terça-feira, maio 15, 2018

João Cravinho, o apitador que via os combóios passar

João Cravinho, um dos notáveis do PS, está lá desde sempre e ajudou sempre a consolidar equívocos económicos desde a primeira bancarrota.

foi aqui dito porquê:

Em 1974 era assim e a leitura do livro de Rosado Fernandes ajuda a compreender melhor as ideias de caca destes indivíduos tidos por muito sabedores. Em dois tempos, num andamento de alguns, poucos meses, destruíram o essencial do tecido económico português, com as nacionalizações e ocupações de terras. Este foi um dos arautos:


Em 1976, em plena bancarrota não tinha mudado de ideias:


 Em 1983, depois de nada ter aprendido com a primeira bancarrota, achava que a segunda se evitaria com "novos empresários" criados de raiz.

Expresso 12.3.1983:



Cravinho, a par de Constâncio,  é um dos maiores bluffs da política portuguesa e tentei perceber porquê, aqui.

Contudo, Cravinho tem sido ao longo das décadas um dos whistleblowers mais notórios, entre o pessoal dos partidos, a anunciar os perigos da corrupção. Nisso só é batido pela passionária Maria José Morgado.
Cravinho apita é quase sempre fora de horas e fica por isso, por umas assobiadelas para dizer que  vê os combóios passar...
Cravinho, pela posição que tinha no PS estaria em condições de travar esses combóios, mas nada fez por isso de consequente.

Ficou-se sempre por isto:

Público 13.10.1998, tempo de Guterres. Um pacote sem efeito algum.


Cravinho quando teve oportunidade concreta de fazer alguma coisa, fez nada de nada. Antes, fez ainda pior porque desmantelou um cóio de corrupção ( a JAE) e ajudou a criar um monstro, como se veio a demonstrar com as PPP´s e o que se passou no tempo de Sócrates.

 Assim, como explicava o general Garcia dos Santos, em 24.4.2012, numa entrevista ao jornal i e que em 2009 já tinha sido referido. Muito a tempo de parar a loucura Sócrates que estava instalada e conduziu a outra bancarrota, em 2011:

Quer outro exemplo? As auto-estradas, as Scuts. Eu tive uma conversa com o engenheiro Cravinho em que ele me disse que ia pôr a funcionar as Scuts. Eu disse: “Ó senhor ministro isso é um tremendíssimo disparate!”. A Scut é uma invenção inglesa, ao fim de pouco tempo os ingleses puseram aquilo completamente de parte, por causa do buraco que era previsível. Mas disse-me que o assunto estava exaustivamente estudado sob todos os aspectos, técnico, financeiro. Está à vista o buraco que são as Scuts.
Jornal i- E as PPP?
Garcia dos Santos- É a mesma coisa.
Jornal i-Quando saiu da JAE denunciou uma situação generalizada de corrupção. Acha que as PPP também se integram nessa situação? O Tribunal de Contas diz que houve contratos que lesaram o interesse público...
Garcia dos Santos-Tem que se admitir a possibilidade de haver ali corrupção, e da forte. Como é que se atribui a uma determinada entidade certos privilégios que não seriam naturais? É porque se calhar há alguém que se locuptou com alguma coisa. Infelizmente, outra coisa que funciona mal no nosso país é a justiça. Nunca chega até ao fim.

Jornal i- Foi colega do eng. João Cravinho no Técnico…
Garcia dos Santos-Foi por isso que ele me chamou para ir para a Junta. Sabe o meu feitio e quis que eu limpasse a casa.

Jornal i-Mas o que é que aconteceu? O eng. João Cravinho chama-o para limpar a casa, o senhor limpa, e depois zangam-se. O que se passou?
Garcia dos Santos-Fomos colegas no Instituto Superior Técnico. Houve um jantar de curso e nesse jantar o Cravinho a certa altura chama-me de parte e diz: “Tens algum tempo livre?”. E eu disse: “Tenho, mas porquê?”; “Eu precisava de ti para uma empresa”; “Que empresa?”; “Agora não interessa, a gente daqui a uns tempos fala”. Passado uns tempos chamou-me e disse-me: “Eu quero que vás para a Junta Autónoma das Estradas, mas não digas a ninguém que o gajo que lá está [Maranha das Neves] nem sonha”. O Cravinho deu-me os 10 mandamentos do que eu precisava de fazer na Junta, limpar a casa, obras que era preciso fazer, etc. Entretanto, comecei a conhecer a casa, dei a volta ao país todo e um dia disse-lhe: “Há aqui uma série de coisas que é preciso fazer e há 11 fulanos que é preciso pôr na rua”. Ele retorceu-se, chamou-me daí a dois dias, disse que era muito complicado. O problema é que era através de uma das pessoas que eu queria pôr na rua que passava o dinheiro para o PS.

Em 2015 voltou a apitar forte e feito, numa entrevista ao Público em que dizia o mesmo que agora diz: que José Sócrates impediu a aprovação pelo Parlamento, do seu famoso pacote anti-corrupção, outra das acções frustradas do apitador.


Na altura, escrevi assim:

Em resumo: em 2006 tentou outra vez o pacote anti-corrpução que já tinha tentado vinte anos antes ( !), sem grande sucesso. E voltou a não ter sucesso.
Denunciou tal coisa devidamente? Bateu fragorosamente com alguma porta e com ruído que o país ouvisse? Qual quê!

A notícia é da TSF de Janeiro de 2007:

João Cravinho foi nomeado pelo Governo administrador do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento, em Londres. O deputado promete que, antes de abandonar o Parlamento, vai deixar definido o pacote anti-corrupção.

Portanto agora sabe que afinal quem contribuiu para a sua nomeação para o tal BERD ( onde foi ganhar o que nunca ganharia como governante ou deputado) era mesmo uma das forças da corrupção ambiente e  de alto coturno mas continua na mesma e sem o dizer claramente, deixando nas entrelinhas tal afirmação. Sempre o mesmo corajoso, na luta contra a corrupção, este Cravinho. Garcia dos Santos é que o topou bem...

Sobre o pacote anti-corrupção foi um ar que se lhe deu e Cravinho estava longe, não sentindo o fedor. Diz que sente agora...


Este "agora" referia-se a 2015.

Passados três anos volta a dizer coisas, aproveitando a onda de indignação postiça que assola este PS de que Cravinho faz parte e a quem deve toda a boa vidinha que levou ao longo dos anos.

Este Cravinho, mai-la Morgado quando podem fazer algo, apitam...

Questuber! Mais um escândalo!