Esta notícia na capa do Público de hoje é falsa. Porque o sujeito da oração induz em erro o leitor. E o efeito de redigir assim este título não pode ter sido meramente negligente mas sim doloso, querido por quem o fez para passar uma ideia simples: os juízes em geral vão ganhar mais que o PM. Como se tal fosse algo esquisito ou bizarro.
O título da notícia é desmentido logo a seguir com o acrescento de "juízes dos tribunais superiores" mas tal não chega para ilibar o chico-espertismo da "cacha".
O título de um jornal serve para o leitor que passa no quiosque ler. O Público vende muito poucos exemplares e cada vez menos, mas este género de títulos torna-o um jornal nocivo e veículo de fake news. Uma boa parte dos leitores que passam e olham nem reparam que só uma pequena parte dos juízes poderão, poderão... vir a ganhar mais que o primeiro-ministro, mas nem sequer tal facto é verdadeiro.
O primeiro-ministro ganha o salário-base e tem direito a mais um tanto que não é pouco, de despesas de representação e ainda tem direito a transportes de graça, com onze motoristas ao dispor; refeições por conta do Estado quase sempre e todos os dias, nos melhores restaurantes e ainda outras alcavalas que o tornam um funcionário do Estado, na função política, com um salário que no seu total não deve andar longe do dobro do de um juiz de carreira, contabilizando tudo isso. Se assim não fosse não compreendo como é que o antigo primeiro-ministro e depois presidente da República Mário Soares amealhou em dinheiro uma fortuna de centenas e centenas de milhar de euros, eventualmente milhões, tal como foi noticiado há pouco pela Sábado.
O director do Público deve saber disto e se não sabe é grave. Se sabe e permite títulos destes é ainda mais grave.
Por seu turno, o presidente da ASJP a este respeito já veio a terreiro com uma explicação algo pífia: deveria explicar o que a própria ASJP descobriu quando exigiu e obteve por ordem dos tribunais, o verdadeiro pecúlio que os titulares de poder político executivo ganham, os cartões de crédito a que têm direito, etc etc. Não. Fez apenas menção ao facto, verdadeiro , de o estatuto dos magistrados desde 1990 ter sido letra morta relativamente a estes assuntos. Não chega para calar o Público.
É preciso denunciar as manobras nítidas de deslegitimação do poder judicial em que está empenhado Manuel Carvalho, director do Público. Por razões que só o mesmo saberá e que o levam a dirigir o jornal como se fosse um pasquim. Como tem sido.
Para se ver o efeito de réplica deste tipo de notícias, objectivo fatal das mesmas e efeito letal para a objectividade e verdade jornalística, veja-se este artigo do Observador e respectivos comentários...
Nem com mais cem comunicados do género a ASJP vai conseguir repor a verdade.
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