domingo, agosto 30, 2020

Wight e os festivais de Verão de 1970

Faz agora 50 anos que decorria na ilha de Wight o festival de música pop, o último dos três que ocorriam desde 1968.
A história toda do festival pode ser lida aqui.

No ano anterior tinha lá ido Bob Dylan, tocado muito menos tempo que o previsto e desiludido os espectadores presentes o que foi estranho na medida em que o artista aparecia pela primeira vez em público depois do acidente de mota que sofrera algum tempo antes.

Até em Portugal tal fora notícia, na revista Mundo Moderno de 15.9.1969.


Em 1970 também houve notícia numa revista nacional, desta vez no Século Ilustrado de 17 de Outubro de 1970, com reportagem e fotos exclusivas e até a capa.




A resposta à questão da capa era muito insatisfatória mas trazia um ponto distinto das demais reportagens estrangeiras: dava importância à actuação dos brasileiros Gilberto Gil e Caetano Veloso, fugidos do Brasil por motivos políticos e que aliás tinham alguns meses antes passado por Portugal e actuado no Zip Zip.
Uma parte da actuação dos brasileiros pode ser vista num filme disponível em dvd chamado Tropicália.

Quanto ao festival de Wight de 1970 foi captado em filme por Murray Lerner mas só foi mostrado  nos anos noventa e actualmente está disponível em dvd e no You Tube.

Em França, o Verão desse ano também foi ocasião de vários festivais de música pop, com os artistas mais importantes da época.

A Rock & Folk de Agosto desse ano mostrava logo o que iria ser:







Os discos mais importantes desse mês, para a revista:



Quanto ao terceiro festival de Wight, a revista Mojo de Setembro de 2012 fazia esta retrospectiva:


De todos os artistas de relevo que apareceram então, Jimi Hendrix era já uma lenda. E foi estrela do Wight de 1970 embora empalidecida pela performance. Dali a pouco mais de quinze dias, em 18 de Setembro, Hendrix morria, por asfixia provocada pelo próprio vómito, num apartamento em Londres.

A Rock & Folk de Outubro deu conta do caso e da importância de Hendrix:





Sobre o festival desenhos publicado nessa revista revela o que já era evidente: o sonho, se existira, tinha acabado há muito...



Sobre Hendrix a publicação nesse número de alguns recortes com citações do artista é muito interessante.

Por exemplo, esta em que Hendrix dizia que "nunca dei grande atenção ao conflito racial. Seattle era uma cidade onde a integração se fazia sem problemas. Fui preso uma vez pela polícia em Washington e recusaram-me a entrada em dois restaurantes, mas só porque estava com um par de hippies. Mas não foi uma questão de raça. Nunca sofri de preconceitos raciais na Grã-Bretanha. Nem tenho desejo algum de me juntar a manifestações; tenho coisas mais importantes para fazer- como tocar guitarra. O Black Power? Nunca penso nisso. Há uma quantidade de estupidez de parte a parte. "

Se fosse hoje, Jimi Hendrix, com um discurso destes era censurado nos media ou vilipendiado como sei lá o quê...



Nesse mesmo ano, pouco depois, em Outubro morreu esta, numa overdose de heroína:


Jim Morrison que tinha estado em Wight, morreu um ano depois.



A música que então soava nos discos mais vendidos era esta, como mostra o hit parade de Novembro desse ano de 1970:


Por cá, o Diário Popular de 6.11.1970 dava conta daqueles decessos e mostrava os hit parade do estrangeiro...


A Flama de 4.12.1970 trazia um anúncio a um disco que supostamente contava a história da década que tinha passado...e usava a palavra da moda: sensação!


Quanto ao disco andei anos à procura de um exemplar que tem esta capa e indica como narrador um certo Luís Filipe Costa, o locutor de voz fanhosa recentemente falecido.




Sem comentários:

O Público activista e relapso