segunda-feira, agosto 20, 2018

Portugal, vá-vá conhecê-lo!

Para conhecer o que foi Portugal, e portanto o que é, nas últimas décadas, parece interessante lidar com alguns factos, acontecimentos, memórias, imagens e pessoas. Não muitas porque o povo em Portugal, a "pôba" como se dizia dantes ( José Hermano Saraiva) , conta pouco.
Essa "pôba" não é tão estúpida e iletrada como se poderia pensar e traz um saber acumulado de séculos de convivência sob a mesma bandeira, religião e costumes, por muito que variem com os tempos.

Porém, para conhecer as diversas flutuações sobre o modo como aparece quem manda no país, ou seja quem tem poder e influência, torna-se ainda mais interessante ver e relacionar factos e acontecimentos que se vão sucedendo sucessivamente sem cessar.

Ontem morreu em circunstâncias inopinadas, em férias no estrangeiro de Ibiza, um português, Pedro Queiroz Pereira, descendente de família que há décadas tem poder e influência no país. Não me interessa aqui enunciar como tal poder se construiu e aconteceu, mas para o entender será necessário ler uma biografia recente do mesmo, bem como alguns volumes, poucos que me parece poderem ser estes:



As notícias e obituários do Público e Correio da Manhã começam assim:


O "Ataque aos milionários" sumaria o que era a família Queiroz Pereira, antes e depois de 25 de Abril de 1974, altura em que foram corridos do país por força das nacionalizações da estrutura produtiva privada. defendida por comunistas e socialistas, com aplauso implícito de sociais-democratas, como Sá Carneiro, inclusivé.



Em resumo: Pedro Queiroz Pereira fazia parte de uma família que antes de 25 de Abril de 1974, sob o regime de Salazar e Caetano, tinha dinheiro, investia em unidades produtivas em modo capitalista e contribuía de forma acentuada, como o faziam outras quatro dezenas de famílias, neste pequeno Portugal que então não se envergonhava dos capitalistas que tinha e os apoiava, até politicamente.
As razões para tal estão explicadas em diversos livros, por aqui citados de vez em quanto e que têm a ver essencialmente, com o modo como o regime entendia a economia de um país e a forma mais adequada de produzir riqueza.

A par disso havia no mesmíssimo Portugal um grupo restrito de indivíduos que se ligou aos ideias de uma esquerda comunista e depois socialista que defendiam outra coisa: a nacionalização dos principais meios de produção e assimilavam os referidos capitalistas a um fascismo que identificavam com Salazar e Caetano.

Esse grupo restrito de indivíduos, poucas dezenas ou centenas até, entendiam que o regime era nocivo porque não lhes dava liberdade para exprimirem tais ideias peregrinas que vinham directamente dos sistemas políticos do Leste europeu, dos países comunistas e depois do norte da Europa, de países que tinham enriquecido com o capitalismo e podiam dar-se ao luxo de serem social-democratas, ou seja, mais atentos a questões sociais e a maior equiparação entre ricos e pobres.

Essa utopia, toda baseada em saber livresco e pouco mais, redundou num fracasso gigantesco, em Portugal. Tal equívoco ou "embuste" como lhe chamou um dos seus promotores mais notórios ( Mário Soares, quando o comunismo ruiu com a queda do Muro de Berlim) alimentou esperanças e continua a alimentar ilusões na agora geringonça e o que mais adiante se verá.

Para entender quem eram esses utópicos que falharam todos os seus objectivos menos o de conceder liberdade a tais ideias peregrinas, abafando outras que se lhe opõem radicalmente, como são as ideias de extrema-direita a quem censuram actualmente e sempre que podem, mostro aqui algumas imagens. A primeira do i de hoje, num artigo nostálgico de um desses utópicos:



Num livro já antigo ( 2012) e a propósito de uma fota, mostra-se o retrato da aristocracia da Esquerda portguguesa, a que se julga superior e é mais nefasta que a erva daninha.


Estes desgraçados ideológicos, alguns já falecidos e agora sem eira nem beira, fizeram parte da elite que dominou a cultura, a informação e a intelligentsia do país nas últimas décadas e foram os responsáveis directos da ruína económica que se sucedeu a 25 de Abril de 1974 e ao actual status quo.

Para o provar ando há anos a escrever neste blog. É um dos meus leit-motiv, aliás. 

Entre Pedro Queiroz Pereira e qualquer um destes ( mesmo um tal Mário Lino que agora vende pernil para a Venezuela de Chavez e Maduro) a escolha para mandar na economia, parece óbvia. Mas a "pôba" não tem entendido assim, tal e qual. 
 E essa é outra das razões porque ainda escrevo aqui: para perceber porquê e como é que isto sucedeu nas últimas 4 décadas.

Sem comentários:

O Público activista e relapso