Quem quiser perceber melhor o Portugal da actualidade deveria conhecer o que aconteceu há cerca de trinta anos.
O panorama geral, em conformidade com o Semanário de 30 de Dezembro de 1983 era este:
Stanley Ho. FMI.Prejuízo crónico na RTP. Políticos eticamente comprometidos. Política económica à deriva ( no ano seguinte haveria bancarrota) e o regresso dos Espírito Santo...
O então simples advogado José Miguel Júdice não tinha dinheiro para mandar cantar dois cegos. Talvez por isso estava muito preocupado com a corrupção..
O advento de Stanley Ho a preceder o que aconteceu pós-Macau.
E a opinião inefável do actual presidente da República, já muito preocupado com o regime...
Estes últimos trinta anos agravaram todos aqueles fenómenos apontados. Culpa? Nossa. De quem vota. E também de quem não vota porque o voto serve para escolher representantes do povo e se o grau de abstenção supera a percentagem crítica, os escolhidos são aqueles que deixaram que o fossem...
68 comentários:
Sim de quem vota.Porque não deveriam votar...
Pois eu não voto e também me deitam culpas. Vá lá entender-se a democracia.
Deveria ter escrito também e de quem não vota.
E por isso vou acrescentar.
5ª das nossas lágrimas fazia pela vida na distrita do psd
o entertainer, louco por ser notícia, diz o que desejam ouvir
o anúncio do Mestre Silva do Sheraton pelo Cid
foi lá que apanhei um pé de atleta que ainda me não largou
'só mudam as moscas' e nem todas
o monhé rebenta com o que sobrou das economias portuguesas
e entrega a rep aos espanhóis
qualquer vão palácios, museus, ...
Eu também não voto.
A democracia não é o regime que melhor nos serve ainda para mais contida na partidocracia.
Só a democracia local, o municipalismo, tem algum sentido e mesmo assim a populaça deve ter o direito de ir aos cornos do administrador local que se comporte de forma trafulha.
Quem souber que responda...
Defender a democracia
Significa defender:
a) o povo contra o povo
b) o povo contra o governo
c) o governo contra o povo
Tem de explicar bem explicadinho que culpa é essa a de quem não vota...
Porque quem vota escolhe um em quem votou; quem não vota escolhe nenhum.
Mas escolher nenhum não quer dizer escolher um qualquer...
.
O problema caro José é que temos nos últimos 40 anos uma esquerda que fala sempre em nome dos pobres e dos mais desfavorecidos, e não temos uma direita que demonstra que também fala em nome deles mas através de políticas diferentes.
Hoje em dia quando alguém ouve os maiores disparates ditos pela esquerda em nome dos pobres engole, mas se for a direita a mostrar tais factos, como em que as políticas de direita criam menos pobres que a esquerda, ninguém ouve.
A direita tem de ter um discurso virado para os pobres e os mais desfavorecidos, mas mostrando a diferença de políticas, e o historial no mundo das diferentes aplicações.
Enquanto não mudarem o discurso, o povinho (os nossos amigos e conhecidos) não ouve a mensagem da direita pois pensa que está a falar em nome dos ricos.
Ps: E julgo qual lei de Pareto, que 80% dos portugueses achasse incluído no grupo dos pobres e beneficiários.
Em democracia quem não vota explicitamente, fá-lo implicitamente porque o não voto, a abstenção não é valorizada em lugares no Parlamento.
É essa a explicação.
Hmm parece-me fraca explicação...
Então se ninguém votasse, quantos lugares ocupados haveria no palramento?
Nenhum. O problema está em saber até onde pode ir a redução da representatividade democrática. Até aos 80%?, 90%?
Ah! Já estava a ver que eram todos!
Recapitulando então o raciocínio democrático: se ninguém votasse não havia lugares ocupados; mas como vota alguém, a culpa de serem os lugares mal ocupados não é de quem vota, mas antes de quem não vota.
É assim?
Assim sendo, dúvida: o que nos garante que, em votando todos, eram os lugares melhor ocupados?
O que está escrito é que a culpa é de quem vota nos escardalhos e nos que não votam e deixam votar.
Mais nada.
Se há uma tradição de impunidade e ela tem tendencialmente o mesmo facies, é óbvio que a culpa é de quem deixa.
E deixa-se pelo voto e pela omissão.
Dizer que tudo muda não votando é que me parece difícil de entender.
A coisa vai ainda um pouco alem de saber-se se " a culpa é de quem vota,de quem não vota ", ou do macaco...no sofisticado state-of-the art a que chegámos, tal bagatela passou a ser totalmente irrelevante...pode
até acontecer que a votação indique A ,mas uma birra-chantagem de B,C,D
etc leve a melhor , e a populaça não tem senão que comer e calar!Quando muito verte as suas locubrações sobre eventuais culpados ( sempre há alguem a jeito para arcar com as culpas ) na blogosfera ,para desopilar, entre 2 goladas de whisky irlandês...
Por acaso, a partir de agora, basta o PSD não ter maioria absoluta para o governo ser sempre PS+PCP+BE
E só não será assim se o PCP ou o BE tomarem o gosto à brincadeira e exigirem lugar para PM.
ehehehe
Acho que era acerca disto que o Marx se referia quando disse que tudo o que é sólido se desmancha no ar
":O)))))
É o terceiro mundo. Ninguém cuida de nada e depois emigram. Vai-nos acontecer o mesmo.
Nos entretantos, a Direita Pura e Dura- a da Bayer-a que não vota, sonha com o Império e o Profeta a nasceram desta anomia.
Quer dizer, em 83 os Espírito Santo foram 'autorizados' a regressar do exílio... e por quem exactamente? Qual era o governo da altura? Quem era o primeiro ministro? Não era aquele que quando Ricardo Salgado foi detido, afirmou peremptório e despótico, à laia de quem não parte um prato e no entanto está cheio de rabos de palha, além de ser um ganancioso por dinheiro e poder, o mesmo que sabe tudo sobre tudo: "... ai ele vai falar, ai vai, vai". O que é que este maçon vendido ao governo mundial e traidor à Pátria, queria dizer exactamente com aquelas palavras mais do que significativas para não serem tidas em conta? Se ele sabe o que Salgado ia dizer (e ainda não teve a coragem de o fazer) então que seja o próprio a fazê-lo. Isto porque Salgado, por pudor ou receio (tendo em conta o poder do dono do sistema e o seu carácter vingativo e mau) do que lhe pudesse vir a acontecer; por educação ou por medo de que as suas revelações pudessem causar um cataclismo político, não foi ainda capaz de falar. Se Salgado não falar (e não parece ir fazê-lo, estará impedido sabe-se lá por que bulas), esperemos então que o traidor-mor de Portugal - na realidade ele é que é o verdadeiro dono disto tudo - o faça, se ainda tiver uma réstia de vergonha na cara. E o quanto antes, enquanto estiver vivo. Pode ser que ainda venha a redimir-se dos gravíssimos pecados praticados.
Não sei quem é mais sonhador, sendo assim.
É que da minha perspectiva, o trocou-se a realidade do "Império" - que era muito mais ou menos do que isso, dependendo da perspectiva, mas era - pelo sonho da democracinha à Europa do norte que nunca passou da tal anomia. E não vale a pena dizer que foram os malvados dos comunistas porque até as coisas começarem a descambar para o lado deles, os democratas também bateram palminhas à rica da revolução. Ainda batem, aliás. Talvez se tivessem sido fuzilados uns poucos logo de caminho... mas nem isso os nossos comunas fazem bem...
E ao fim e ao cabo, é esta a democracia que temos: votar PSD perpètuamente. E os outros é que eram os do partido único...
Ou talvez estejam à espera que os da direita pura e dura, do Império e do "Profeta"(?!), criem um partidinho assim à Tory inglês mestiçado com Action Française para poderem ir exercer o direito da eleicinha.
Não vai acontecer.
Quando e se - e é um grande "se" - isto endireitar vai mesmo ser à bruta, com restrição das liberdades e tudo e tudo. E os democratinhas, como sempre, hão-de ganir e palrar o bota abaixo ao mesmo tempo que, como sempre, vivem à sombra do poder até poderem dar a mão aos próximos audazes da tragédia e da desgraçeira, chamem-se eles comunistas ou outra coisa qualquer...
Quanto ao cuidar das coisas, pois então queriam agora cuidar de quê?
Daquilo que vos toca, talvez? Mas as coisas não funcionam assim. Ou se cuida de tudo ou se acaba não cuidando de nada. Quem deixa abandalhar a entrada da casa, bem não tem a sala transformada num pardieiro...
A linha de pensamento que leva a encarar a perda do "Império" como inevitável e até boa, é exactamente a mesma que leva a não cuidar de mais nada. Ao contrário dos ventos da história, fenómeno inefável e diáfano da presunção sofisticada político-democrática para enganar papalvos, os planos inclinados são tão reais como a gravidade que anima os corpos por eles abaixo. E só oferece duas alternativas: ou se desinclina o plano ou se acaba no fundo.
É pá. Se v. tem algum projecto de direita, avance.
Se não tem fique calado e acabe de vez com essas provocações idiotas.
Ou então junte-se ao tal grupo do Reino de Portugal do Brasil e dos Algarves.
Já chega de napoleões de hospício a armarem-se ao pingarelho por haver gente que não é psicopata e vota em vez de ficar sentada à espera.
Inconsequentes é o que mais há.
Ah projecto... Mas tem de ser a favor dos ventos senão ai ai que o estrangeiro não deixa! Ai ai que temos de lutar! Ai ai que somos pequeninos e não podemos mudar o mundo! Os mitos! O profeta! O império! Deixam que caiamos em queda livre porque não votam em cairmos aos trambolhões pelo abismo abaixo! Psicopatas! Napoleões de hospício!
Mas que sim, que sim, era preciso dar o passo em frente! Que o mundo mandava! E vem-me falar de provocações...
Olhe que é preciso ter lata!
Não gosta das provocações? Modere as suas ou passe à frente.
Pois é. Mas mais do que inconsequentes são os que querem sol na eira e chuva no nabal...
Qual foi a provocação que eu fiz?
Eu escrevi isto:
«É o terceiro mundo. Ninguém cuida de nada e depois emigram. Vai-nos acontecer o mesmo.
Nos entretantos, a Direita Pura e Dura- a da Bayer-a que não vota, sonha com o Império e o Profeta a nasceram desta anomia.»
Isto é provocação para si?
Se é, então já deve estar a escrever de Rilhafoles
Portanto, se boto voto sou culpado pôr gajos duvidosos a cagar para mim. Se não boto sou culpado de os não pôr a cagar para mim.
Bela cagada. Não admira que tenham sempre a maioria.
Cumpts.
É melhor botar o voto que for menos mau porque a democracia é isso mesmo. Quem preferir outro sistema que lute por ele.
Quem não bota o voto aguenta com o dos que botaram.
Não é provocação, não. É pior. É alienação. Não sei se é de Rilhafoles que V. escreve, se é da Lua, se simplesmente escreve por escrever ou porque gosta de se ler a si mesma como em tempos me acusou de fazer.
Não vai nascer nenhum império da anomia. Não sei que profeta é esse que menciona, mas, bem vistas as coisas, também não sei qual é o império... São coisas que existem na sua cabeça.
Em 74 não havia império nenhum, e durante muitos séculos também não houve. Havia uma coisa que se calhar era diferente, nova talvez, que mais ninguém tinha. Podia acabar bem ou acabar mal. Ninguém sabia. Mas era um projecto, e até estava a correr bem.
Mas como esse projecto enfrentava a adversidade dos outros, não lhe agrada. Ora, está bem de ver que o motivo do desagrado não reside no projecto em si, mas em desagradar aos outros.
E V. quer que eu faça de conta que é caso isolado, que no próximo projecto que talvez - talvez - se consiga erguer, que à mínima adversidade, as zazies da altura não vão invocar os mesmos argumentos pífios, as mesmas desculpas vagas, as mesmas tretas para o deitar abaixo sob pretexto que vai de feição aos ventos, ou que é coisa de casmurros, ou que não sei quê, não sei que mais.
Entende o problema? Não é questão de impérios nem meios impérios. Império é o que V. chama à vontade, à resolução caminharmos por onde queremos ir, e não por onde querem que vamos.
Caso para dizer, «ai aguenta, aguenta!». Culpado de ou culpado de nem...
Cumpts. :)
"Em 74 não havia império nenhum, e durante muitos séculos também não houve. Havia uma coisa que se calhar era diferente, nova talvez, que mais ninguém tinha. Podia acabar bem ou acabar mal. Ninguém sabia. Mas era um projecto, e até estava a correr bem."
Estava a correr mal e até Kaulza de Arriaga o dizia. Fazer prognose póstuma sem contar com variáveis suficientes dá utopia.
Pois aguenta.
Eu própria tenho de calar porque a maior parte das vezes nem voto.
Só que não ando para aí a dizer que tenho um projecto alternativo de uma boa Ditadura mas é clandestino e ninguém avança porque estas coisas só acontecem por milagre.
A única coisa a que resisto activamente é mesmo à porcaria da ditadura do politicamente correcto.
Cada um é para o que nasce.
Não tenho o menor espírito de militância mas quando engalinho com uma coisa é para a vida.
Dou-lhes trabalho. Diariamente. Porque a tara do mundo às avessas, quanto a mim, é o pano de fundo para tudo.
Em vencendo por aí está tudo tomado por dentro.
São as tais "mentalidades" como eles dizem- Tomar conta das mentalidades é a primeira e última grande militância da escardalhada.
O resto vai por si.
A questão verdadeiramente estúpida nos que insultam quem vota por terem esperança numa Ditadura de Direita da pura e da bayer como não existe em mais lado nenhum é apenas esta.
De onde sairiam esses homens providenciais, essa casta de elite, totalmente diferente do que já está?
Vivem debaixo da terra?
Kaúlza de Arriaga não disse nada disso.
A não ser que falhas ou erros signifique "correr mal". Mas quem pensa assim, então, lamento dizê-lo, mas só posso concluir nunca ter tido de elaborar um plano e, sobretudo, de o levar a cabo, tratando com o imprevisto que sempre acontece e o mal-previsto que acontece às vezes. Não existem planos perfeitos e execuções também são poucas ou nenhumas. As falhas acontecem e quando acontecem é preciso corrigi-las, não é deitar tudo janela fora.
Quanto a homens, eles não vêm de lado nenhum. Estão. Revelam-se quando fazem o que devem quando devem.
Os insultos não vieram à conta do votar e V. sabe muito bem.
Vieram devido a essa ilusão, consciente ou não, de que é possível levar a nossa avante sem enfrentar a dos outros. Não é, nunca foi nem será.
É disso que é preciso ter consciência; e a quem a tem V. chama napoleões de hospício entre outras.
A mim não me faz diferença, mas compreendo que faça a quem arriscou a vida a desempenhar-se do seu dever e lhe dizem o equivalente de que não só lá andou a fazer figura de urso por isso como ainda a faz.
"Kaúlza de Arriaga não disse nada disso. "
Disse coisa equivalente, o que vai dar ao mesmo, quando reconhece os erros da colonização e o modo de os superar, com o tal plano secreto que nunca chegou a ser minimamente seguido. Por falta de tempo, mas já não havia tempo algum, em 1974.
Quanto à segunda parte da sua argumentação, aplica-se-lhe que nem uma luva.
O plano não era secreto; era em parte implícito apenas porque explicitá-lo na totalidade favoreceria política e operacionalmente os nossos inimigos.
Quanto a tempo, havia mais em 74 quando a guerra corria já a nosso favor, do que quando começou em 61, ou em 68 quando estava no seu auge. Esse argumento baseia-se em propaganda inimiga, simplesmente posto.
Houve erros e falhas que foram sendo corrigidos à medida que se soube e pôde. No geral, o plano foi bem sucedido. Nenhuma parcela do território foi subtraída à soberania portuguesa, e a nossa diplomacia tinha em 74 muito mais liberdade e capacidade de acção do que em 61. A nossa posição foi imposta com sucesso e era aceite por quem e onde contava, apesar da barulheira. Só tinha que continuar a haver firmeza.
Quanto ao resto, pode aplicar-se que nem uma luva, mas a verdade é que eu penso que a figura de urso, a haver alguém que a faça, não é ele.
"O plano não era secreto; era em parte implícito apenas porque explicitá-lo na totalidade favoreceria política e operacionalmente os nossos inimigos."
Então era ou não era? Não joguemos com as palavras porque o significado de secreto é oculto, não divugado. E era exactamente isso.
Existe uma diferença considerável.
O governo não podia - não queria - comprometer-se publicamente (internacionalmente, sobretudo) com qualquer plano a não ser o da defesa intransigente da soberania portuguesa. Qualquer outra coisa tinha consequências políticas de monta.
Voltamos à questão dos prazos. Se o governo anunciasse um prazo ver-se-ia, por um lado, manietado no caso de entender extender o prazo por qualquer motivo e, por outro, veria as exigências dos nossos oponentes passarem imediatamente a ser reduzir o prazo. Não ganhávamos nada e só daríamos alento aos nossos inimigos. Tanto Salazar, como Franco Nogueira, como Caetano explicaram o problema.
A lógica aplica-se e generaliza-se para qualquer plano que fosse, ainda que de forma ténue, ao encontro das exigências que nos eram feitas: ficaríamos manietados pelo que anunciássemos e veríamos redobradas as exigências pelo esmiuçar de todos os pormenores daquilo que fosse anunciado com vista a embaraçar-nos.
Mas não era um plano secreto, como eram os planos militares, porque a sua execução não dependia essencialmente do seu conhecimento efectivo pelos nossos adversários. Desde que não houvesse comprometimento político, de nada específico nos poderiam acusar.
De resto, era um plano bastante vago porque, como sempre se disse, não podíamos prever o futuro nem o ritmo de evolução dos territórios nem sequer da vontade de quem lá vivia - que era, afinal de contas, aquilo que todos alardeavam mas depois ignoravam convenientemente.
Do nosso ponto de vista, convencidos e cientes que estávamos da má-fé com que nos criticavam, o que melhor nos convinha era manter os adversários, e a opinião pública no geral, convencidos da firmeza resoluta e intransigente em defender a nossa soberania e executar a nossa política. Isto independentemente daquilo que se pudesse considerar internamente.
Quanto mais convencidos estivessem de que não cederíamos, mais a vontade de se nos oporem se erodiria.
Quanto mais cedêssemos, mais cedências nos exigiriam até cedermos tudo. Era isso o plano inclinado.
"O governo não podia - não queria - comprometer-se publicamente (internacionalmente, sobretudo) com qualquer plano a não ser o da defesa intransigente da soberania portuguesa. Qualquer outra coisa tinha consequências políticas de monta."
Claro. E por isso é que era secreto. Por outro lado, a mudança era necessária. E não se contemporizava com a manutenção de um estado de guerra permanente.
A contradição que se criaria não poderia resolver-se a nosso favor, como de facto não se resolveu.
Desculpe José e também Zazie, mas discordo da V/ tese sobre o tema África que têm vindo a debatar e que defendem nestes V/ últimos comentários contradizendo os argumentos que Muja tem vindo a desenvolver, com os quais concordo em absoluto. E como é óbvio cada um tem direito à sua opinião.
A tragédia que aconteceu a Portugal em 74 e na África portuguesa logo a seguir e que o José apelida de "ventos da História", eu chamar-lhe-ia acasos do destino. Porque o foram de facto. Marcello Caetano, sendo embora uma personalidade digna de muito respeito e dignidade pessoal, não tinha sido fadado para governar Portugal, não possuía nem força de vontade suficiente nem capacidade física nem força anímica para tão incomensurável tarefa. Tivesse sucedido a Salazar outra pessoa com mais destemor e coragem física e de personalidade vincada (como o próprio Salazar havia sido) e de certeza que o que sucedeu em 73 e mais concretamente desde 1968 (do modo democrático e sincero como tratou os inimigos comunistas e socialistas de igual para igual, sem desconfiar do seu carácter traiçoeiro e infiel e não os expulsando de Portugal enquanto havia tempo) e o golpe de 74 não se teria verificado. Com outro Governante mais severo e astuto e menos influenciável e os inimigos do nosso país teriam sido tratados de um modo muito diferente daquele que Caetano entendeu por bem fazê-lo, dado a sua formação humanista e de homem bom e de carácter conciliador.
Não se trata de saber se os territórios africanos se tornariam mais tarde ou mais cedo independentizados de Portugal ou não. Isso seria um assunto para resolver à posteriori - caso tivesse que o ser. Mas sempre tendo em conta o desejo das populações respectivas e o seu querer, que teria que ser obrigatòriamente respeitado. Não é disto que se trata. Muja diz e bem que a defesa daqueles terrítórios estava mais do que assegurada. E estava. E as populações eram pacíficas e gente boa. Houve um grupo de portugueses conhecidos (alguns deles ou todos, ainda estarão vivos de certeza) que a convite do Estado português (para satisfazer as acusações sucessivas provindas dos americanos e dos soviéticos, estes por interpostos militantes comunistas e aqueles por socialistas, espalhados pela Europa a lançar contínuas atoardas contra o regime e principalmente contra o seu dirigente máximo) foram visitar Moçambique para verificar in loco se encontravam amotinados ou terrorismo e porventura descontentamento ou alguma animosidade contra os portugueses europeus, entre as populações do interior do território. Penso que fizeram uma visita por todo o Moçambique, mesmo nas áreas em que supostamente haveria inimigos de Portugal. Voltaram e testemunharam o que viram. Que tinham sido bem recebidos por todo o lado onde tinham andado e não tinham visto nem terrorismo nem rancor nem má vontade contra os portugueses. A paz no território era total. Isto pouco antes do 25/4...
O mesmo ter-se-ia verificado caso tivessem feito a mesma viagem investigatória por toda a Angola ou por qualquer um dos restantes territórios portugueses.
(cont.)
(Conclusão)
O José diz e repete que tínhamos que admitir os "ventos da História" e seguir o caminho trilhado pelos outros territórios africanos que já tinham há algum tempo adquirido as independências. Mas porquê? Não éramos obrigados a fazê-lo lá porque os outros o tinham feito. O terrorismo na fronteira leste de Angola era financiado pelos dois internacionalismos, como se sabe e era localizado e reduzido. Como Muja diz e bem, em 74 a guerra em todos os nossos ex-teritórios estava pràticamente ganha, isto é dos livros. Com talvez a excepção da Guiné dada a sua localização geográfica, mas que seria também resolvida com o tempo e a nosso favor, de certeza absoluta. Tivesse lá estado/continuado outro General a comandar as tropas que não Spínola (demasiado fraco e influenciável).
Repito, não se trata, sim ou não, da independência daqueles territórios. Ela verificar-se-ia se tivesse que ser, mas com tempo, segurança, paz e sobretudo com a anuência, após consulta referendada, dos residentes. E eu por acaso até tenho a certeza da resposta de 90% da população tanto de Angola como de Moçambique, como de
Macau e de Timor.
Volto a repetir o que já disse e redisse anteriormente. Tivesse Gorbachev aparecido em cena 20 anos antes e o golpe d'Abril não teria acontecido e menos ainda teria sido despoletada a criminosa e traidora 'descolonização exemplar' (e estes acontecimentos foram acasos do destino e não exactamente ventos da História). E claro, ter-se-ia evitado o assassínio a sangue frio de mais de um milhão de seres inocentes que só pediam aos carrascos para os deixarem continuar portugueses. Se eles imploravam isto aos assassinos, o José acha que os mesmos infelizes o deixavam de querer da noite para o dia?
Só para acrescentar confusão ha que já existe: A realidade é que o voto se transformou na legitimação de interesses instalados. Porque mudam os Governos e o seu discurso. Mas tudo o resto cobtinua porque existe uma orda de minhocas que operam no subsolo politico e essas é que detêm realmente o poder. São os Lacerda Machado, os Relvas, os Cerlhones, os aparelhistas de todos os partidos instalados há 42 anos. De Soares até hoje a lista dos minhocas é enurme. Os govetnos passam, mas rles continuam a manobrar....Uma máfia ou uma seita, como queiram, que gere a política e a economia a seu belo prazer. Eu sempre votei e vou continuar a faze-lo, mas estou convencida que a "drmocracia" é um postal do paraíso que nos venderam....a realidafe é putra! E só eles é que sabem!
A realidade é que a democracia parlamentar por voto é um sistema abstracto, pensado em abstracto, com agentes abstractos. É um modelo teórico que é imposto na prática e não derivado dela.
Parte do princípio que os programas postos a votação são uma lista de medidas mais ou menos concretas; que as pessoas vão sistematicamente analisar esses programas assunto a assunto e fundamentar o seu voto nessa análise; que são capazes de o fazer; que são independentes e não manipuláveis; e, sobretudo, pressupõe uma comunicação social independente e competente que no seu conjunto forneça os elementos necessários a cada eleitor para ajuizar do acima.
Basta uma destas premissas não se verificar, particularmente a última, para tudo estar inquinado desde logo.
Tanto quanto pude observar, apenas em Inglaterra constatei ser comum as pessoas fundamentarem o seu voto em pontos concretos dos programas apresentados, ponderando um lado e outro. Mas nem por isso me parece que se verifiquem o resto das premissas.
Mas o mais importante é obviamente a capacidade de manipular a opinião pública através da comunicação social. O sistema assenta na premissa de quem nenhum interesse especial tem essa capacidade mais do que os outros interesses.
Ora isso acho que nunca se verificou em lado nenhum. Em Portugal, ironicamente, o mais perto disso deve ter sido durante o regime de censura, em que o governo impedia que se publicassem invenções estrombólicas sobre o seu trabalho. É de referir, por exemplo, que durante quase toda a duração do consulado de Salazar, a oposição, democrática ou não, sempre afirmou que as contas do Estado eram falsas e havia buracos financeiros escondidos... Afirmariam que o céu era vermelho se nisso vissem vantagem.
Assim é difícil.
A verdade é que a democracia tal como é idealizada não parece possível na prática sem um governo forte - até autoritário - que garanta pelo menos a imparcialidade e a sanidade da comunicação social e maniete a influência dos interesses especiais.
É paradoxal, mas é o que se tem quando se conforma a prática à teoria e não o contrário. A cama do Procrusto e tal...
A democracia que temos é um problema há 42 anos, aproximadamente. Porém, o problema que tínhamos anteriormente era maior.
Entre dois problemas a solução deveria ser fácil de entender: perceber onde reside a chave do problema para o resolver.
Marcello Caetano percebeu qual era a do problema anterior a 1974. Agora, ainda ninguém apareceu, com autoridade suficiente para mostrar qual é o problema e a sua resolução.
Para mim, o problema é o esquerdismo e a corrupção larvar que se instalou por causa da democracia que selecciona os piores em vez do conrário.
Para resolver este problema é preciso denunciara a causa esquerdista, particularmente a comunista que é a raiz do mal e por-lhe cobro. O resto também é importante e ainda não se fez.
"A verdade é que a democracia tal como é idealizada não parece possível na prática sem um governo forte - até autoritário - que garanta pelo menos a imparcialidade e a sanidade da comunicação social e maniete a influência dos interesses especiais."
Mas isso será a negação da democracia tal como se entende no Ocidente. E portanto votada ao insucesso.
E isto vai de encontro ao que Salazar dizia numa das suas entrevistas sobre a liberdade abstracta e a do quotidiano. Como de costume, já tinha identificado o fio condutor da realidade...
Acho que a Hungria pode ensinar alguma coisa porque está a fazer o que Salazar e Caetano fizeram. Embora de modo mais canhestro que aqueles.
Salazar não acreditava na democracia e portante não pode servir de exemplo para um regime democrático.
Caetano pode.
Salazar não acreditava na democracia porque a democracia, para além de abstracta, é um paradoxal tal como é apresentada. Caetano também não acreditava. Para se acreditar na democracia é preciso desde logo ter uma visão liberal e individualista do mundo. Caetano não a tinha.
Acho que o José está equivocado e confunde fé na democracia chapa 5, chamemos-lhe assim para a distinguir das outras, com o procurar de um equilíbrio político dentro do regime em que ele pudesse assentar.
Caetano, em 1974 acreditava na democracia como demonstra em entrevista a Alçada Baptista, um par de anos antes.
Porém, era uma democracia diversa de que hoje vigora entre nós e mais controlada para que a extrema-esquerda não impusesse regras em que não acreditam.
Democracia no sentido de pluralismo político-partidário, ausência de censura explícita e governamentalizada, liberdade de associação e reunião e eleições livres e abertas a vários partidos políticos.
De algum modo, o regime de Caetano, em 1974 estava já próximo dessa noção de democracia, apesar da repressão política sobre o comunismo.
Essa democracia seria diversa da que hoje vigora em quê, concretamente?
Como é que, nessas condições que enunciou, se controlaria a extrema-esquerda? Não estou a ver como sem proibições arbitrárias; como, aliás, se faz hoje em dia em relação ao espectral fascismo...
Só partidos "democráticos" é que podem existir? E como se decide quais são "democráticos"? E quem decide?
Se se limitam arbitrariamente os partidos políticos que podem existir, então que propósito serve haver vários? É uma falsa pluralidade. Por definição haverá forçosamente cidadãos vedados de representação política...
Como na Hungria.
Por isso é que a esquerda bem-pensante chama ao regime húngaro fassista. Mas as eleições deram a vitória a esses fassistas...
A limitação tem a ver com o carácter explicitamente totalitário de alguns deles, mesmo encapotado, como é o caso do PCP e da extrema-esquerda revolucionária.
Se proíbem os partidos fascistas dão azo a que se proíbam também os comunistas.
Não faço a menor das menores ideias de que tese minha acerca das colónias a Maria discorda.
Eu escrevi umas duas ou 3 palavras onde apenas dizia que se apanha com a porcaria em que os outros votam.
A minha única tese é uma natural fobia a tudo o que complica.
Prefiro sempre o que é mais simples e menos conspirativo. As probabilidades são sempre maiores e chama-se bom-senso pensar e agir assim.
Se mais ninguém ficou com colónias em África a que título querem v.s fazer crer que íamos conseguir nós essa proeza num mundo em que colonialismo passou a ser considerado uma vergonha histórica.
Se até os palermas dos espanhóis ricos e anafados de Barcelona querem ser independentes do resto de Espanha por tribalismos idiotas, como é que acham que os negros -nossos- e apenas esses de um continente inteiro, nunca iriam querer.
conrário." José
"Para resolver este problema é preciso denunciara a causa esquerdista, particularmente a comunista que é a raiz do mal e por-lhe cobro" José
Ora aqui é que o José acertou no alvo.
Se os países que se libertaram do jugo soviético, retomando livremente os destinos das suas Pátrias, por que motivo todos eles proibiram os partidos comunistas? E por que razão os americanos, leia-se os maçons sionistas que governam os Estados Unidos, os acusam de fascistas? É clara a intenção, não é assim? E também é clara a hipocrisia e o cinismo dos mesmos relativamente a estas acusações. Bom para os governantes destes novos regimes que não os toleram nos seus países nem permitem a sua inclusão no articulado das suas Constituições.
As democracias tal como a nossa está implementada, não se libertarão da corrupção e do crime enquanto estes não forem denunciados como um entrave irredutível ao desenvolvimento da própria democracia. Num regime autoritário (ou fascista, chamem-lhe o que quiserem) a corrupção de Estado - em que os membros políticos, seus directos responsáveis e a clique (quase toda extremo-esquerdista e radical, regendo-se pela a mesma ideologia comunista) que estes recrutam para o efeito, protegendo-a e é mais do que óbvio que sem a qual não conseguiriam atingir pos seus intentos criminosos - torna-se pràticamente inexistente e a sociedade civil não lhe sente falta, antes pelo contrário, desenvolve-se e progride salutarmente e sem incidentes de maior e, ultra importante, em plena liberdade. Os países ex-soviéticos agora democráticos, são a prova provada. Para que conste.
O José tem carradas de razão quando afirma que se os partidos fascistas (eu chamar-lhes-ia da direita ou da extremo-direita democrática, o que no estado em que presentemente se encontra o mundo não seriam de temer como fazem hipòcritamente crer os comunistas e socialistas, pois pudera!, caso tal sucedesse estes desapareceriam do mapa num ápice por força das circunstâncias, dado que as populações de todos os países do mundo são por natureza conservadoras, TODAS, o que para os comunistas - e até para os socialistas-maçons com aqueles mancomunados - provoca-lhes um medo atroz, pelo que tudo farão para o impedir) são proibidos pela Constituição, então o mesmo deveria acontecer em razão da lógica aos outros comunistas e extremistas, estes, sim, é que são perigosos a valer. E por que motivo o não são? Será difícil de perceber? Como é óbvio isto acontece porque os partidos da esquerda comunista e socialista são donas do regime/sistema e nunca mais o largarão excepto pela força... democrática(?).
(cont.)
(conclusão)
Como o José afirma e bem, a corrupção monstruosa e inaceitável que se verifica desde há mais de quatro décadas em Portugal, a mesma que não deixa que o País se desenvolva e progrida como seria natural, mais, era obrigatório que tal acontecesse num novo regime supostamente livre de peias e constrangimentos 'fascistas' e o que se verifica é que ele regrediu, atingindo todas as áreas políticas e sociais, para níveis jamais imaginados poderem vir algum dia a acontecer. E a que se deve este desaforo, melhor, este contínuo e desenfreado caminhar para o abismo, num País que, segundo observadores independentes, tinha todas as probabilidades de poder hoje estar equiparado econòmicamente aos do Norte da Europa? Deve-se exclusivamente ao poder descricionário e ilegal que os comunistas e socialistas-maçons mantêm desde o primeiro dia de democracia, dominando totalmente o sistema e influenciando decisivamente (para o mal) a governação em Portugal. Isto depois de hipòcritamente ser afirmado pelos próprios até ao vómito vir o novo regime "devolver ao povo a liberdade, a riqueza e o progresso"..., substituíndo aquele que a mesma esquerda vinha acusando despudoradamente desde há décadas de, por ser fascista, ter tido uma actuação contrária ao enriquecimento do País e ao bem-estar dos portugueses. Afinal quem é que enriqueceu obscenamente em detrimento da grande maioria dos portugueses e tudo à custa do roubo escandaloso ao erário público e ao povo, durante quarenta anos? Claro que foram única e exclusivamente os donos do sistema e os seus camaradas de cada um dos dois partidos, desde a primeira hora da democracia.
É um facto real, está mais do que comprovado, que as democracias só progredirão de um modo efectivo e concreto com a abolição dos partidos comunistas e dos elementos nefastos dos partidos socialistas (e são muitos, que fingem ser socialistas mas que são de facto comunistas desde a sua origem e, contràriamente ao que hoje afirmam, nunca deixaram de o ser - basta observar a forte influência e orientação esquerdista que aqueles tiveram em todos os governos desde então), os quais, como é sabido, estão àqueles umbilicalmente ligados desde a sua criação.
Há cerca de cinco ou seis anos (não me recordo da data exacta nem das palavras precisas, mas o seu sentido foi este), perguntaram a Lech Walesa qual o papel que o partido comunista desempenhava no seu país. Resposta: "o papel é residual, tendo os seus deputados na Assembleia sido relegados para as últimas filas, onde estão muito bem. E é bom que não façam muito barulho..." (ou seja, por palavras implícitas numa resposta que foi um pouco mais explícita: que eles não desestabilizem os trabalhos do governo nem tentem provocar alterações políticas e/ou sociais graves nem tentem derrubar o regime, por outras palavras, que eles se portem bem).
Aqui está o exemplo perfeito do que é necessário fazer em Portugal relativamente a um partido que é anti-democrático. E não só a este mas também aos restantes extremistas-radicais de esquerda que são irmãos gémeos daquele e perseguem os mesmíssimos objectivos malsãos, entravando sistemàticamente o desenvolvimento económico do País e com isso provocando o empobrecimento da população, dando origem a uma emigração como jamais vista em Portugal e as centenas de milhares que o não podem fazer, a recorrerem à sopa dos pobres, sinónimo de uma quase escravidão.
O José tem toda a razão quando afirma que com o partido comunista e (eu acrescento) com os seus aliados extremo-esquerdistas, tal como se têm vindo a comportar polìticamente desde há quatro décadas até aos dias de hoje, Portugal nunca irá a lado algum.
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