sábado, março 06, 2021

O elogio do totalitarismo e do partido com passado, no Público

Alguém já se atreveu a ler o programa ideológico do PCP, dos valores que apregoa e dos heróis que celebra?  

Haverá alguém que tenha dúvidas sobre o carácter intrinsecamente anti-democrático do PCP de tal modo que será mesmo inconstitucional, como ideologia totalitária e face aos critérios da própria lei constitucional?  

São perguntas retóricas  porque afinal de contas há muita gente que considera o PCP um partido "como os outros" sendo já centenário, por aldrabice diacrónica. 

As comemorações da aldrabice  prosseguem por todo o país com um despudor monstruoso e que autorizou o Partido a embandeirar em arcos em todas as cidades do país, com bandeirolas festivas a vermelho vivo e foice com martelo estampados. 

Só nos anos 40 o PCP logrou ser um partido comunista regular de cânone soviético porque antes era uma amálgama ideológica esquerdista e infantil, como diria o próprio Cunhal, mas ainda assim dá jeito proclamar o falso centenário. 

O Público é o jornal que dá maior destaque mediático à efeméride aldrabona e embandeira também com artigos de fantasia como se pode ler, vindos de fontes que já nem são insuspeitas porque se tornam patéticas: 



Este até deseja "longa vida" a esta palermice ideológica o que denota que perdeu bestunto  ou anda com demasiados neurónios adormecidos. 



Importa perceber a razão desta insensatez e desmioleira ideológica e não é difícil descortinar razões, embora seja inacreditável como é que estas pessoas conseguem ultrapassar factos, realidades e acontecimentos para elogiar um partido que não tem lugar na democracia a não ser em situação ultraminoritária e portanto capado da potencialidade de totalitarismo e anti-democracia militante  que congrega em si mesmo, com métodos de repressão social de massa e amputação grave das liberdades fundamentais de qualquer cidadão desviante à norma e ortodoxia ideológicas. 

O PCP antes de 25 de Abril de 1974 era um movimento político clandestino e com muito poucos militantes ou mesmo simpatizantes e isto parece um facto indesmentível, com uma nuance: muitos dos militantes e simpatizantes anichavam-se nos sítios onde paravam intelectuais, como jornalistas e professores de academia do ressentimento. Daí a ilusão de valerem mais do que valiam, em modo eleitoral e por escolha popular. 

A primeira vez que tal escolha se tornou livre, em 1975, o PCP teve cerca de 12% dos votos expressos e nunca mais teve números que superassem tal representação. Entronizou sempre Lenine, Estaline e o comunismo soviético, fazendo do marxismo a bíblia de sempre. 

Não obstante,  durante esse ano o PCP procurou dominar o sistema político nacional, tomando o poder, infiltrando-se nas Forças Armadas e tentando um golpe de Estado que falhou em 25 de Novembro de 1975, a ponto de se ter ponderado a ilegalização do Partido, sem rebuço ou tergiversações. Quem lhes valeu na altura foram as mesmas Forças Armadas, inclinadas ao esquerdismo ingénuo dos neófitos que nem sabiam o que era e o que significava verdadeiramente o PCP, por analfabetismo político. 

Declaradamente o PCP queria então "partir os dentes à reacção", eufemismo que só pode ter um significado real: usar a violência para tomar o poder contra quem se lhe opusesse. Tentaram mesmo aniquilar o PS, retirando-lhe o República e minando os lugares onde o mesmo compagnon de route tinha assento legitimado em eleições. Daí que o então secretário geral do PS, Mário Soares tivesse ficado assustado e mobilizasse milhares de pessoas para uma manifestação de repúdio a tais intentos, na Fonte Luminosa. 


Isto são factos indesmentíveis tal como estas intenções eram claras e inequívocas, em 1974-75. Daí para a frente foram simplesmente ocultadas e escondidas para não afugentar a caça eleitoral. Só por isso.  

O PCP mudou alguma coisa desta ideologia e destes métodos? Nada mudou a não ser uma coisa: a sua irrelevância ser cada vez maior e a táctica se adaptar ao conhecido ditado do passo atrás para poder dar dois em frente. Nunca mais deram e estão sempre a recuar, regressando outra vez aos anos quarenta, com a ideologia de "democracia avançada". 

Hoje, a par do centenário falsificado,  comemoram esse recuo permanente, pateticamente e com os idiotas úteis da praxe, como os acima indicados. 

O PCP anda há décadas nesta caminhada de sísifo até desaparecer um dia destes. Entretanto vai estrebuchando e mostrando a "força" de tal fraqueza notória e incapacidade de capado, mesmo com bandeirinhas desfraldadas aos ventos da História que os há-de varrer para sempre, como já foram varridos nos países de Leste.

Estes países não toleram a ideologia totalitária do comunismo porque a experimentaram. Os modelos de países com os quais o PCP se identifica actualmente- Venezuela, Cuba, Coreia do Norte- são o exemplo acabado da miséria, da tragédia e da pobreza material e moral da ideologia que defendem. 


Pois é exactamente isso que o PCP pretende para Portugal e o jornal Público é apenas mais um órgão da sua propaganda demencial. 

E qual a razão pela qual os media em Portugal dão tanto destaque a um partido com óbvia vocação totalitária que tem da democracia uma noção pervertida mas que assumem ser a única verdadeira? 

Há várias razões e a procura das mesmas bem como o seu entendimento tem sido um dos objectivos deste blog, ao longo dos anos. 

As razões estão explicadas ao longo de vários postais, documentados e que mostram o que aparentemente estas pessoas que escrevem nos media não querem ou se recusam a entender. 

É estranho? Muito e sintoma de que algo vai mal no bestunto dessas pessoas. Muito mal. 

Para mostrar a insensatez fica uma pergunta simples. Quem seria preferível para orientar e governar Portugal, nos anos 40 a 70 do século que passou? Salazar e Marcello Caetano ou Álvaro Cunhal, Lenine, Estaline, Brejnev ou mesmo um Mário Soares do então MUD Juvenil, apêndice dos comunistas soviéticos? 

A resposta parece difícil?

Parece que sim perante esta mistificação permanente do Partido com passado sempre à trela:


As três bancarrotas que Portugal enfrentou de há quarenta anos a esta parte tiveram a participação directa e ideológica dos Kamaradas com o seu passado sempre atrelado. 

Em 1975 nacionalizaram  os sectores fundamentais da economia do país, depois de terem saqueado o erário público com reivindicações salariais irrealistas que arruinaram a economia e aliás se apressaram a reprimir logo que julgaram ter o poder nas mãos. 

A consequência prática foi a bancarrota que o país atravessou na época, hipotecando o futuro de milhões de portugueses. 

Em 1976 com a colaboração da esquerda em geral, incluindo os social-democratas ideologicamente influenciados pelo marxismo contra a burguesia e em favor de míticos trabalhadores, elaboraram uma Constituição que proclamou direitos e mais direitos,  impossíveis de satisfazer mas garantindo as reivindicações constitucionais que duraram décadas e continuam a durar porque é essa a pedra de toque desta tragédia. 

Tais direitos, paradoxalmente como acontece nestas matérias, garantem também a miséria relativa da população que se tornou a mais grave na Europa e que motivou o atraso endémico no desenvolvimento nacional. O PCP teve papel relevantíssimo nesse processo.  

Nos anos oitenta continuaram a lutar pela manutenção das "conquistas de Abril" que daí para a frente constituiu o mantra da ilusão de progresso que apregoam, com a miséria atrelada que sustentam. 

Só nos anos noventa é que a disposição comunista da "irreversibilidade das nacionalizações" foi finalmente abolida por pressão internacional e por necessidade em pagar os juros da dívida monstruosa entretanto contraída com a segunda bancarrota, obra prima de comunistas e socialistas, com as suas magníficas políticas económicas de "elefantes brancos" na indústria e salários de miséria no geral, por força de tais fracassos colectivos. 

Nos anos dois mil as greves e reividicações irrealistas associadas a ilusões de riqueza fácil, com os fundos europeus e os seus famosos cursos acelerados de deformação profissional, sempre apoiados pelo partido e sindicatos em transmissão, conduziram a uma terceira bancarrota, com o apoio firme do compagnon de route de sempre, o PS que ajuda a este embuste coligando-se com esta gente.

Foi esta a obra-prima que o PCP legou ao país e foram estas as suas "conquistas mais relevantes, e "avanço e progresso" em que esteve sempre presente. Pode bem limpar as mãos às paredes de vidro: o país mais atrasado da Europa com um Partido comunista único na UE, ainda sindicado a um estalinismo ideológico como modelo de organização. Fantástico!

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