Luís Campos e Cunha foi ministro das Finanças de José Sócrates durante alguns meses. Demitiu-se por razões que são públicas e agora poderão ser melhor avaliadas.
Público de 21.7.2005:
As dúvidas do ex-ministro das Finanças sobre os investimentos públicos levaram Sócrates a decidir-se pelo seu afastamento. O artigo escrito no PÚBLICO do passado domingo foi considerado um acto de falta de solidariedade com o resto do Governo, ao pôr em causa projectos como a Ota e o TGV. Teixeira dos Santos é o novo ministro de Estado e das Finanças. O artigo escrito no PÚBLICO no passado domingo está na origem do afastamento de Luís Campos e Cunha do Governo. As dúvidas do ex-ministro sobre projectos como a Ota e o TGV, aliás repetidas na terça-feira no Parlamento, levaram José Sócrates a decidir-se a suster as divisões no Executivo, provocando o pedido de demissão de Campos e Cunha.
RTP, em 21.7.2005:
(...)
Os partidos da oposição reagiram sem grande surpresa, face às recentes polémicas em que o titular da pasta das Finanças se envolveu, nomeadamente o artigo de opinião, publicado domingo no Público, em que sustentou que o crescimento económico depende da qualidade e não da quantidade de investimento público, dando como exemplo o caso da Suécia.
E após José Sócrates ter garantido a construção do aeroporto da Ota e das linhas de comboio de alta velocidade (TGV) Lisboa/Madrid e Lisboa/Porto/Vigo, Luís Campos e Cunha sustentou, terça-feira, no Parlamento, que se tratava de projectos ainda em avaliação.
Campos e Cunha foi um ministro controverso, mesmo antes de tomar posse, em Março, ao admitir uma subida de impostos, contrariando o discurso da campanha do líder do PS, José Sócrates.
Luís Campos e Cunha é dos poucos socialistas que podem e devem ser ouvidos a propósito de assuntos económicos relacionados com a política geral do país.
Numa entrevista à revista trimestral Risco ( Agosto -Outubro 2016) diz assim:
Se a opinião de Campos e Cunha tivesse sido respeitada em 2005 nunca teríamos a bancarrota de 2011, apesar das crises económicas internacionais que agora servem de alibi a quem não sabe mais o que justificar.
E nunca teríamos uma "operação Marquês", com os contornos conhecidos...o que permite concluir que a opinião de uma pessoa, se seguida , pode fazer toda a diferença num país a sério.