segunda-feira, janeiro 03, 2022

Uma obscenidade de José Sócrates

 Esta "carta aberta aos juízes do CSM" ( alguns, a maior parte aliás, nem juízes de carreira são...) diz quase tudo sobre os métodos de José Sócrates no processo que o afecta e que a maioria dos portugueses percebe e entende, apesar dos rendilhados jurídicos e complexidades das tramóias expostas.

José Sócrates compara uma distribuição processual, já analisada várias vezes pelo mesmíssimo CSM, através dos seus inspectores, ao fenómeno da pedofilia entre alguns padres da Igreja Católica, o qual foi silenciado durante muito tempo, aliás como noutros sectores da sociedade. Melhor seria que comparasse com o processo Casa Pia, porque desse deve saber mais e melhor que muitos e a comparação ficava-lhe melhor. Afinal também houve um juiz vilipendiado e castigado pelos pares por causa das suas decisões desfavoráveis a certos personagens da família política do dito...

Esta carta é por isso uma obscenidade, mais uma, a que o DN dá cobertura ampla, mediatizando uma aldrabice, mais uma, de um corrupto pronunciado como tal, para ser julgado como verdadeiramente merece, pela prática de crimes hediondos contra a sociedade portuguesa. 

Vale-se da presunção de inocência que ainda o pode salvar processualmente, através dos artifícios jurídicos a cargo dos advogados da estirpe bem conhecida que o acapara. Quanto à verdade dos factos, é apenas um pormenor nessa hipótese salvífica que acalenta e a que os media dão espavento, como agora. 

A lama de ignomínia que lança sobre o juiz natural do processo onde foi preso é mais uma das inúmeras atoardas e enormidades que tem bolsado ao longo destes anos. Preferia obviamente que lhe tivesse "calhado" o juiz do lado, apesar de ter sido este mesmo quem o classificou de corrupto...

Na verdade, o que José Sócrates pretendia era um juiz que o não julgasse; que lhe arquivasse os processos e o mandasse em paz gozar os rendimentos que o amigo Carlos Santos Silva lhe emprestava periódica e regularmente durante anos a fio, provindos das contas caladas que se conhecem agora, precisamente por causa do processo maldito onde foi preso. Aos milhões, sem contas ou sequer compromissos de pagamento. 

Será apenas mais um louco, como tantos outros que por aí campeiam, a procurar confundir a realidade visível com o manto de uma fantasia insustentável?



Sobre  o assunto em causa, ou seja, a distribuição inicial do processo Marquês, em 9.9.2014, talvez valha a pena ler o que a notícia do Observador diz: 



Portanto a distribuição do processo não foi através do CITIUS, mas ocorreu de forma diversa, embora não explique como e se tal era corrente nos tribunais nessa época. Tal é importante para se entender o contexto e não permitir ilações que levaram o visado à escrita da "carta aberta" ignominiosa e obscena. 
Tal omissão de explicações deve-se a quem? Ao mesmíssimo CSM que por várias vezes mandou analisar tal distribuição e só agora concluiu como concluiu. Torna-se necessário por isso saber quem foi o inspector ou os serviços de inspeção que fizeram a análise do procedimento e se contextualizaram os factos para se mostrar ao povo português a realidade à data de 9 de Setembro de 2014. 
É preciso por isso explicar o que a TSF já tinha explicado


Ou seja, foi Ivo Rosa quem levantou a lebre, aliás já acossada pelos entalados do costume, sobre a distribuição de processos no TCIC. 
Ivo Rosa, apelidado de juiz "por si só",  entrou no TCIC apenas em 2015, pelo que- hélas!- nunca lhe poderia ter sido distribuído tal processo!
São estes factos e ainda mais outros, como sejam o relativo à distribuição do mesmo processo como instrução ( com vários erros informáticos nunca cabalmente explicados)  que devem ser contextualizados, além, claro da decisão de pronúncia, esdrúxula e incompreensível jurídica e factualmente, protagonizada pelo mesmo Ivo Rosa. 

O CSM não sabe disto tudo e de muitíssimo mais?! Sabe, claro que sabe. Mas a imagem da Justiça mais uma vez é enlameada pelo mesmíssimo CSM, sob a capa do jacobinismo ambiente que atenta na lei formalizada e isolada do seu contexto para atingir os fins literalmente possíveis. 

Dá a impressão que o CSM procura denegrir a própria justiça em prol de interesses inconfessáveis mas que coincidem sempre com os de certos arguidos entalados e excelentíssimos. 

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