segunda-feira, abril 15, 2019

Deus existe para quem tem fé e para quem não tem.


Na sequência da publicação da carta-encíclica de Bento XVI, do passado dia 10.4.2019, a que certos jornais tidos como referência votaram um desprezo absoluto ( o Público e o Expresso nem uma linha lhe dedicaram que tivesse visto), só apanhei este comentário de um médico católico, no Observador.

Este fenómeno diz tudo do estado em que nos encontramos culturalmente já para não dizer religiosamente.
Os jacobinos ganharam a partida da influência mediática e o ateísmo é a regra a seguir tendo Portugal, uma nação fidelíssima aos ideiais cristãos, desde sempre, ou seja desde o dealbar da nacionalidade, abandonado tais referências na esfera pública da vida dos cidadãos.
É provável que uma sondagem diga a tais jacobinismo militante que continuamos a ser um país de maioria católica, mas é precisamente isso que pretendem destruír, começando por ignorar tal situação  social.

Em 2001, a Wiki diz-nos que era assim e não deve ser fake news:

A Igreja Católica em Portugal, segundo os Censos efetuados no ano de 2001, 7.353.548 de pessoas, ou seja, cerca de 90% da população portuguesa, identificaram-se como católicos.[1] Mas, segundo um estudo da própria Igreja Católica (também de 2001), dentro destes 7,3 milhões de fiéis, somente 1 933 677 de católicos (19% da população total) realizam a prática dominical católica, vulgarmente designada por missa dominical, enquanto que o número de comungantes fixa-se nos 1 065 036 de católicos praticantes (10% da população total)[2]


Não é crível nem plausível que passados quase vinte anos a percentagem tenha baixado para níveis muito inferiores, mas segundo os media de referência o catolicismo em Portugal nem existirá, sendo um assunto "privado" de alguns, como diz o Papa Emérito. 

Como é que estas coisas aconteceram? Também o Papa o disse: a partir dos anos sessenta a própria Igreja Católica foi fraquejando na doutrina e foi aceitando um relativismo moral, sem princípios de firmeza absoluta contra o Mal. 

Pope John Paul II, who knew very well the situation of moral theology and followed it closely, commissioned work on an encyclical that would set these things right again. It was published under the title “Veritatis splendor” on August 6, 1993, and it triggered vehement backlashes on the part of moral theologians. Before it, the “Catechism of the Catholic Church” already had persuasively presented, in a systematic fashion, morality as proclaimed by the Church.

I shall never forget how then-leading German moral theologian Franz Böckle, who, having returned to his native Switzerland after his retirement, announced in view of the possible decisions of the encyclical “Veritatis splendor” that if the encyclical should determine that there were actions which were always and under all circumstances to be classified as evil, he would challenge it with all the resources at his disposal.

It was God, the Merciful, that spared him from having to put his resolution into practice; Böckle died on July 8, 1991. The encyclical was published on August 6, 1993 and did indeed include the determination that there were actions that can never become good.


Este assunto do ateísmo militante, em Portugal também já ganhou foro de cidade e doutrina principal que servindo-se da Constituição atenta contra os princípios da liberdade religiosa, um direito fundamental.

O mesmo pasquim jacobino que nem noticiou a carta-encíclica deu relevo importante ao facto recente de alguns ateus questionarem o direito das escolas mandarem celebrar missas no fim do período escolar da Páscoa. E tiveram mesmo o topete de declarar tal iniciativa como "inconstitucional". 
O principal motivo de acusação a Neto de Moura foi o simples facto de o mesmo ter citado a Bíblia num acórdão, sem quererem saber em que circunstâncias concretas o fez. 

Como é que isto começou? Precisamente nos anos sessenta, no final, por influência maçónica e jacobina. 

Esta reportagem comemorativa é do Correio da Manhã de ontem:


Estes estudantes de maçonaria e ateismo militante, que depois vieram a instituir as suas madrassas onde regem cadeiras ideológicas hoje em dia, no ISCTE, na Nova e no CES de Coimbra, para só citar algumas, começaram então o percurso de ataque à Igreja Católica e descristianização progressiva.
Já chegaram ao ponto de questionarem aquele direito a participar em missas, com alunos de escolas públicas. O jacobino-mor, Vital Moreira, em tempos questionou o direito de o patriarca de Lisboa estar presente em cerimónicas oficiais, como a abertura do ano judicial e lutou para se retirarem todos os crucifixos das escolas.

Este terrorismo tem antecedentes tão antigos, em Portugal e lá fora que começaram com a própria Revolução Francesa.
A revista francesa Valeurs Actuelles  em número especial deste mês, mostra que essa Revolução foi além do mais uma revolta contra a Igreja Católica e o poder aristocrático do "ancien régime".


Em Portugal, no tempo do Marquês foi igual...

Nos anos sessenta lembro-me de ver nos escaparates de livrarias, aí há cinquenta anos este livro, aqui na segunda edição de 1970:


Este livro que nunca li incomodava-me porque questionava a minha Fé em Deus. Ao mesmo tempo começavam a sentir-se os efeitos do Concílio Vaticano II que transformou o rito antigo nas igrejas católicas de modo radical: as missas deixaram de se celebrar em latim e o padre celebrava virado para a assembleia dos crentes.  Contudo a transformação foi gradual e lembro-me de ainda no final dos anos sessenta e início da década seguinte,  assistir a missas em latim e até ajudado em algumas delas, como acólito.

Em Agosto de 1969 a revista Vida Mundial dava uma capa ao filósofo desse livro que tinha sido publicado originalmente em 1957. O desenho simbólico, na capa, mostrava o sinal identitário dos "hippies"...coisa passada nos EUA um par de anos antes mas que chegava cá com o atraso do costume e já completamente desvirtuado.




As transformações culturais e artísticas do final dos sessenta e início dos setenta, com a música popular, os Beatles e outros, a arte, os costumes e a moda foram determinantes para uma mudança profunda. Deus  deixou de estar na praça pública como antes estava. A Constituição de 1976 expurgou qualquer veleidade de incluir Deus como referência fosse do que fosse. Na Alemanha, como escreve o Papa Emérito não se chegou a tanto, mas a Constituição Europeia, os tratados esmeraram-se nesse efeito deletério da presença de qualquer Ente Divino, afastando a História da Europa da construção de uma união europeia.
O ateismo e o jacobinismo venceram mais uma vez, a seguir a 1789? Não tenho por certo que isso seja um facto. Veremos.
Só algumas décadas mais tarde vi uma resposta a estes problemas que contendem com uma coisa muito simples: Dio esiste?

A pergunta foi colocada na capa desta revista em 2003, publicando um debate do ano 2000, com a pergunta fulcral a que o então cardeal Ratzinger respondia:





Evidentemente esta revista e este debate foi completamente ignorado em Portugal. Para a imprensa ateia e jacobina Deus não existe e ponto final.

Um artigo de Henrique Raposo no Expresso desta semana deixa uma perspectiva interessante sobre a existência de Deus: não há respostas racionais para os fenómenos da Natureza mais recônditos e antigos, com milhões e milhões de anos. A pergunta que se pode fazer é sempre a que questiona o que havia antes do princípio. E no Princípio era o Verbo, diz a Bíblia...

Nem sequer há explicação cabal para iste:



A razão de Raposo:

Esta ausência de Deus, este jacobinismo e ateismo,  cria depois  fenómenos como estes, relatados na Marianne desta semana:


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