terça-feira, junho 07, 2016

A barragem milagrosa do Tua

Uma colecção de factos:

A barragem da foz do Tua começou a ser construída em  2011, depois de vicissitudes várias dos movimentos ecologistas e do BE que a tal se opunham. O projecto vinha já de 2006 ( tudo governo Sócrates).

No início da construção, a UNESCO identificou um conflito entre a existência da barragem e a classificação do Alto Douro Vinhateiro como Património Mundial mas, em 2012, considerou que o projecto era compatível, desde que uma série de requisitos fossem seguidos. Acontece que não foram, escreveu-se por aqui.

E  que conflito existia entre o Estado Português e a UNESCO? No sítio da EDP, interessada no assunto, explicava-se em português quase macarrónico:

A missão de aconselhamento do ICOMOS de Abril de 2011 refere que Estudo de Impacto Ambiental ignorou o impacto da barragem sobre o valor Universal excepcional do Bem ADV. E considerou que o projecto teria um grande efeito sobre uma área alargada do Bem, resultando numa perda física permanente de parte da paisagem cultural. O Estado português informou, entretanto, que já desde os anos 50 se verifica extracção e utilização de água do rio Douro que em muito contribuíram para o valor cénico e patrimonial do Bem. O Estado também sublinha que o Bem é considerado como sendo uma paisagem cultural evolutiva, em que "Vida" e "Evolução" devem continuar a ser assegurados e que este projecto hidroeléctrico não tem impacto específico sobre as vinhas que é um dos atributos basilares do Bem.

Este conflito resolveu-se da seguinte maneira, de acordo com informação daquele sítio:

 O Comité decidiu por unanimidade, e sob iniciativa da França, alterar a Proposta de Decisão que previa a recomendação, ao Estado português, da imediata suspensão das obras da barragem. O ritmo dos trabalhos, de acordo com a nova redacção da decisão do organismo internacional responsável pela classificação de Património da Humanidade, vai ajustar-se ao calendário da nova missão técnica, que visita a região do Douro já no dia 31 de Julho, tornando assim compatíveis as novas conclusões da UNESCO e o interesse nacional.

Tudo bem quando acaba bem? Bem...a ideia mágica ( enterrar o edifício da central eléctrica) , do arquitecto Souto Moura parece que convenceu a UNESCO...mas Os Verdes e o GEOTA acharam a decisão chocante. Os autarcas locais aplaudiram entusiasticamente. E o Alto Douro Vinhateiro lá continua Património da Humanidade, como é desde 2001..

E como é que isto sucedeu diplomaticamente? Os franceses, coisa e tal...mas parece que alguma coisa se fez na embaixada de Portugal nesse país.

 A UNESCO em 2010 deixara de ter lá o embaixador Carrilho, corrido segundo ele por aquele Sócrates.

Em 2012 o Governo de então acabou com o cargo de embaixador privativo e adjudicou as funções ao embaixador em França. Na altura e até 2013 quando se reformou, era Seixas da Costa o contemplado e é o próprio que esclarece o seu papel inefável no desenrolar dos acontecimentos que deram luz à solução milagreira, lamentando de caminho a extinção do posto privilegiado que um Pacheco Pereira não aceitou:

 Em 2012, o Governo decidiu que a nossa missão junto da UNESCO deixaria de ter um embaixador dedicado exclusivamente à organização, como sempre aconteceu, e que o lugar passaria a ser exercido, cumulativamente, pelo embaixador em França.
Várias vozes se ouviram contra esta decisão, demonstrando a insensatez da mesma, num tempo em que o país comemorava ainda a elevação do fado a "património imaterial" da UNESCO, quando aí levávamos a cabo uma delicada negociação para a compatibilização da construção da Barragem de Foz Tua com o estatuto do Alto Douro Vinhateiro como "património material", além de outros dossiês complexos.

Seixas da Costa ainda se referia ao facto de o ministro dos Negócios Estrangeiros que extinguiu o posto ( Paulo Portas) ser ainda membro do governo, na posição de vice-primeiro ministro quando em Junho de 2015 se decidiu repristinar o lugar de embaixador na tal UNESCO.
Que destino tiveram estes personagens exelentíssimos do nosso panorama político, sabendo que a barragem do TUA é obra de vulto em que avulta uma Mota-Engil?

Seixas da Costa é consultor "estratégico" da firma desde que se reformou em Março de 2013 e agora até parece que tem mais tempo porque acumula cargos na Fundação Gulbenkian, Jerónimo Martins e agora na EDP-Renováveis. Escreve por aí, tem um blog, vai à Universidade de Coimbra fazer uma perninha quase aos setenta anos. Valente!

P.Portas é agora administrador da mesmíssima Mota-Engil.

Como dizia o outro cómico: "fantástico, Mike!"

O que diria disto Salazar se fosse vivo? Ou Marcello Caetano?

ADITAMENTO:

Se isto for verdade, aceito o argumento e retracto-me das observações feitas a propósito da pouca-vergonha.

16 comentários:

Karocha disse...

Não sei o que diria o outro , José !!!

Floribundus disse...

a barragem do Coa
ficou
por fazer por não podiam escavacar uns pedregulhos

na do Tejo as gravuras ficaram debaixo de água, porque segundo os xuxas,
estas praticam arqueologia subaquática

diz-se que no Terreiro do Paço o túnel passou ao lado de elementos arqueológicos

como os do Museu do Dinheiro da ex-igreja de São Julião

''os meios justificam os fins

qualquer programa pode ser imprevisto por qualquer motivo alterado''

zazie disse...

Phónix!

Floribundus disse...

« Jaime Cortesão, nas Memórias da Grande Guerra, que, em face
de uma imagem de Portugal como “Nação entorpecida” desde os finais do século XVI »

vai continuar

Zephyrus disse...

Eu era criança mas lembro-me bem dessa do Côa.

«Não electrifiquem as gravuras».

O Guterres aproveitou-se disso para tentar ganhar as eleições. Havia a acusação de que a Direita era inculta, beata, betoneira, saloia e inimiga do ambiente. Recordo-me dos «violinos de Chopin» do Pedro Santana Lopes. Houve a polémica da A1 atravessar a serra de Aire (um erro evitável, foi teimosia do cavaquismo).

Com o Guterres no poder o betão explodiu como nunca. Quiseram atravessar o Caldeirão, a UE impediu. Fizeram igual ou pior que no cavaquismo.

Agora com Costa querem demolir uma casa restaurada com elementos anteriores ao terramoto. Para construir uma mesquita que os muçulmanos não querem. Onde anda os activistas ruidosos, os artistas, os «enrascados», os especialistas?

O PS é especialista é acusar a Direita e fazer pior. O rei vai nu e ninguém tem coragem de confrontar a Esquerda com os factos. Culpa? Dos jornalistas, da comunicação social.

Zephyrus disse...

http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/banca___financas/detalhe/bloco_nao_ve_motivo_para_comissao_de_inquerito_a_caixa.html


Mito das manas Mortágua justiceiras a cair por terra.

O rei vai nu.

Alguém tem coragem de perguntar em horário nobre à Mortágua por que motivo com a Caixa há um tratamento diferencial? Ninguém.

Os jornalistas são talvez os maiores responsáveis pela nossa pelintrice.

josé disse...

Os jornalistas são responsáveis mas são paus-mandados, na maior parte dos casos. Culpados são mesmo os donos dos merdia.

josé disse...

Acho que é a primeira vez que uso o termo merdia que já vi escrito e deve por isso direitos autorais a quem de direito que não sei quem seja. Mas está bem apanhado.

Zephyrus disse...

Se são os donos do merdia... A Direita tem solução para contornar um pouco o problema... faltam pessoas, falta liderança e falta vontade. É preciso apostar em meios de comunicação alternativos.

O José por exemplo tem feito um serviço público notável neste blogue.

O Observador já é também uma alternativa...

A CMTV está a arrasar a concorrência.

Falta muito mais.

O online é parte principal do futuro.

Floribundus disse...

diz-se o PP anda de mota a transportar baldes de massa

Maria disse...

O Zephyrus tem carradas de razão no que tem escrito e também nos comentários que teceu mais acima.
O José tem feito efectivamente um serviço público inexcedível. E como afirma Zephyrus, faltam mais pessoas na internete, nos jornais, nas revistas e nas televisões (infelizmente e com muitra pena minha, continuo sem ter o CMTV, o meu filho vai-me dizendo que qualquer dia eles colocam o canal em sinal aberto..., pois sim, mas o que vejo é que isso nunca mais acontece!) com este nível de inteligência, coerência, portuguesismo e saber.

O Costa, que li algures ser d'origem goense mas de família católica (duvido muito), desconfio que ele é mas é d'origem musulmana. A comunicação social escreve tudo o que a esquerda autoriza e ordena, com meias verdades e mentiras e tudo a dar c'um pau. Aquela está vendida ao sistema e nada mais pode fazer. Não quer perder o emprego e contribui para a nossa desgraça como povo.
Se o Costa é católico (o que é muitíssimo duvidoso) porque motivo vai mandar construir uma mesquita numa zona de Lisboa que a dispensa em absoluto - parece que os próprios beneficiários nem a desejam... - e ainda pra mais, segundo Zephyrus afirma, com a destruição criminosa de um edifício com estrutura pombalina? O homem, além de incompetente é completamente tresloucado e pelo que se vê não é só no que respeita ao urbanismo de Lisboa, age como se ainda fosse presidente da Câmara... e porventura ainda é por interposto Medina... E com a política governamental, abaixo de cão, que tem vindo a praticar desde que assumiu desavergonhadamente o poder, apesar de ter perdido as eleições, com a influência mais do que nefasta dos partidos comunista e extremo esquerdistas com ele mancomunados, foi a pior desgraça que nos aconteceu como (pseudo) primeiro ministro. Que aliás só comnseguiu lá chegar com a trapaça engendrada nas ante-câmaras do seu partido e o apoio e a conivência velhaca dos partidos comunistas à sua esquerda, afinal os da sua verdadeira ideologia desde a juventude, tal como o seu camaradinha Soares, ambos de pais comunistas e como filhos abnegados não desiludiram os progenitores... quem sai aos seus não degenera. Na verdade todos eles o são, até os elementos socialistas fingem não o ser e não obstante a ideologia comunista está plasmada nos seus temperamentos e a respectiva doutrina nas atitudes políticas tomadas ao longo dos anos e porque são parte intrínseca do seu ADN não o podem negar.
(cont.)

Maria disse...

(Conclusão)

Todos eles - refiro-me aos socialistas (e comunistas encapotados) que estão no poder desde o 25/4 - são comunistas travestidos de sociais-democratas (já nem sequer se dignam afirmar-se socialistas... - alguns ainda o fazem por desfastio - e nem aqueles, quando assim se auto-proclamaram e isto durou décadas, jamais o foram) para continuarem a aldrabar o povo: o Soares, o Alegre, o Otelo, o desavergonhado do Ferro Rodrigues, o António Costa, claro, os falecidos Piteira Santos, Emídio Guerreiro, Almeida Santos, Melo Antunes, Rosa Coutinho, Tito de Morais, Agostinho Neto e os seus inúmeros camaradas de percurso. E como estes patifes muitos mais existiram e outros tantos ainda por aí parasitam cujos nomes não me ocorrem de momento.

Todos os que fazem parte do sistema - incluíndo a suposta direita que não o sendo abertamente faz o jogo da esquerda o que a torna numa cúmplice cobarde e oportunista, aliás só aceite pelos donos do sistema porque a estes jurou obedecer, sendo portanto uma falsa direita que tem feito o jogo da esquerda comunisto-socialista para se manter dentro do mesmo - são traidores e apátridas. Só assim se pode conceber o que estes malditos comunistas e socialistas fizeram ao País. Eles nunca quiseram o bem de Portugal, quiseram sim a sua destruição total e não pararam até terem-no conseguido. Começaram por à traição fazerem-nos perder os Territórios Africanos, seguiu-se a entrega de bandeja da nossa Independência e Soberania à Europa maçónica (em que Soares foi o seu principal artífice, depois de todos os seus anteriores crimes de alta-traição cometidos contra a Pátria), a seguir os mesmos pulhas deram cabo de quase todas as nossas tradições seculares (faltam algumas, mas eles ainda não se deram por satisfeitos) e finalmente e isto já vai para décadas, prosseguiram desde então até aos dias de hoje e a um ritmo acelerado com o aniquilamento da nossa língua-mãe.

Eis o brilhante currículo político e pessoal dos grandes libertadores do povo oprimido pela longa noite fascista (e do açambarcamento da pesada herança gananciosamente cobiçada durante décadas pelos grandes democratas, herança essa pertença incondicional e absoluta dos portugueses e ciosamente preservada pelo tenebroso ditador) e a traços muito largos, o imaculado perfil moral dos pseudo democratas que nos têm governado, sendo afinal todos eles lobos esfomeados e vorazes mascarados com peles de cordeiros mansos e benignos.

Muitos anos levaram os portugueses a acordar do pesadelo, mas felizmente chegou o dia, tarde embora, que isso acabou por acontecer. Só nos falta correr daqui para fora com as cobras venenosas que nos atormentam o juízo e mais cedo ou mais tarde isso irá suceder. Graças a Deus.

Maria disse...

Leia-se "... religiosamente preservada pelo tenebroso ditador)"

joserui disse...

Já utilizo merdia ou merdio há décadas, mas com o sentido média ou médio em que o português gosta de vegetar.
Quanto ao Tua, nem há palavras.
Já os merdia propriamente ditos, é ponto assente que estão entregues à esquerda, incluindo a radical. Fico atónito, quando pessoas que conheço e pelas quais tenho alguma consideração consigam abespinhar-se e garantir que assim não é: Os merdia estão a soldo da direita. Não consigo compreender como é que pessoas com cultura acima da média (merdia) conseguem ver aquilo que considero ser o exacto oposto da realidade. -- JRF

joserui disse...

Por falar nisso… estive na Alemanha recentemente numa feira colossal (a maior da área) e onde se pode ver sem grandes discursos uma das razões porque não é possível os portugueses serem tão ricos como os alemães — só naqueles 17 pavilhões estava o PIB português, ou mais. Fora o que se vê a cada passo. Fui com um amigo que diz que não… com as coisas à frente dele diz que os alemães estão a drenar Portugal e e Grécia e toda a gente, a empobrecer-nos. E pergunto, onde estão os stands portugueses e gregos com todo o nosso poderio industrial e outro? Isso não interessa nada.
Na mesma linha, um dia logo às 8h00 da manhã o inefável Sócrates… diz o homem que foi um grande primeiro ministro, se eu gostava que me andassem a espiolhar a vida privada, que me fizessem o que lhe fizeram(?) e sei lá que mais… e o Guterres, o melhor dos melhores, coisa fina. Fui demonstrando que não, lá lhe fui dizendo entre os berros que era difícil de ver a realidade para um doentinho do PS… estava a ver que o homem me ia agarrar pelos colarinhos, ele arfava por todos os poros, já respirava com dificuldade, comecei a suspeitar que tinha de chamar a krankenwagen… A discussão acabou com o amigo ofegante aos berros a garantir-me que existe corrupção em Portugal por minha causa e outros como eu. Portanto já sabe José, a culpa também é sua. -- JRF

joserui disse...

Nota: Os personagens das histórias são dois diferentes e reais. Um é arquitecto outro engenheiro. -- JRF

O Público activista e relapso