sábado, dezembro 15, 2018

O comunismo não desapareceu: a luta é para destruir a Autoeuropa

Leia-se este texto de Helena Matos, no Observador:

«O encerramento da fábrica da Opel de Azambuja, em 2006, deixou no desemprego mais de 1.100 trabalhadores e modificou a vida social e económica deste concelho ribatejano que, uma década depois, ainda lamenta a perda da unidade fabril.

Considerada a segunda maior fábrica de automóveis em Portugal, a Opel de Azambuja – pertencente à multinacional General Motors – fechou as suas portas a 21 de Dezembro de 2006, depois de 42 anos de laboração.


Os responsáveis pela fábrica de Azambuja justificaram o encerramento desta unidade com o facto de a produção de cada modelo Combo ficar mais cara em 500 euros face à da unidade espanhola de Saragoça.

O fecho desta unidade fabril deixou no desemprego mais de 1.100 trabalhadores, dos quais 233 eram residentes no concelho de Azambuja.

Segundo dados da Câmara Municipal local, laboravam também na fábrica trabalhadores residentes em concelhos como o do Cartaxo, Vila Franca de Xira, Alenquer, Santarém, Salvaterra de Magos, Almeirim, Cadaval, Benavente e Coruche.

Além destes cerca trabalhadores foram afectadas mais de 600 empresas que prestavam serviços à Opel em regime de ‘outsourcing’, como serviços de refeitório e limpeza e os funcionários de empresas subsidiárias, como as de logística.

Joaquim Ramos (PS), que em 2006 era presidente da Câmara Municipal de Azambuja,recorda à agência Lusa a “angústia” com que se viveram os primeiros anos depois do encerramento da fábrica.

“Era um ícone da região. Além de ser o maior empregador, tinha um leque salarial acima da média. Até para os dias de hoje”, refere.

O antigo autarca assegura que o executivo municipal de então “fez tudo o que estava ao seu alcance” para tentar “travar o encerramento da fábrica”, mas que tal não foi possível.

“Tive várias reuniões com a direcção da Opel e com o Governo. Depois de ser um facto consumado, os trabalhadores foram sempre acompanhados pelos serviços sociais da Câmara”, aponta.

Joaquim Ramos refere que cerca de quatro anos depois “a situação estava relativamente sanada”, mas ressalva que “será uma chaga que fica sempre em aberto”.

“A maior parte dos antigos trabalhadores teve de mudar de área e habituar-se a outro padrão de vida”, admite.


Esse foi o caso de Rui Mendonça, antigo supervisor da secção de montagem, que hoje é gerente de um alojamento rural na Serra da Estrela.


“Assim que a fábrica fechou decidi mudar de área. No entanto, nunca me irei esquecer, porque a Opel foi uma escola gigantesca. Ajudou-me a construir o meu futuro. Hoje, tanto eu como os meus familiares, não conseguimos comprar um automóvel que não seja Opel”, conta.


Já José Gonçalves, que trabalhava na linha de pintura, recorda o momento em que ali chegou o último carro para pintar: “Eu nunca mais me esqueço da imagem de ver homens, que tinham idade para serem meus pais, sentados na linha a chorar, ao pé de um carro que tinha um letreiro a dizer que seria o último”, diz emocionado.

Depois do fecho da fábrica, onde trabalhou cerca de 20 anos, José Gonçalves conta que nunca mais conseguiu estabilizar: “Foi uma machadada na minha vida profissional. Sinto que tinha um futuro pela frente”.

A mágoa é partilhada por Armando Martins, antigo chefe da secção de pintura, que lançou recentemente um livro sobre os últimos meses de funcionamento da fábrica e no qual deixa “duras críticas” à forma como foi gerido o processo pelas estruturas sindicais e pela Comissão de Trabalhadores.

“Creio que existiram exageros por parte dos sindicatos, que não foram flexíveis. A imagem que passava era de um constante braço de ferro entre os trabalhadores e a administração”, afirma o antigo trabalhador, que considera ter sido a postura do sindicato a acelerar o processo de encerramento.

No entanto, a ideia é totalmente rejeitada pelo sindicalista Navalha Garcia, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas, que acompanhou todo o processo. “Nós tínhamos um diálogo muito forte com a administração e conseguíamos acordos de ano a ano. Não estávamos num processo reivindicativo. Tínhamos era de contrariar a ideia da deslocalização. Fizemos tudo aquilo que estava ao nosso alcance”, assegura.

Uma década depois do encerramento da fábrica da Opel os efeitos “ainda são bastante visíveis”, pelo menos esse é o entendimento do presidente da Associação do Comércio, Indústria e Serviços do Município de Azambuja (ACISMA), Daniel Claro.

“Era a única âncora de desenvolvimento, atracção e afirmação do concelho. Actualmente é um concelho ligado à logística, mas estamos a falar de uma mão-de-obra flutuante e mal paga. Hoje muita gente passa na Azambuja, mas pouca gente cá vem. É um concelho economicamente desertificado”, resume. "


Agora leia-se este artigo da revista do PCP O Militante, deste bimestre ( Novembro/Dezembro 2018): 


Depois da Autoeuropa,  as Carnes Nobre estão na calha...porque já não são uma pequena e média empresa e fazem parte do conglomerado capitalista monopolista e imperialista. Os termos estão todos definidos pelos comunistas há décadas e continuam actuais e fossilizados nas doutrinas que veiculam nessa revista, assinados por gente nova. Gente nova! 
O comunismo português é insaciável, desde o tempo do PREC e destrói tudo em que toca. Há quem dê pouca importância ao comunismo desvalorizando a acção do PCP, um partido de fósseis e não se dê conta destas manobras que o sindicalista Arménio mai-la CGTP arquitectam ao longo destas décadas. 

O PCP é entendido como um partido democrático, do sistema e até faz parte de uma geringonça governativa que já não assusta a União Europeia. 
A Autoeuropa é uma empresa capitalista de uma das maiores empresas capitalistas europeias, a VW que é um dos maiores fabricantes de carros do mundo. É uma empresa semi-familiar, como muitas na Alemanha e não lembraria a nenhum comunista alemão pôr em causa o sistema de produção de bens, neste caso carros que eles lá têm. Capitalista dos mais puros que há. 
A Alemanha é uma social-democracia por causa desse capitalismo. Se não fosse isso, seria uma miséria de país.  Para o PCP nunca existiria a VW ou qualquer outra empresa capitalista de produção automóvel e por isso a Autoeuropa é uma excrescência que urge extirpar de Portugal, em modo "patriótico" como eles dizem. 
É isso que o PCP quer que nós sejamos: uma miséria de país. Porque só na miséria pensam vicejar como força política. Quem não vê isto e continua a condescender com o PCP anda cego de todo. Há décadas. 
Mais: neste momento, esta é a questão político-social que existe em Portugal. Se a Autoeuropa sair de Portugal e a Alemanha capitalista, da VW entender que será melhor assim, sem que possamos fazer nada, será a destruição, a miséria e a repetição em Setúbal do que aconteceu na Azambuja, há um pouco mais de dez anos.

Os comunistas destruíram todas as grandes empresas que nacionalizaram em 1975 com o aplauso geral do PS e de alguma social-democracia pindéria que temos ( o PSD) . Não quiseram aprender as lições porque há sempre teorias económicas veiculadas pelos Louçãs, aprendidas pelos Joões Martins Pereira todos que abundam em Portugal, para explicar que o mal é do capitalismo, sempre. O Estado é que resolve...e todos vão no engodo estúpido.
Os primeiros enganados são sempre os trabalhadores. São as primeiras vítimas. Depois sao todos aqueles que trabalhando e produzindo bens e serviços ainda podem descontar mais impostos ao parco rendimento que auferem.
Porque é preciso manter uma social-democracia pindérica. Sem ricos, sem capital mas com teoria a rodos...
 E não se julgue que isto é mera fantasia de um "reaccionário" de "direita". A lógica que impõe constitucionalmente a proibição da ideologia fascista deveria impedir de igual modo a ideologia revolucionária comunista porque é contrária à democracia que a Europa tomou como modelo.

O comunista Jerónimo, em 7 de Abril de 2014 dizia claramente ao DN:



Isto não é uma proclamação retórica. É mesmo nisto em que acreditam e a destruição da Autoeuropa insere-se nessa estratégia.

É um crime pelo qual o PCP deveria pagar um preço: a sua proibição como partido político. Se isto acontecesse na Alemanha era limpinho. Já o foi,aliás, nos anos cinquenta. O comunismo, na Alemanha não engana ninguém.

Por aqui é aos milhares e milhares, com destaque para a intelligentsia nacional que manda nos media. 

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