segunda-feira, julho 03, 2023

Música para snobs ou André Rieu, como Waldo de los Rios

 Este artigo de Martin Sousa Tavares, no Observador de 27 de Junho passado, merece leitura:










Este fenómeno da "banalização" da música erudita por intérpretes com pendor ligeiro é coisa antiga. Em 1971, um espanhol chamado Waldo de Los Rios fez um grande sucesso europeu com uma versão da sinfonia nº 40 de Mozart. Ainda se pode ver e ouvir no You Tube

E comprova-se pelos recortes da época. Por exemplo, este do Disco, música e moda, de 1 de Junho de 1971:

( imagem tirada da Net, daqui)

Ou no Mundo da Canção de Junho de 1971:


Ou outro "top", da Rock & Folk de Julho de 1971:


Waldo de Los Rios não estava sózinho nesta "vulgarização dos clássicos". Um certo Raymond Lefevre também fazia a sua perninha, como se escrevia na R&T de 7 de Agosto de 1971:


O que está aqui em causa é a suposta vulgarização de música que pode ter outra estrutura estética e artística que aqueles divulgadores simplificam ou banalizam, segundo os critérios do erudito Sousa Tavares ( é mesmo...).
Terá razão? Rieu é o Waldo de Los Rios do século XXI? 
Sousa Tavares diz que "os efeitos da actividade de músicos como André Rieu são nocivos para a saúde cultural de quem os consome".
Parece-me uma coisa patética para se escrever, mas precisa de melhor elaboração. Mais tarde, se calhar...

E aqui vai, pior ainda do que aquela desgraça do Rieu: 

Em 1977-78 surgiu um disco com pequenos trechos de êxitos dos Beatles, tocados em ritmo disco, acelerado, por uns Café Creme e que foi um sucesso imediato. 
Aproveitando a onda, em 1981, apareceu outra coisa intitulada Hooked on Classics,  com música clássica tocada pela Royal Philarmonic Orchestra em toada acentuada por uma batida electrónica gerada por um instrumento de ritmo, o Linn Drum e que teve um sucesso retumbante por essa Europa fora. 


Isto pode ouvir-se aqui e é medonho, comparado com os originais, mas foi um grande sucesso de vendas durante anos a fio e sucessivas edições de outros temas:


Comparado com isto, a banda sonora do filme A Laranja Mecânica, organizada por Walter, mais tarde Wendy Carlos, é um monumento artístico. Tem  alguns temas de música clássica sintetizados electronicamente, resultado da colaboração técnica com Robert Moog, num tempo em que a electrónica musical ainda estava no começo. 

Até o tenho em disco de vinil original, de 1971.

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