terça-feira, dezembro 11, 2018

O ambiente político-judiciário em 2009

Armando Vara, o condenado desesperado, na entrevista de ontem à TVI de Sérgio Figueiredo, confessado amigo de José Sócrates, disse que o juiz C. Alexandre lhe tinha pedido algo há cerca de nove ou dez anos e que tem pensado nisso, entretanto. Até vai escrever um livro sobre o assunto...

Pois bem, tal pedido terá ocorrido em  Novembro de 2009, durante o interrogatório a que foi sujeito por causa do processo Face Oculta [nunca poderia ter ocorrido uma vez que tal interrogatório foi realizado no tribunal de Aveiro pelo juiz de instrução local, António Gomes. A primeira vez que A. Vara foi interrogado por Carlos Alexandre foi em 9.2.2011, no âmbito da instrução do processo que ocorreu  no TCIC e a pedido do próprio Armando Vara. Logo há mais uma aldrabice de Vara, com as datas]
É preciso dizer que nessa altura de 2009 ainda não se sabia o que acontecera nos primeiros meses de Verão, com as escutas entre Vara e Sócrates que foram mandadas destruir pelo pSTJ. Só meses mais tarde se soube e portanto quem sabia e tinha o poder de divulgar, até durante o Verão e na campanha eleitoral desse ano ( cujas eleições em Setembro desse ano,  o PS de Sócrates ganhou com maioria relativa)  não o fez. Guardou segredo de justiça. Mas houve quem o violasse no dia 24 de Junho desse ano, informando Armando Vara e José Sócrates que andavam a ser escutados...

Foi neste ambiente político-judiciário que o juiz Carlos Alexandre pediu a Armando Vara para influenciar alguém de direito e ser nomeado director do SIS, como deixou entrever ontem, sem se demarcar da insinuação repetida pelo entrevistador? Enfim, quem se atrever a corroborar uma coisa destas ou é estúpido ou não tem memória.

No início desse ano, José Sócrates fora fustigado com o caso Freeport que o antigo PGR designava patuscamente como fripó.

Como se pode ler aqui num recorte da revista Sábado de 5 de Fevereiro desse ano, o ambiente no Ministério Público era tenso, por causa do PGR ( que defendia mais Sócrates do que os magistrados do caso) e havia suspeitas de o SIS ou entidades espúrias andar a vigiar magistrados, incluindo o juiz Carlos Alexandre.


Em 10 de Fevereiro o CM dava conta de uma proposta que não passou no CSMP, de desagravo aos magistrados do Fripó, por oposição de dois juristas. Uma a mulher de Rui Pereira, Fernanda Palma e outro o advogado João Correia, ambos com ligação ao PS profundo, da Maçonaria.


Em 25 de Junho de 2009 o defunto jornal 24H, do presunto jornalista Pedro Tadeu publicava esta magnífica primeira página, já desactualizada no dia anterior ( por causa da violação de segredo de justiça):



Em 24 de Setembro, o mesmo jornal defunto do mesmo presunto jornalista de fretes, andava assim, em campanha. Ninguém sabia nada do Face Oculta ou das escutas sobre a TVI, a não ser os próprios que sabiam da investigação a abortaram o negócio. Vara estava por dentro de tudo, naturalmente. A história já foi contada aqui:


Em 21 de Maio de 2009 a revista Sábado mostrava muito bem o que era este meio político-judiciário e quem eram alguns dos seus actores mais importantes, no seio da magistratura.



Provavelmente, alguns destes juízes são os amigos que Armando Vara ontem citou mas não nomeou. Há nomes que se repetem no "organigrama" e o de Mário Belo Morgado é um deles.

Apesar disto, em 27 de Dezembro de 2009 o juiz Carlos Alexandre teve oportunidade e liberdade de falar à revista Domingo do Correio da Manhã, assim e que na altura foi comentado aqui:


Hoje o mesmo juiz não tem a mesma liberdade de expressão. Porquê?
É fácil de entender: por tudo o que se passou a seguir a esse ano... e que agora culmina com a atoarda lançada por Armando Vara ontem na entrevista na TVI.

Neste panorama está-se mesmo a ver tal juiz, no interrogatório de Novembro de 2009 [ ou mesmo no de 9.2.2011]  a solicitar ao mesmo Armando Vara os bons ofícios maçónicos e não só, para integrar a fileira de colunáveis, alguns mencionados expressamente naquele "organigrama" acima publicado.

Não está?! Enfim.

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