quinta-feira, novembro 16, 2023

O Templo que nunca existiu em Jerusalém

Acicatado pela curiosidade em saber se o Templo de Jerusalém, cuja construção é atribuída ao rei Salomão que terá vivido cerca do ano mil antes de Jesus Cristo, existiu e terá sido continuado posteriormente ao seu desaparecimento, fui procurar documentação. 

O que encontrei foi isto:

Em primeiro lugar e para contextualizar, uma cronologia judaica que a revista L´Express publicou em 20.12.2007 com " A grande história dos judeus" em que aparece mencionado tal facto bem como a tomada de Jerusalém, a destruição de tal Templo primitivo, seguido da deportação de judeus para a Babilónia por volta do ano 597 A.C. 


Em 515 A.C. novo Templo reconstruído, pelos judeus regressados do exílio. Por volta do ano 167 A.C. os judeus encontram-se divididos em três seitas: para além dos essénios, a dos saduceus, intérpretes fidelizados à letra da Tora, recusando a tradição oral e portanto inimigos dos fariseus, ligados a tal prática da oralidade. É dos filisteus que reza a história de Jesus, com a sua hostilidade manifesta a tais hipócritas, aliás na génese do judaísmo actual. 

O Talmude, ensinamento rabínico ( Rabbi Juda Hanassi, racionalista e hostil ao misticismo, segundo se lê), em compilação escrita das leis orais rabínicas, apareceu no fim do sec. II. É um dos três livros fundadores da literatura judaica, tal como mencionado na revista Lire de Março de 2008:

O Talmude é por isso uma compilação que reúne escritos e tradição oral judaica, após o cativeiro da Babilónia e que foi organizado a partir do sec II e a primeira edição completa terá ocorrido em 1520, em Veneza, através de um editor cristão, como se lê na Le Point de Jan-Feve 2020 que aliás contém uma alusão ao primeiro Templo de Salomão. 

É uma obra em "progresso" e segundo se lê em 1242 foi queimado em Paris, na praça pública, o que atesta a sua popularidade entre o cristianismo de então:  



Em 70 D.C. o segundo Templo foi destruído pelos romanos que subjugaram uma sublevação judaica. É deste Templo, afinal construído segundo a Tradição sobre as ruínas do primeiro, que subsistem sinais actuais, como seja o Muro das Lamentações em Jerusalém. 

A L´Express mostrava em três páginas que Jesus Cristo ao surgir na Judeia, dirigindo-se a judeus não poupava os fariseus, no próprio Templo, o segundo ainda de pé. 

Os primeiros cristãos também eram judeus e apesar da dissensão existente a fractura ocorreu logo nas primeiras décadas depois de Jesus Cristo, particularmente com a revolta dos judeus contra os romanos que os cristãos não apoiaram. 

E até aparece um artigo sobre o Corão e a ligação à Bíblia...



Sobre este assunto a revista Le Monde des religions de Dezembro de 2016 explica melhor o que se passou e que deixou raízes até hoje:











Este fenómeno, ainda actual, julgo que não terá nada a ver com sionismos ou questões políticas e também vem do sec. XIX. 

De resto a revista les Cahiers de Science & Vie de Outubro de 2004 retrata um "judaismo plural" que se divide entre os saduceus, os fariseus e até os baptistas, com ligação evidente ao cristianismo.





 
Quanto ao Templo, a reconstrução do primitivo, em Jerusalém e onde Jesus ensinou os "doutores", fariseus e não só, até existe uma reconstrução virtual, tal como mostrada na revista Geo- Histoire de Junho-Julho de 2013:







Sobre Constantino e o seu papel na fundação da Igreja Cristã também vale a pena ler o que se escreveu na mesma Geo-Histoire




 
E para terminar,uma entrevista com um "especialista do cristianismo primitivo":



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