Hoje, no Correio da Manhã, escreve assim sobre o Ministério Público e o poder executivo, relacionando o assunto com uma questão essencial: a autonomia daquela instituição, em prol do bem público:
Há uma guerra que foi surda e hoje é ensurdecedora contra o Ministério Público. Há que fazer algumas perguntas e situar a coisa.
Porque é que o Governo, desde o primeiro dia, pediu tanto a demissão de Souto Moura?
Que concretos telefones estão inscritos no envelope 9 que causaram tanto incómodo? Que chamada? De quem para quem?
Porque é que o Código Penal e o Código de Processo Penal foram revistos à medida do Processo Casa Pia?
(...)
Francamente, com lavagem de personagens não vamos a lado nenhum. Tem de terminar o tempo em que as teias de influências políticas, económicas e mediáticas permitem manter uma imagem de seriedade de quem o não é ou mesmo da sustentabilidade eterna de dúvidas, sejam elas de que sector forem (económico, político, judicial). Este quadro de fundo da Sociedade Portuguesa não permite que nos centremos no essencial. Estou a falar mesmo do essencial, isto é, da nossa viabilidade social.
A guerra ao Ministério Público não terá nada a ver com o branqueamento que anda por aí?
A que tentativa de "branqueamento" se refere Paula Teixeira da Cruz?
Por mim, só vejo uma: a que se relaciona com o processo Casa Pia ou com o processo Freeport. Quanto a este, escusada será, porque a procissão vai no adro.
Quanto àquele, é óbvia a porcaria que se anda a tentar esconder, em nome de qualquer coisa relacionada com o poder político de um grupo e uma clique que dominam um partido político que envergonha este país com séculos de História.