quarta-feira, setembro 06, 2023

A informação sob controlo

 O Público de hoje tem o despudor de publicar um artigo assinado por dois estrangeiros sobre a liberdade de imprensa na Europa. 



O artigo foca um alegado "declínio progressivo da liberdade e do pluralismo  dos meios de comunicação social" e diz a dada altura que em Portugal tal fenómeno assume um risco baixo "destacando apenas dois dos pontos em análise- a pluralidade do mercado e a inclusão social". 

O resto vai de vento em popa! 

As recomendações para se cumprir o desiderato almejado são poucas mas substanciais:


Quanto à primeira, a da imparcialidade basta ver e ler como o Público e a generalidade dos media nacionais tratam as notícias sobre grupos políticos que não aceitam democraticamente senão com grande custo de censura e discriminação. É o caso do Chega e de quem se associe a ideias tidas como fassistas ou que ofendam os cânones do wokismo ambiente e reinante na redacção de tal jornal. 

Não é assim? Ai é, é:


O jornal tal como os demais órgãos de informação nacionais não se obrigam sequer a um módico de imparcialidade sempre que lidam com tal assunto, como aliás se pode ler no artigo em causa, em que se vitupera a actuação de governos tidos como inconvenientes para tal efeito, como é o caso actual da Itália e da Hungria. Imparcialidade é uma palavra que designa a noção de neutralidade, de rectidão, de justiça e de igualdade de tratamento para todos, o que é uma perfeita miragem no bestunto da esmagadora maioria dos jornalistas formados nas madrassas que tal lhes ensinam.

Quanto à "atribuição de fundos estatais para publicidade" basta ver quem recebe a parte de leão de tais fundos e se os mesmos podem atribuir-se a quem se assemelhe a tal gentalha proscrita nos media nacionais. Os fundos estatais vão sempre para os mesmos que acaparam tal poder, sem grande espírito crítico e por isso se comportam como capachos do poder que os alimenta.

Quanto às garantias de liberdade de decisão editorial, asseguradas pelo governo, basta ver como este governo tem actuado em concreto, com uma ERC totalmente manipulada partidariamente com a escolha criteriosa dos "yes men" que auferem vencimentos principescos para tal. A sintonia governamental ou pelo menos segundo os critérios politicamente correctos de uma maioria de bloco central, fica assegurada.

Quanto aos conflitos de interesses entre quem manda nos órgãos de informação e quem a produz não é preciso ir mais longe do que citar no nome SONAE ou MediaCapital e Mário Ferreira que convida um Lacerda Machado para degustar "pata negra" no convés de um dos seus barcos de cruzeiro fluvial. Isso para além de um Balsemão conselheiro de Estado e de estadão, desde sempre. 

Sobre a interferência electrónica em comunicações de profissionais de imprensa, basta ver as notícias sobre o que sucedeu no Brasil e o viés que se formou a propósito da inocência de Lula. Basta igualmente ver a disparidade informativa dos Panama Papers relativamente a certas personalidades e a exclusão de tais critérios relativamente a jornalistas vendidos e que em Portugal serão certamente alguns, ilustres desconhecidos que continuam a sua actividade de "isenção". 

De resto quanto à imprensa em geral, em Portugal, este pequeno exemplo, com alguns meses parece-me significativo.

O Expresso comemorou 50 anos no início deste ano e procurou rentabilizar comercialmente a efeméride. Uma das formas encontradas passou pelo apoio semi-estatal, sob esta forma curiosa de publicidade a eventos históricos que o jornal noticiou durante este tempo. 

Em Viana do Castelo, por exemplo, tal traduziu-se neste ambiente de ocupação de vias públicas durante vários dias, com uma floresta de dezenas de "mupis" publicitários franqueados pela autorização e portanto apoiados pela autarquia local.


Em Braga, mais comedidos e pindéricos o panorama era este:


De resto já em tempos ( Julho deste ano) foi mencionada uma reportagem do sítio digital Página Um, acerca dos "apoios" autárquicos a iniciativas editoriais, neste caso do grupo Cofina.

Logo que saltou a notícia apenas veiculada por este sítio, aconteceu isto:



Portanto, isenção, independência, qualidade, profissionalismo, nos media nacionais?! Está bem, abelha...

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