domingo, julho 09, 2023

As gaiolas abertas de Vilhena

 José Vilhena foi um humorista que começou por colaborar em revistinhas de humor como O Cara Alegre e escrever livrinhos, nos anos cinquenta, ilustrados por si com desenhos de "pin ups" pulposas em situações eroticamente motivadas.

Ainda nos sessenta elaborou e ilustrou a revistinha "O Mundo Ri", com teor semelhante e tem bibliografia extensa, sempre com tal temática à flor da pele de um modo de vida.

Em 1972 e até 1974 publicou uma patética Grande Enciclopédia Vilhena atraindo atenções da Censura que lhe proibiu alguns desvarios, tal como teria acontecido na época noutras paragens, sendo aliás alvo da censura do novo regime instaurado em 1974, com o apoio de certos inducadores.

Com o 25 de Abril inaugurou uma série de publicações do mesmo género, atingindo as raias da libertinagem gráfica na Gaiola Aberta que montou logo em 15 de Maio de 1974 para apanhar o pássaro proibido do voyeurismo misturado com humor anarquista e sem barreiras. 

Inebriado com a libertinagem consentida pelos costumes caseiros, distraiu-se e à míngua de imaginação começou a publicar capas com desenhos e fotomontagens de personagens notórias da vida pública e social, como esta de Carolina do Mónaco.  

A retratada instaurou-lhe um processo em que pedia indemnização de centenas de milhares de dólares e Vilhena acabou com a aventura das Gaiolas, começando outras, como O Moralista, fonte de mais processos do género. 

(Imagem tirada daqui)

 Seja como for, a série das Gaiolas que durou pelo menos até Agosto de 1983 é ilustrativa do espírito da época. 

Vale a pena mostrar o número um, saído em 15.5.1974 ( e que se encontra à venda em alfarrabistas, por tuta e meia) integralmente, porque retrata o espírito dos dias imediatos ao 25 de Abril de 1974, vividos por um humorista censurado pelo regime deposto e que voltou, significativamente, aliás,  a ser censurado pelos novos senhores da situação do PREC. 

Nas imagens e textos sobressai o autêntico ambiente vivido que se diferencia e distancia dos aspectos que actualmente costumam ser retratados por historiadores esquerdistas. 






A imagem supra é surripiada de um cartoonista francês, Aslan, segundo julgo e que publicava este tipo de imagens na revista Lui.




As imagens supra mostradas foram surripiadas a publicações estrangeiras sem qualquer menção da origem. No caso, o de cima, da revista americana MAD, um cartoon de Mort Drucker e abaixo, a figura do indigente, desenhada por Gir-Moebius, publicada na revista Pilote num pequeno episódio- La Déviation- que se tornou inovador do estilo do desenhador francês Jean Giraud. Nem uma palavra sobre a rapina sem vergonha.








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