domingo, junho 10, 2018

Portugal dos pequenitates

Este artigo de Helena Matos  no Observador representa um salto qualitativo na análise do que foi o nosso passado histórico e o modo como se conta esse passado.

Helena Matos fala do Museu de Arte Popular que está fechado pela Censura democrática que substituiu a que existia quando o museu foi criado e diz o fundamental que por aqui tento desvendar: algo que  "não pode ser não por aquilo que foi no Estado Novo mas sim por aquilo que mostra do que não conseguimos ser na democracia."

É exactamente isto que sucede actualmente em Portugal : quem fala mais no Estado Novo para vilipendiar esse tempo são os incapazes de fazer melhor do que então foi feito. A Esquerda em geral, ou seja os frustrados e falhados de sempre. Os capados e eunucos da História. O Portugal que nos contam é o da sua versão de pequenitates da História ideologicamente importada e das ideias feitas de inveja e despeito. Querem agora ser grandes e esconder os que o foram verdadeiramente porque não os suportam. 
Alguns deles estão aqui nomeados...


(...)

Este museu existiu durante décadas e fechou não por falta de público mas sim por razões ideológicas: o Museu de Arte Popular sofria do pecado original de não só ter nascido durante o Estado Novo como, segundo o auto-de-fé ideológico que lhe ditou o fim, de ser um produto da propaganda do salazarismo. E portanto de nada valia a importância do seu acervo. Milhares de peças em que se contam arados, cabanas de pastores, teares, barros, linhos, bonecos de Estremoz, as estranhas figuras saídas das mãos de Rosa Ramalho, cestos, carros chorriões do Alentejo… tudo isso que não precisou de António Ferro para existir foi encaixotado e armazenado porque, nos idos dos anos 40 do século passado, o Secretariado da Propaganda Nacional transformou o que tinha sido uma secção da Exposição do Mundo Português no Museu de Arte Popular.

(...)

 Ironicamente, tendo nascido enquadrado na propaganda do Estado Novo, o Museu de Arte Popular foi condenado à agonia e depois à morte porque os senhores da nova propaganda, mais do que não tolerarem um símbolo do Estado Novo, o que não suportavam era precisamente o que esse museu transmitia sobre a capacidade de comunicar. O Museu de Arte Popular tornou-se no museu que não pode ser não por aquilo que foi no Estado Novo mas sim por aquilo que mostra do que não conseguimos ser na democracia.

Até me admiro como este museu vivo e ao ar livre ainda não foi reciclado por causa daquilo que representa...





 Imagens retiradas da net, algumas do site indicado.

Questuber! Mais um escândalo!