. Maria e instou com o mestre de culinária que não fosse forreta e desse os patacos à mulher. :)

Floribundus disse...

o Decostas deve ter estado em cima do muro a apreciar o espectáculo de AOS a dar milho às galinhas

o homenzinho é tão cuidadoso que não viu nenhum galo.
de facto estes não põem ovos

supondo que cada uma comia de cada vez 100g de cereal o PM carregava uma saca de 20kg

podia ter mencionado quantas vezes comiam para saber se era um unhas de fome

o Decostas é um humorista

José Lima disse...

Salazar sempre assistiu - e ajudou - à Missa até ao final da sua vida. De resto, segundo o testemunho de Franco Nogueira, deplorava profundamente as mudanças litúrgicas pós-conciliares. Se descreu de alguma coisa, julgo que terá sido antes dos homens de Igreja e não da doutrina da Igreja propriamente dita…

José disse...

Huummm...só ele o poderia dizer.

Ajudantes de missa havia muitos. E alguns seriam ateus. E até admito que houvesse padres que não acreditavam naquilo que faziam.

Duvida?

Então, pondere:

Quem acredita verdadeiramente no milagre da transubstanciação, tal e qual e sem dúvidas?

José disse...

E isso é a essência da Missa: a renovação perene do sacrifício do Calvário.

Gonçalo Soares disse...

Sobre a transubstanciação e milagres eucarísticos existem umas palestras óptimas do Ricardo Castañon que vale a pena procurar na net

José Lima disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
José Lima disse...

Caro José

Ponderado: eu creio na Presença Real de Cristo na Eucaristia e acredito que a Missa é a renovação não sangrenta do sacrifício do mesmo Cristo na Cruz.

Quanto a Salazar: só Deus pode perscrutar com absoluta certeza as consciências individuais e as intenções subjectivas de cada uma delas; porém, objectivamente, publicamente, nada indicia que Salazar fosse um homem sem fé. Desencantado com as tropelias de muitos homens de Igreja, pelo menos, desde os anos 50, que, no fundo, sentia que o tinham traído, isso já acredito que sim - por exemplo, com homens como o Papa Paulo VI, Bispos como o do Porto ou o da Beira (Moçambique), e Padres como Felicidade Alves...

Josephvs disse...

Ó Jose o Decostas parece Q não gosta do teu scanner :)
"... Então, vão para as hemerotecas e para as bibliotecas consultar sobretudo os jornais da época...."
http://jornalodiabo.blogspot.pt/2013/09/fernando-dacosta-em-entrevista-os.html

José disse...

Por causa disto?

"É também um problema da historiografia que hoje trata o Estado Novo?
Os historiadores que hoje escrevem sobre o Estado Novo cometem um erro, que é: não têm em consideração os depoimentos orais, ou seja ir ouvir as pessoas que viveram esse tempo. Acham que o depoimento oral não tem credibilidade, só o escrito. Então, vão para as hemerotecas e para as bibliotecas consultar sobretudo os jornais da época. Mas esquecem-se de duas coisas. Primeiro, havia uma instituição muito benemérita, que era a censura, que cortava os jornais. Segundo, os jornalistas, e falo por mim aldrabam bastantes (risos). Eu recordo as vigarices que se faziam nos jornais. Eu até inventava horóscopos no “Diário de Lisboa”, quando era preciso. Portanto, a credibilidade dos jornais faz-me rir. Para mim têm muito mais credibilidade as tais pessoas que viveram essas épocas e estão numa idade em que já não têm carreiras a fazer e têm até uma certa seriedade porque estão a chegar ao fim da vida. Em especial com os grandes vultos de então, com os quais eu felizmente convivi e fiquei fascinado."

José disse...

O meu scanner leva porrada de criar bicho. Já está amestrado para obedecer sem refilar.

Vivendi disse...

Salazar, o obreiro da Pátria, quem for capaz de entender a amplitude da sua obra só poderá acreditar que era um homem de fé.

" Se contemplarmos a História maravilhosa deste pequeno povo, quási tão pobre hoje como antes de descobrir o Mundo; as pegadas que deixou pela terra de novo conquistada ou descoberta; a beleza dos monumentos que ergueu; a LÍNGUA E LITERATURA QUE CRIOU ( ... ) - concluiremos que Portugal vale bem o orgulho de ser português "

António de Oliveira Salazar em discurso de 27 de Abril de 1943, citado por Vasco Botelho de Amaral

Zephyrus disse...

O Dacosta faz uma descrições muita lúcidas sobre o povo português. É dos poucos que tem a coragem de afirmar que somos uma sociedade matriarcal velada.

Contudo peca por exagerar em alguns comentários e isso tira-lhe credibilidade. E depois tem aquelas divagações esotéricas e ocultistas...

Ainda assim, é dos poucos jornalistas cujas entrevistas valem a pena ler. Por acaso comprei o JNeg nesse dia por causa dele.

José disse...

Foi também essa a razão porque comprei. A edição de hoje tem uma entrevista com Luciano Amaral. Não tem interesse por aí além e por isso passei,sem a ler.

E porque é que não tem interesse? Porque nada me ensina de novo ou de interessante, pelo que tenho lido.

O Dacosta, pelo contrário, tem afirmações polémicas que logo conto em escalpelizar um pouco, se tiver tempo.

Já dei porrada no scanner e por isso é só colocar e comentar. Mas falta-me o "estudo" do Agostinho da Silva que merece alguma atenção.

zazie disse...

O Luciano Amaral é um saco-de-ar neontonto.

Aquela alminha nunca na vida disse nada de mais profundo do que algo próximo da localização de uma paragem de autocarro.

Zephyrus disse...

«O Luciano Amaral é um saco-de-ar neontonto.

Aquela alminha nunca na vida disse nada de mais profundo do que algo próximo da localização de uma paragem de autocarro.»

Li um livrinho dele numas férias de Verão. Foi publicado pela FMS. O que retive como ideia fundamental da obra foi isto: temos Estado Social mas não temos um tecido económico e força financeira para sustentá-lo. Por outras palavras, andamos há 40 anos a pôr a carroça à frente dos bois. Por outro lado, antes do 25 de Abril tínhamos uma economia mais «saudável».

Ainda sobre essa economia que desapareceu com a Revolução e o PREC. Penso que tinha fragilidades que travariam mais tarde ou mais cedo o crescimento. Havia por exemplo a dependência das exportações para as colónias. Contudo tenho a certeza que com Marcelo à frente do poder durante mais dez anos tudo seria ultrapassado com arte e engenho. E nisto discordo de quem diz que com Marcelo haveria bancarrota.

Zephyrus disse...

«Já dei porrada no scanner e por isso é só colocar e comentar. Mas falta-me o "estudo" do Agostinho da Silva que merece alguma atenção.»

Também me interessa muito esse estudo.

O que o Fernando Dacosta diz sobre a sociedade portuguesa não é nada que não esteja disperso pelos nossos autores mais conhecidos. O interessante é que em Portugal por medo ou ignorância os jornalistas não tocam nestes temática. A minha experiência clínica reforça cada vez mais a tese de que no povo temos uma sociedade matriarcal. E isto tem implicações profundas no país. Por outras palavras, a alma do povo é feminina, ou melhor, o inconsciente colectivo condensa características do arquétipo feminino. Não sou o único que pensa assim. Há anos li uma entrevista de uma psicanalista portuguesa, com actividade clínica na capital, que pensa como eu: temos uma sociedade matriarcal velada.

Zephyrus disse...

Se o povo é feminino, então a sociedade está desequilibrada.

O «casamento alquímico» ocorre com elites masculinas. Ou seja,

defendo que à frente do Estado e das principais instituições, como as Universidades, têm de estar pessoas de personalidade fortemente masculina. Homens, portanto, que efectivamente tenham uma alma masculina. Ou damas de ferro.

Se o ensino, política, tribunais, hospitais, universidades, se tudo isto está dominado por homens e mulheres do povo (mesmo diplomados continuam a ser mentalmente do povo) então a mediocridade e até a destruição continuarão.

Zephyrus disse...

Aqui posso escrever sobre isto pois sei que não serei ridicularizado.

Em Inglaterra ou nos EUA seria possível falar abertamente sobre este tema nos meios académicos e na comunicação social.

Em Portugal é impossível. As pessoas como não compreende ridicularizam.

Zephyrus disse...

O Estado Novo foi um momento especial na nossa História recente pois havia homens com outro estado mental que se distinguia daquele que predominava no povo. E naquele tempo havia um Miguel Torga, um Orlando Ribeiro, um Jorge de Sena. Já não há gente assim em Portugal.

zazie disse...

O que eu li dele acerca da economia do Estado Novo era mero papaguear do que a escardalhada e neotontos dizem.

Que era economia estatal e mais não sei quantos e que até aquelas campanha cerealíferas no Alentejo só deram asneira para haver papo-secos tabelados para o povo.

Zephyrus disse...

Li há tempos um artigo sobre a decadência nas Universidades espanholas.

Houve grandes médicos, cientistas, escritores, filósofos, de projecção global, que leccionavam nas universidades espanholas.

Tal já não sucede há décadas e os espanhóis perguntam-se por que motivo já não têm um Ortega y Gasset ou um Ramón y Cajal.

zazie disse...

A decadência universitária é geral.

Algumas áreas científicas mantêm-se mas nas humanidades o caos é geral.

Zephyrus disse...

«Que era economia estatal e mais não sei quantos e que até aquelas campanha cerealíferas no Alentejo só deram asneira para haver papo-secos tabelados para o povo.»

Há muitas mentiras difundidas pela Esquerda sobre as Campanhas do Trigo.

Salazar estava contra a cultura dos cereais. Afirmava e bem que os nossos solos não estavam vocacionados para o trigo mas sim para árvores de fruto.

Para além disso no final do século XIX já não havia floresta. Os pastores haviam destruído tudo com incêndios, e havia ainda a produção de carvão, a madeira para fornos, e a produção naval. Tudo isso dizimou a floresta ainda antes das Campanhas do Trigo.

zazie disse...

Eu ando a tentar desencantar coisas de interesse que sejam actuais- no sentido de balanços culturais, por exemplo.

Li o Roberto Calasso e pareceu-me curioso.

É italiano.

zazie disse...

Mas li umas coisas (não consegui ler tudo porque o homem escreve a metro) do
Peter Sloterdijk- considerado um filósofo topo de gama e aquilo é ar.

Uma anormalidade de quem se diz "neo-kantiano"- o que quer que isso seja- e que pega em assuntos giros mas depois não faz filosofia, faz mero jornalismo e mistura-lhe pancas da moda como a gayzices e assim.

Zephyrus disse...

O que se passa em Portugal, e eu sinto na Academia, é isto

se dissermos algo que não se enquadra no politicamente correcto das massas,

somos excluídos.

Mas se for um estrangeiro a dizer exactamente o mesmo, então talvez seja aceita.

Mas não toquem nos dogmas da Esquerda ou nos rosas.

É uma Censura ainda pior que a do Estado Novo.

zazie disse...

Um alemão- fiquei a pensar como é que a Alemanha que tanto saber nos deu, pode agora estar reduzida a estes pseudo-filósofos de feira.

Os anglo-saxónicos vão pelo mesmo.

Quando querem parecer profundos citam o Foucault e coisas do género francesas.

Parece que dos anos 60 até ao presente mais nada se fez.

Zephyrus disse...

Peter Sloterdijk: tenho dois livros dele mas nunca os li.

Li antes este:
http://www.fnac.pt/A-Sociedade-do-Cansaco-Byung-Chul-Han/a808432

Depois de ouvir um Professor de Medicina falar do tema. Defendia que sabemos cada vez menos porque estamos sobrecarregados com trabalhos em Power Point, monografias e teses, e não lemos as obras de referência. E não temos tempo para a família e para namorar.

zazie disse...

A Academia em Portugal não existe.

Talvez sobreviva algo nos estudos clássicos e mais nada.

Filosofia é mero neo-positivismo bacoco.

História da Arte está entregue à bicharada. Os bons morreram ou estão reformados.

História não existe.

Não sei mesmo para que serve no presente a universidade.

Contaram-me como se faz um curso de Filosofia no Porto e é uma enedota

Zephyrus disse...

Em algumas universidades e em alguns cursos,

-e o Dacosta fala disso na entrevista-

nota-se que os alunos têm cada vez mais trabalho, mas isso não implica que saibam mais.

A situação piorou muito com Bolonha.

Supostamente as novas tecnologias deveriam servir para facilitar a aprendizagem e para termos mais tempo livre. Está a suceder o contrário.

zazie disse...

O Sloterdijkv pega em coisas muito giras.

Isso é inegável. E aquilo é agradável de ler.

Só que não é filosofia.

E passa por ser o maior filósofo actual.

O escândalo está aí.

Zephyrus disse...

Os alunos não lêem as obras. Decoram diapositivos de Power Point e resumos de sebentas e de apontamentos. E os resumos, sebentas e diapositivos distorcem tudo de acordo com a visão ideológica de quem os elabora.

zazie disse...

Pois não lêem.

Filosofia faz-se por umas sebentas idênticas às que havia no 12º ano.

Eu fiquei parva. Dão tudo a galope, umas noções por alto e depois já estão prontos para a tese.
Isto é mentira e apenas serve para pagar ordenados a professores.

Mais nada.

é uma fraude.

zazie disse...

Iss ode terem mais trabalho é mentira.

Só se for no 11º e 12º ano em que inventam uns programas marados.

Mas nem sei.

Acabaram com Filosofia no 12º ano. Para tornarem tudo mais fácil.

Quem quer entrar na faculdade num curso de Filosofia basta ter exame de Português e outro de psicologia, ou assim.

Uma treta.
Eu ainda tive 2 anos de latim e grego e ninguém entrava num curso de Filosofia sem ter as noções que agora têm depois de entrarem.

Ainda colocam professores licenciados em Filosofia a darem 12 de Psicologia sem nunca na vidinha terem estudado o que quer que fosse de Psi.

Porque é habilitação própria e dá direito a isso e as regalias dos mais velhos falam mais alto. Tiram aulas aos alunos mas não tiram horas aos profs.

Dantes não existia curso de psicologia em Portugal. Dava-se no de Filosofia. 2 anos.

Até agora ainda se mantém a mesma legislação que permite aos de Filosofia que deixaram de ter aulas de psi na faculdade, de as darem no 12º aos alunos, para irem para a universidade.

Zephyrus disse...

«Mais nada.

é uma fraude.»

A fraude já chegou à Medicina.

Os jornaleiros deveriam investigar como se ensina Medicina no Algarve.

Uma criação socratina, feita em cima do joelho, para ver se o PS ganhava as eleições na câmara de Faro.

zazie disse...

Isso é que é assustador.

Zephyrus disse...

«Iss ode terem mais trabalho é mentira.»

Em alguns cursos superiores é a realidade, especialmente nas áreas científicas.

Metem os alunos a apresentar aulas práticas e seminários, agora é moda em alguns cursos. Os estudantes passam a semana entretidos a fazer dezenas de diapositivos em Power Point, por vezes sobre pequenos pormenores, como uma doença rara ou uma proteína, e depois não têm tempo para estudar com antecedência para os exames.

Zephyrus disse...

Como se forma um Médico em 4 anos sem Ciências Básicas? Sem Fisiologia, Anatomia, Anatomia Patológica, Histologia, Biologia Celular e Molecular, Bioquímica, Neuroanatomia, Genética Médica ou Farmacologia? Não sei, mas no Algarve é possível. E aceitam, ao que parece, engenheiros e até geólogos...

zazie disse...

ehehe

Que anormalidde

zazie disse...

Isso do folclore dos diapositivos e powerpoints e assim já o meu pimpolho dizia que era panca da Teresa Lago na Faculdade de Ciências do Porto.

ELe contava que ela só se preocupava com a treta de "venderem" apresentações.

Para colmatar a própria insuficiência teórica da dita senhora, as aulas dela eram mais de "corte-e-costura".

Zephyrus disse...

http://www.medicina.ualg.pt/site/index.php?module=Content&func=view&pid=296

Estão aí as condições.

Onde estudei tive Anatomia com cadáveres. E decorei parágrafos do Gray's Anatomy durante semanas a fio antes do exame. Não concebo que alguém possa ser bom médico sem saber Anatomia. E isso aprende-se com cadáveres.

No Algarve não há esses aborrecimentos. Nada de Ciências Básicas. Fazem estudos de casos clínicos...

http://www.medicina.ualg.pt/site/index.php?module=Content&func=view&pid=11

zazie disse...

é pá, mas é só voluntariado...

zazie disse...

Mas eles dizem:

«A aprendizagem das ciências básicas vai ocorrer como parte dos casos clínicos em PBL, sendo integrada por sistemas funcionais e acompanhada por seminários integrativos. Muita da aprendizagem das ciências básicas vai ser facilitada por especialistas clínicos. Por exemplo, a aprendizagem da anatomia, fisiologia e farmacologia do sistema digestivo será em grande parte orientada por gastrenterologistas. A anatomia será ensinada primeiro através de modelos, depois pela imagiologia, pela endoscopia, pela anatomia patológica e finalmente através da presença dos alunos nas cirurgias e nas autópsias. »

muja disse...

E nisto discordo de quem diz que com Marcelo haveria bancarrota.

Não vi ainda quem dissesse isso. O que o Dragão disse é subtilmente diferente:

o Marcellismo constitui vestíbulo e balão de ensaio da democracia paralamentar, em todos os seus avatares e manias, essa mesma que nos assiste e desgoverna desde Novemvro de 1975. Os nossos mandarinetes do PS e PSD mais não protagonizam que epígonos marcellóides, frustes e mentecaptos na comparação intelectual, mas igualmente excitados no reformismo peregrino e legisladeiro.

Ou seja, por diferentes palavras, ele diz que a única coisa que evitaria a bancarrota que causariam os "mandarinetes" era o próprio Marcello. Com Marcello, provavelmente não teríamos bancarrota, mas assim que ele saísse, era o que nos esperava. Foi, de facto, o que acabou por acontecer.

Pode é discurtir-se se realmente ela tem as suas origens no "reformismo peregrino e legisladeiro".

Zephyrus disse...

O Algarve faz em 4 anos o que no resto do país se faz em 6.

Como? Não sei mas parece possível.

Zephyrus disse...

«Pode é discurtir-se se realmente ela tem as suas origens no "reformismo peregrino e legisladeiro".»

Não me parece que Marcelo tivesse lançado um modelo propício a isso. Mas não tenho conhecimento suficiente para ter certezas.

Contudo, de algo não duvido. Houve alguém que lançou depois um modelo que nos conduziu à desgraça. Foi Cavaco Silva com as suas fundações, IPSSs, grandes eventos, privatizações, PPPs e economia do betão. Tudo devidamente bem espremido por Guterres e Sócrates.

zazie disse...

Este texto de auto-avaliação é uma treta de eduquês:

http://www.medicina.ualg.pt/site/index.php?module=Downloads&func=prep_hand_out&lid=24

muja disse...

O Estado Novo foi um momento especial na nossa História recente pois havia homens com outro estado mental que se distinguia daquele que predominava no povo. E naquele tempo havia um Miguel Torga, um Orlando Ribeiro, um Jorge de Sena. Já não há gente assim em Portugal.

Não é líquido que os não haja. A grande vantagem do Estado Novo (da ditadura militar, mais precisamente) foi assegurar o sossego e a serenidade necessários para se encontrar e valorizar essas pessoas.

Pode discutir-se, na mesma linha do comentário anterior, se o EN conseguiu manter essa tendência ou não.

Mas não se pode inferir a ausência de gente de valor pela balbúrdia partidocrática: casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão.

O Estado Novo, ou melhor, a sua doutrina, que era a de Salazar, por sua vez uma síntese das encíclicas de Leão XIII, dos sociólogos franceses - le Play, Le Bon, etc - e de certa influência pedagógica britânica, foi um modelo de reconciliação nacional. E foi isso, assente no equilíbrio financeiro (fundamental para que "houvesse pão") que permitiu o desenvolvimento a que se assistiu. Só não contribuiu quem não quis. E muitos foram os republicanos, democratas e liberais que muito contribuíram para o muito que se fez.

zazie disse...

Deixemo-nos de demagogias bacocas.


O que o Dragão afirma é que os males de abril foram "chocados" no marcellismo.

Tudo o que veio já estava no ovo marcellista.

E isto no exército, com a lei que altera entradas e facilita milicianos e com economia que tanto gasta em excesso no Estado Social, como facilita a vida e protege até os especuladores.
.........................

«Por tudo isto, desvanecem-se, não sem algum pesar, certas ilusões afectivas. Bem mais que um desenlace infeliz do Estado-Novo, o Marcellismo constitui vestíbulo e balão de ensaio da democracia paralamentar, em todos os seus avatares e manias, essa mesma que nos assiste e desgoverna desde Novemvro de 1975. Os nossos mandarinetes do PS e PSD mais não protagonizam que epígonos marcellóides, frustes e mentecaptos na comparação intelectual, mas igualmente excitados no reformismo peregrino e legisladeiro. Tanto quanto no exercício experimental sobre um país fantástico, extraído algures das sua tripa cerebral...apofântica. Todos juntos, Marcelo e os seus vis derivados (com a ajuda breve mas prestimosa de comunistas em apoteose), conseguiram liquidar um império, restaurar uma balbúrdia, consumar três bancarrotas e reduzir à mendicidade internacional um país outrora soberano.»

zazie disse...

O Dragão até começou por fazer alarde e com afirmações bombásticas, tendo por base as intrigas que o Jaime Nogueira Pinto publicou em livro.

Depois o José entrou em debate e aí refreou-se e disse que eram apenas estudos, não eram conclusões definitivas a que tivesse chegado.

A dada altura a coisa azedou por melindre e aí voltou novamente à carga dizendo ainda mais forte o que primeiro tinha sido apenas insinuado.

O que ele diz é literalmente isso- Abril e o PREC foram chocados pelo marcelismo.

O bloco central de agora é filho dele: « Os nossos mandarinetes do PS e PSD mais não protagonizam que epígonos marcellóides, frustes e mentecaptos na comparação intelectual, mas igualmente excitados no reformismo peregrino e legisladeiro. »

zazie disse...

O marcelismo é apresentado como uma degeneração do salazarismo.

Com manias das grandezas que iam levar a bancarrota e com tiques de gastos sociais que deram no monstro estatal que temos.

pelo meio até acusa o marcelismo de também ter criado a tal figura de que ele diz que se lembra - o "especulador".

Eu lembro-me mais dos amoladores de rua que ainda existem.

":OP

zazie disse...

Portanto, ou se fica calado que é o melhor, ou se evita fazer demagogia barata porque isso chateia.

É cretino esse vício escolástico de agarrar em pequenas palavras e fazer casuística como se se fosse ingénuo e tudo se provasse por pequenas frases negando-lhes o sentido mais vasto em que se inserem.

Debater ideias não é isto. É compreender o que os outros pensam e não fazer tribalismo para ganhar pontos.


Nemo Dragão faz isso e não precisa desse tipo de defesa retorcida à "João Miranda".

josé disse...

O Dragão entrou num beco e farto de becados estou eu...ahahaha.

josé disse...

E ainda por cima acha que a insultar alarvemente vai a algum lado...

zazie disse...

AHAHAHAHAHAH

muja disse...

Primeiro que tudo, eu defendo quem eu quero e me apetece. E estou-me nas tintas para o que V. acha que precisa de defesa ou não. Sugiro que se preocupe consigo e com as figuras que faz.

Segundo, onde é que o que eu disse vai contra o que V. para aí escreveu ou é demagogia?

Foi Marcello que abriu as portas àquela gente, mas não vai daí que os deixasse fazer o que queriam e lhes apetecesse. Portanto, com Marcello a coisa não descambaria completamente até ele sair ou ser afastado - como aconteceu.

Em nada contradigo o que o Dragão diz.

Terceiro, não percebo porque persiste em me chagar com as suas merdas, perfeitamente despropositadas. Eu não procuro fazer demagogia, não venho aqui de má-fé, nem sou nenhum cientóino. Já uma vez lhe disse que a sua psicologia de tasca pode funcionar para muita gente mas em relação a mim engana-se.

Mas se V. decidiu já que tudo isso é verdade, então não nos vamos conseguir entender. E com pena minha. Mas paciência.

zazie disse...

Como é que v. faria a recensão de um livro?

Pergunte a si próprio se é com essa estranha forma de argumentar- escudando-se sempre, protegendo-se sempre de ser apanhado naquilo que quer defender, que conseguia sintetizar as ideias de alguma coisa.

Não consegue porque nunca é isso que quer.

Quer sempre somar pontos, colocando-se num suposto lugar acéfalo e neutro, e pegando em pentelhices que inferem a ideia geral de tudo.

zazie disse...

Eu não disse que v. procura fazer demagogia.

Disse que a sua forma de argumentar é sempre demagogia.

Porque é sempre da mesma maneira-

fingindo que não há uma questão e uma ideia que tenha compreendido e negando ou refutando tudo por pentelhices argumentativas.

E isto sempre às pinguinhas.

Retira merdices mínimas e coloca-as como a única questão a "provar" ou a "definir" para poder encaminhar tudo para onde lhe interessa.


O João Miranda faz o mesmo.

Azar o seu se eu mordo facilmente estas coisas.

zazie disse...

Divide; retalha tudo, coloca-se sempre num lugar acima do entendimento geral da questão e depois interroga os outros acerca dos detalhes de caca que consegue retirar e que lá julga que assim impede a compreensão de qualquer ideia.

Se tivesse de fazer a recensão de um livro tinha a sua piada.

Porque era tramado e era obrigado a comprometer-se no entendimento geral de uma questão.

Não tinha a safa de dizer que o autor até nem quis dizer o que parece porque na página x há por lá uma frase de caca que dá ideia de ser o contrário.

muja disse...

E nisto discordo de quem diz que com Marcelo haveria bancarrota.

O Dragão diz que com Marcello haveria bancarrota?

Eu acho que não diz. Foi o que procurei argumentar.

muja disse...

Eu não quero impedir a compreensão de ideia nenhuma. Antes pelo contrário. V. persiste na psi de tasca.

Pronto, esqueça. Escreva o que quiser que eu não me incomodo mais.

zazie disse...

Diz.

Ponto.

Diz.

V. não quer compreender.

Ou então compreende e quer tapar.

O que faz é literalmente o que eu descrevi.

Das duas uma- ou tem uma dificuldade inata em compreender uma questão- por pensar matematicamente tudo- como equações a resolver; ou compreende e gosta de fazer nºs de Circo Chen.

Vai dar ao mesmo.

Torna-se cansativo e irritante.

zazie disse...

A sequência do Dragão foi mesmo esta.

Atirou com afirmações bombásticas retirados do livro do Jaime Nogueira Pinto que ele até disse que lhe foi oferecido e autografado.

O José respondeu com fontes e factos, como faz sempre.

Aí o Dragão sentiu-se tocado e decidiu começar a chacota na primeira página, invertendo a questão e colocando o José como o melindrado que até distorcia o que ele queria dizer.

E disse que não eram afirmações dele porque ele apenas estava em "estudos".

Mas depois começou a chacota dos jornais e da menoridade das fontes dos jornais.

A coisa azedou com aquele post do 25 de Abril e, a partir daí, fez retórica bombástica com o que antes era apenas palavras dos outros que ele estava a estudar.

Atirou sempre com "crónicas" e leituras de outros contra fontes.

Claro que isso pode ser giro e levar quem gosta de ir pelas pandeiretas mas não é racional nem prova nada.

zazie disse...

De todo o modo penso que as questões estão em aberto.

Infelizmente não existem interlocutores nem sequer online.

Porque os que podiam existir melindram-se.

E isso é uma chatice do caraças.

Eu nem tenciono dizer mais nada porque o Dragão é uma mais valia literária, filosófica e humorística e não quero que volte a fechar o estaminé.

zazie disse...

Mas sabe ser desagradável e de uma forma demasiado desproporcionada que só pode vir de uma falsa força e valentia.

O melindre é sempre uma fraqueza por problemas de lesa-majestade.

muja disse...

Já reparou como toda a gente à sua volta, excepto os seus predilectos, tem dificuldade inata em compreender questões? Que normalmente são aquelas em que a conclusão difere da sua?

Se não reparou, repare.

E note como se torna "cansativo e irritante."

E note também como V., como os outros, tem uma dificuldade inata em compreender certas questões e como, quando encostada à parede, se sai com não ter, afinal, opinião. Afinal, não defende nada. Afinal, não tem conclusão nenhuma.

Note como se torna "cansativo e irritante."

Desculpe lá ser "cansativo e irritante", mas também não venho aqui para lhe agradar. Mas tem bom remédio: não ler o que eu escrevo.



zazie disse...

Quem são os meus predilectos?

Essa tem piada porque o morgadinho da cubata também me andou a chamar subserviente em relação ao Dragão.

Daí a umas horas estava eu a discordar dele.

É falso.

Eu não tenho predilectos.

Tenho formas de pensar com as quais me entendo e outras com que desatino.

Admito que gosto de tudo claro e tenho pó a casuística ou floreados demagógicos.

Expliquei como v. os faz. Não disse que embirrava consigo porque nestas coisas virtuais nem há grande lugar para isso ou o seu contrário.

zazie disse...

Não se trata de nenhuma conclusão diferir da minha.

pelo contrário. Eu adoro um bom debate de ideias.

Mas ideias implica entender as questões.

Não é coisa de floreados de cacas desligadas do todo.

Ou bem que as pessoas estudam e entendem as questões para as poderem debater ou então é zero.

Ora v. parece que prefere fingir que não entende nunca uma questão para ir infirmando e chagando os outros com pentelhices que retira ao acaso

zazie disse...

Eu admito que posso ser um tanto intratável.

Mas nunca por aquilo com que a homenzarrada que leva nos cornichos depois me ataca.

Por ser subserviente em relação a 2 ou 3 pessoas que não levam porrada

AHAHAHAHAHAHHA

muja disse...

Olhe, eu é que não sou de certeza... E note bem que não disse que era subserviente a ninguém. Se calhar é merdice mínima, mas eu também gosto de tudo claro.

muja disse...

Olhe nem vá por aí porque na questão dos americanos viu-se.

V. não fazia a mínima do que andava para aí a dizer. Se calhar fiada nessa do "entendimento geral". E o José, se calhar, fiado no mesmo.

Só que isto, em certas coisas, o "entendimento geral" está feito para iludir o entendimento completo. Daí o aforismo the devil is in the detail.

zazie disse...

Eu não disse que v. me chamou subserviente.

Disse que o morgadinho veio com essa por causa dos pencudos.

V. disse que eu só concordo com o que pensa como eu e é mentira. E não tenho predilectos por isso.

Em relação aos americanos o que é que eu disse?

O que é que eu andei por aí a dizer?

muja disse...

Não é o ser intratável. É o pôr-se a "morder" coisas, e a inferir cenas como o cientóinismo.

Se explicar o que a chateia, como agora acabou por fazer, por mim está tudo bem e até lhe agradeço.

zazie disse...

é pá, a dada altura da vida as pessoas já conhecem as suas fraquezas e também as suas vantagens.

Sempre me disseram que tenho facilidade em apanhar a ideia geral de tudo.

Em fazer recensões, por exemplo.

Aquilo que v. disse acerca desta suposta polémica do Dragão não é nada- é pentelhice.

Eu creio que a resumi correctamente.

Apenas isto.

zazie disse...

Eu sei que é chato fazer isso porque chega a ser indelicado.

é verdade e já tive dissabores por causa dessa mania.

Só que às vezes as pessoas parece que estão a pedi-las e pronto- eu mostro a coisa em poucas palavras e sei que acerto.

Se não acertasse também não espinoteavam como espinoteiam.

muja disse...

Estava a falar sem entender a questão.

Até chegou a chamar-me obsessivo e mais não sei quê, por causa da questão do prazo.

Ora, essa questão é, porque era, importante e crucial. Mas é preciso entender a questão, entender o domínio da política externa e das relações entre estados, para se lhe atribuir àquele aparente detalhe a importância que ele tem.

zazie disse...

O José pegou numa questão interessantíssima- pegou no mito e ligou-o à valorização do Império.

Por outros motivos que nada têm a ver com isto, eu ando a tratar de mitos e viagens e isso foi muito pertinente.

E tem piada porque são questões que pessoas da minha área deveria abordar e não abordam.

Chegar aqui e dar com essa abordagem e até ilustrada de forma simples com notícias e resumos de jornais, é absolutamente delicioso.

mas isso são questões pessoais.

Nem vêm ao caso.

Vem a forma abrangente, o leque vasto que o José consegue ter.

Não fala destas coisas com um becado

":O))))))))

zazie disse...

Sim, a questão do prazo numa treta que era um manguito demagógico do próprio Salazar acerca da questão é caca.

O conceito jurídico de Províncias Ultramarinas já tinha sido criado precisamente para contornar as pressões internacionais face à dita descolonização.

Se toda a gente percebeu que o Salazar estava a falar do país inteiro- que não era colónia e estava auto-determinado, dizer que o prazo dado pelos americanos era a questão de fundo para largar as colónias é treta.

zazie disse...

Ora, v. nessa questão, fez novamente o que eu caracterizei aí em cima, acerca de tudo.

Finge que não entende a ideia e agarra-se a pentelhices de palavras para invalidar a questão.

A questão é que o Salazar não ia abrir mão das colónias e contornou-a com a cena de não serem colónias mas meras províncias de Portugal.

V. sabia isto mas queria fazer a tal casuística escolástica que o João Miranda também adora fazer com tudo.

muja disse...

Mas claro que não ia abrir mão! Por abrir mão entende-se entregar por vontade de estrangeiros. Apenas e só.

Vs. é que nisso englobam que ele se recusaria a dar a independência se os territórios realmente o quisessem. Ora ele disse, e bem, que a independência é uma coisa natural.

Os americanos é que, através dessa posição perfeitamente natural e compreensível - quem é que quer compatriotas que o não queiram ser? - procuravam entalar o Governo de forma a comprometer-se numa situação concreta com um princípio de ordem geral.

Eles assumiam que os territórios queriam ser independentes - e continuariam a assumir independentemente de tudo o resto - e portanto queriam que Salazar fixasse um prazo para provar que era mesmo assim.

Os americanos sabiam perfeitamente o que pensava o Governo português. O prazo foi um ardil com o qual procuravam fazer descambar as coisas do domínio do Governo.

Tanto assim é que Marcello se debateu com o mesmo problema e chegou à mesma conclusão: era uma armadilha.

muja disse...

V. é que acha que eu faço isto porque quero implicar ou assim. Ou porque sou um salazarista descabelado e só me interessa tomar o partido do Salazar.

Mas acontece que eu já conhecia a questão. Já tinha reflectido sobre ela. Aquele pormenor é importante para se perceber que é preciso sempre examinar todos os detalhes quando se trata de relações externas.

Não se pode só dizer ah e tal, o tipo era um casmurro porque podia ter feito acordo com os americanos mas não fez.

José disse...

Por mim, acho que V. continua a não entender o essencial, nesse aspecto e que é o que a Zazie mostra com clareza. Mas não vou chover no molhado.

A Zazie tem mesmo essa qualidade rara de entender tudo à primeira. E até lhe digo mais: por vezes entende melhor que o próprio porque sintetiza correctamente.

Daria uma excelente crítica literária...ahahahaha!

zazie disse...

eheheheh

Se souber de quem precise de recensões universitárias, assobie porque eu preciso de carcanhol

":O))))))

muja disse...

Bom, eu acho que percebi o essencial. O essencial é acreditar nas intenções americanas ou não, por um lado; e, por outro, se se deve ou não defender intransigentemente o interesse nacional.

Salazar não contornou a questão; a questão é que foi mal formulada por deficiência de conhecimento e inépcia diplomática americana: eram províncias de Portugal. A constituição era clara, como o eram todos os títulos de soberania portugueses desde sempre. Até quando se fez o Acto Colonial houve quem quisesse repor o nome logo na altura para províncias.

Mas é preciso esmiuçar: não querer abrir mão significa fazê-lo contra a vontade de quem lá vive? Penso que na ideia de Salazar, não. Daí ele dizer que as independências eram fenómeno natural.

Nesse caso, atribuir a independência, imediatamente ou prazo, só poderia ser encarado como resultado de pressão estrangeira, e não como expressão dos superiores interesses do país.

O caso seria, à partida, fácil de destrinçar: bastaria para tanto consultar as populações; recorrer à auto-determinação. Mas aqui entra a manha diplomática: estariam os estrangeiros, americanos incluídos, realmente interessados em saber tal coisa? Salazar achava que não. E eu também acho e acha toda a gente que não é ingénua, parece-me.

Portanto, de nada adiantaria a consulta porquanto só seria reconhecida se nos fosse desfavorável, caso contrário serviria ainda para nos atacar dizendo que se haviam manipulado resultados.

Devido à inépcia americana, o Governo limita-se a afirmar o óbvio: se a questão, como a punham os americanos, era o consentimento dos governados, e sendo aquele, como sempre fora, território português (e não colónias), o problema estava resolvido pela mera existência de eleições regulares e constitucionalmente garantidas.

Os americanos, por sua vez, conscientes da falha na sua argumentação, tergiversam e propõem um prazo para a "auto-determinação", como quem diz: pronto, não querem fazer a consulta agora, prometam ao menos que a fazem daqui a x tempo.

Retornamos ao essencial: o resultado da putativa consulta, no caso de ser desfavorável à independência, valeria de alguma coisa? Admitindo-se que não valia, como se justificava fazer um acordo que nos era, à partida, desfavorável? Admitindo que se justificava, como recusar posteriormente outros acordos que, sem dúvida, nos seriam igualmente ou mais ainda desfavoráveis? É esta a rampa inclinada de que falava Salazar ou o "perder o controlo" a que se referia Caetano.

O prazo é, assim sendo e isso sim, uma forma ardilosa que os americanos encontraram de contornar a questão nos termos deficientes em que eles próprios a formularam.

muja disse...

Mas, se calhar, nem assim vamos ao essencial, porque o essencial aqui pode ser outra coisa: entender se aqueles territórios eram ou não parte integrante de Portugal e se as pessoas que lá viviam poderiam tomar parte nele e ser portugueses como os outros.

Por outras palavras: independentemente das designações, para cada um de nós, eram aqueles territórios províncias ou colónias? Queremos, ou quereríamos, que aquelas pessoas fossem portuguesas ou não?

Neste caso cada um fala por si. Por mim, quereria que fossem. Afinal de contas, acabam por sê-lo hoje em dia, pior que antes, e em fracção ínfima do território.

Mas se é esse o caso então deve afirma-se frontalmente.

josé disse...

Como se costumava dizer, fique lá com essa bicicleta.

Por mim, já percebi o que queria saber e não é isso que diz. É outra coisa mais curiosa ainda.

josé disse...

Quando as pessoas se apercebem que podem perder a razão agarram-se a algo que lhes parece sólido.

Mas pode não ser...

O Mito de Portugal que vinha da Idade Média não deveria ser retomado como foi no séc. XVII e repristinado durante o consulado de Salazar.

Há ali qualquer coisa de artificial que procura apenas um sustentáculo para defender um isolamento que muitos perceberam a tempo que era impossível de manter durante muitos anos, com proveito para os nossos interesses mais profundos. Até mesmo desse Mito.

BELIAL disse...

A VIDA DÁ TANTA VOLTA...

http://www.dn.pt/inicio/interior.aspx?content_id=994270&page=-1

O 'MENINO DE OURO' DE DIAS LOUREIRO

por

JOÃO PEDRO HENRIQUES01 julho 2008Comentar

Sócrates. 'O Menino de Ouro do PS', biografia do primeiro- -ministro da autoria da jornalista Eduarda Maio, foi ontem lançada em Lisboa. Dias Loureiro, ex-ministro do PSD, conselheiro de Estado designado por Cavaco, multiplicou-se em elogios a Sócrates e ao seu "optimismo, que faz bem a Portugal"

Loureiro acha que optimismo do PM faz bem ao País

Manuel Dias Loureiro, empresário, "barão" do PSD, conselheiro de Estado indicado pelo Presidente da República, mais parecia, ontem, um fervoroso militante socialista.

No lançamento de uma biografia de José Sócrates da autoria da jornalista Eduarda Maio, sob a chancela da Esfera dos Livros, o ex-ministro elogiou a autora do livro ("uma investigação exaustiva" que é "fácil de ler") mas em relação ao próprio biografado foi verdadeiramente hiperbólico. Fez inclusivamente "sombra" ao outro apresentador da obra, esse sim portador de cartão de militante do PS, o ex-ministro e ex-comissário europeu António Vitorino.

Dias Loureiro declarou-se "emocionado" com o "lado dos afectos" retratado na biografia (intitulada "José Sócrates - O menino de ouro do PS"), sobretudo na parte em que a autora referiu a ligação do líder socialista à aldeia transmontana onde nasceu há 50 anos, Vilar de Maçada. "Há duas coisas que não podemos escolher: os nossos pais e a terra onde nascemos. Temos a obrigação de respeitar essa herança, amá-la e transmiti-la", afirmou.

Mas Dias Loureiro elogiou também as características políticas de Sócrates. Por exemplo, a sua "atenção aos detalhes". "Só quem está atento aos detalhes pode fazer grandes coisas. Essa é uma característica dos grandes homens." Elogiou-lhe também a "sensatez" e a "prudência" e ainda o seu "optimismo": "O optimismo de Sócrates faz muito bem a Portugal".

O outro apresentador, o dirigente socialista António Vitorino, sublinhou o "risco" de escrever uma biografia de um político ainda no activo - sendo portanto lida à luz das "paixões" que o biografado provoca. "Um livro destes é muito raro", sublinhou, salientando ao mesmo tempo a pouca tradição portuguesa das biografias.

Vitorino referiu Sócrates como o primeiro chefe do Governo pós-25 de Abril "totalmente formado" depois da Revolução, enfatizando também que o líder socialista, nas declarações que fez a Eduarda Maio sobre aspectos da sua vida pessoal e familiar, "deu pela primeira vez o passo para o outro lado da fronteira" - ou seja, rompeu com o hábito que tem mantido de manter essa parte da sua vida fora do escrutínio público.

Sócrates, no seu entender, "é um político moderno". E domina três aspectos essenciais da acção política moderna: "É um bom comunicador - e só é um bom comunicador quem tem algo para comunicar; é um profissional porque está focado nos resultados; e não tem uma concepção fixista dos valores". Encerrou a prelecção dizendo ter ficado com uma dúvida: afinal Sócrates tem ou não prazer em "vitimizar telemóveis"? O livro não esclarece. "Ficará para uma autobiografia." Talvez.|

josé disse...

A ressurreição de D.João IV não aconteceu. E D. Sebastião não voltou jamais do reino do Desconhecido.

E o Quinto Império foi-se com os quintos.

Para que precisávamos nós de um V Império, a seguir ao britânico?


Para sermos maiores que eles? Bastaria termos um olho numa terra de cegos...

zazie disse...

Sim; os nossos interesses eram mais profundos que esse mito.

Perdeu-se mais por causa disso.

josé disse...

Quando penso nisso sou forçado a cogitar que Salazar não foi genial. Foi apenas rural. E sendo fantástico que assim fosse e nos tivesse livrado de algumas encrencas magnas ( as bancarrotas que evitou e a participação na II Guerra que afastou) tem essa faceta paradoxal de pretender que seríamos grandes na nossa pequenez paroquial de conceitos muito afinados pela aurea mediocritas.

josé disse...

Veremos a seguir o que diziam os seus inimigos que foram do regime e não eram comunistas...

O Público activista e relapso