O jornal Independente de 26 de Junho de 1992 publicou uma entrevista com Léon Degrelle, um belga nascido com o séc.XX e que nos anos 30 lutou por uma causa europeia contra o bolchevismo, num discurso de extrema-direita e contextualizado .
Tal como referia Jonathan Littel, autor de Les Bienveillantes, numa entrevista a Cohn Bendit, na tv, em 28 de Fevereiro de 2008, a propósito do lançamento do livro na Alemanha, o nazismo funcionou como a cristandade na Idade Média, como linguagem comum do tempo. E no interior de tal linguagem comum, tal como no comunismo, há o nazismo de esquerda, de direita, os desviacionistas e os economistas "pointus".
Degrelle, aliás, aparece como personagem do romance de Littel, a propósito da sua integração como elemento preponderante das Waffen-SS, com escudete preto ou vermelho e de origem fundador do partido belga rexista, nos anos trinta, na Valónia belga.
Degrelle morreu em Espanha com 88 anos, em 1994 e o tempo para ele, parou simbolicamente em 1945, com a derrota do nazismo, o que em nada alterou o pensamento que manteve em actividade nas décadas posteriores.
A entrevista de Sara Adamopoulos revela isso mesmo: o apego a ideais de um passado proscrito e sem admissão de factos que se revelaram no mínimo discutíveis como o Holocausto com a dimensão de Shoa ou o totalitarismo insuportável de um regime que tem apenas um outro que se lhe assemelha, o comunismo, particularmente o estalinista.
Não obstante, há na entrevista ideias que merecem reflexão, a propósito da alternativa que se desenhou na Europa, após a partilha do continente, entre os vencedores da guerra e os destinos que se seguiram com uma democracia que deixa muito a desejar.
Em 3.4.2008 a revista francesa Le Nouvel Observateur, publicou um artigo e entrevista com aquele Jonathan Littel ( de ascendência judaica, tal como o director original da revista Jean Daniel) a propósito de um livro do mesmo sobre Degrelle. No artigo, Littel procura uma explicação psicológica para o fenómeno do nazismo-fascismo, rebuscada e nem por isso muito bem conseguida.
Obviamente que este perfil, incluindo a entrevista ao Independente, vai muito mais além do que a simples consideração de Degrelle como um singelo católico fundador do rexismo belga e a leitura do mesmo permite colocar a personagem no centro do movimento neo-nazi, na Europa...
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