terça-feira, agosto 10, 2021

Silly...seasoned

 O CM de hoje traz isto na capa: 


Lá dentro diz que a ministra Temido, de 47 anos, está de férias no Algarve com o marido, Jorge Simões, "professor catedrático", sem indicação de idade. 

Perante a foto do parzinho, assaltou-me uma curiosidade cusca e fui procurar por aí, na net, algo sobre a idade do dito, cujo aspecto na foto me fez lembrar um pouco uma cantiga antiga de Serge Regianni. Quem perguntar qual é, não precisará de saber...

A notícia do CM diz que este Jorge Simões, "professor catedrático" foi presidente do Conselho Nacional de Saúde entre 2016 e 2018. 

Porém, o respectivo currículo, com o nome completo- Jorge Manuel Trigo de Almeida Simões- aponta outros cargos e funções ao longo dos anos. 

Tudo terá começado, de acordo com os respectivos currículos, aliás muito parcos e resumidos, em 1987, ( ou em 1985)  com o curso de Administrador Hospitalar. Deve dizer-se a este propósito que tal curso era equivalente ao do CEJ, para magistrados e havia quem na altura concorresse aos dois, sendo licenciado em Direito. Seria interessante saber como foi com este Jorge Simões, entretanto promovido assim a instâncias insuspeitas, tal como a mulher Temido, igualmente licenciada e com curso de administração hospitalar.

O currículo oficial mais elaborado é este, por ocasião da nomeação do dito para o CNS:


O dito tirou um curso de pós-graduação em Estudos Europeus, nos célebres cursilhos em curso no  Instituto Jurídico da UC, fomentados por professores da escola à míngua de rendimentos suplementares, em época incerta mas com perspectivas de carreira certa. 

E como é que um licenciado em Direito, com cursilho de Administrador Hospitalar, destinado a uma carreira anódina de gestão de pessoal e meios num qualquer hospital chega a professor catedrático com "cinco livros e dezenas de artigos em revistas", cujos títulos provavelmente ninguém cita em lado nenhum, como é normal? 

Pois é essa curiosidade que me fez procurar e encontrei isto que é  um mimo:

Com base nesses pareceres favoráveis e na análise do Curriculum Vitae do candidato o conselho científico da Universidade de Aveiro, é de parecer que Jorge Manuel Trigo de Almeida Simões, pelo seu curriculum profissional no domínio de Políticas da Saúde e pela sua preparação técnica e pela sua acção pedagógica ao nível de Organização de Sistemas de Saúde, reúne os requisitos necessários ao exercício da docência como Professor Associado Convidado.

Professor catedrático "honoris causa", é? Se não é, parece.  Mas enfim, tinha um "doutoramento"  obtido com uma dissertação em 2003, abrangendo cerca de 400 páginas recheadas de grande saber estatístico, enquanto assessorava o presidente da República e superiormente orientado pela luminária Correia de Campos e outros próceres do PS de sempre. Típico.  

E depois de outras deambulações pela Net soube que o dito, administrado hospitalar de origem ficou pouco tempo no cargo e passou a assessor de presidente da República, em 1996, com o célebre Sampaio, do PS, claro está. Consultor, ainda como "Dr.", para assuntos de saúde. entre 1996 e 2006...e foi depois disso que se tornou "professor catedrático" do modo curioso que se assinala.

A partir desse momento e certamente com base na intensa actividade de professor catedrático convidado, passou a outros níveis e que temo possam ser do género peter mas não conheço o suficiente para o afirmar. Em 2010, o governo do fantástico Sócrates reconheceu-lhe todo o valor acumulado e designou-o assim presidente de uma entidade reguladora, a ERS, com estatuto remuneratório acumulativo com as funções de "catedrático": 



Imbuído certamente dos deveres altos e inatingíveis para muitos, das várias funções a seu cargo, desdobrou-se em viagens de vai e vem entre Aveiro, Porto, Coimbra, Lisboa e sabe-se lá onde mais. Tal circunstância pouco relevaria não se desse o caso deste licenciado em Direito, tornado catedrático de medicina tropical, ter sido apanhado com as calças na mão do opróbrio que noutros casos fariam as pessoas corar de vergonha e afastar-se da ribalta, para sempre. 

O caso é este e também descoberto na Net e "transitado em julgado": 
 









Fico banzado com isto, mas nem devia. Deve haver tantos casos como este nesta administração pública, que vive à sombra de um orçamento gerido por este gente deste PS e similares que o que haveria a fazer era reformular o país. Ou escrever um romance de sucesso, do género dos que Tom Wolfe escrevia para mostrar como é que estas pessoas vivem e alcançaram os lugares que ocupam, no seio do Estado que temos e somos. 

Para mim isto é uma vergonha nacional. Não o caso deste Jorge Simões, coitado que faz pela vida, mas o caso de inúmeros, centenas, sei lá talvez milhares,  ainda mais obscuros e de perplexidade superior. 
Motivados por esta superioridade alcançada a pulso partidário, ei-los depois dispostos a figuras destas...e quanto à mulher basta vê-la nas conferências de imprensa a ouvir perguntas inconveninentes de jornalistas e a fazer os trejeitos faciais que denunciam uma personalidade. Basta isso.

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