segunda-feira, maio 30, 2016

Afinal, o regime de Salazar e Caetano não foi tão mau como o pintam...




O Público de ontem trazia uma página muito interessante sobre um estudo do ICS da Universidade de Lisboa acerca da "Memória da Oposição e Resistência ao Estado Novo".  O estudo tem uma parte de inquiridos com uma média de idades de 70 anos e 80% são homens. Vale o que vale, portanto. Diz o artigo que haverá uma segunda parte no final deste ano e que as autoras ( Filipa Raimundo, Sofia Serra da Silva e Joana Morais, doutorandas pela certa e com a ideia certa do antifassismo primário) tentam encontrar mais "vítimas da repressão". A tal que era fassista...

As conclusões foram tão frustrantes que o estudo ficou relegado para uma página interior e mais ninguém ouviu falar no assunto. A conclusão mais arrebatadora para o Público é a que mostra termos ainda " vítimas do Estado Novo contra símbolos da ditadura":  72% dos inquiridos que são precisamente as tais supostas vítimas assim acham, ajuizando em causa própria sem problemas de consciência ética ou de metodologia para as autoras.

Porém, entre "o público em geral" que foi inquirido, para além destas vítimas,  houve uma questão que foi respondida em modo singular e que mereceu um destacado desinteresse do Público quando mereceria a primeira página:  sobre os aspectos positivos e negativos daquele regime fassista, enquanto as supostas vítimas dizem numa percentagem de 94% que teve mais coisas negativas que positivas, as demais pessoas acham em percentagem de 47,2% que foi mesmo negativa. Mas há 21,2% a pensar o contrário e 31,5 a dizer que os aspectos se equivalem, o que significa uma maioria da população em geral a pensar que o regime fassista não foi tão mau como o pintam os antifassistas.

Isto é tanto mais curioso quanto durante os últimos 40 anos não houve uma vivalma do jornalismo caseiro a dizer tal coisa. Nem uma pessoa só se atreve a ir à televisão dizer que o regime de Salazar e Caetano, o dito Estado Novo que depois se trasmudou em Estado Social que muitos esquecem de propósito, foi um bom regime e que trouxe mais coisas positivas que negativas. Pois eu digo porque já o tenho dito, mas quem o disser em Público ou na tv está mediaticamente tramado. Era assim nos regimes de Leste que estas pessoas acalentaram como esperança do "nosso povo". Ninguém se atrevia a falar mal do regime sob pena de prisão. Por cá, no tempo de Salazar e Caetano se o fizessem em modo subversivo acontecia-lhes o mesmo, mas se formos a ver as penas e as condições de prisão, é capaz de existirem diferenças significativas. Soljenitsine e outros como Sakharov explicaram isso muito bem mas nós por cá não lemos porque os Públicos acham que tal não interessa para nada.

 
Impressiona-me contudo que uma maioria de pessoas tenham ainda uma boa ideia do que foi o regime anterior, sem a liberdade democrática de hoje, muito estropiada, mas com uma liberdade individual maior que hoje. É paradoxal? É, mas apenas para os comunistas e esquerdistas extremados. O que sucedeu no Leste depois da queda do Muro foi igual: as pessoas sabiam que o regime de propaganda era mentiroso, essencialmente. Tal como o que temos por cá, hoje em dia. E as pessoas em geral não são tão estúpidas como quando votam na Esquerda que as engana.

Era sobre este fenómeno que as jornalistas do Público deveriam reflectir e julgar. A directora é inútil. Sendo filha de vítima do fassismo não tem equidistância para o juizo de valor. E tem revelado um sectarismo esquerdizante atroz e irremediável.

Questuber! Mais um escândalo!