Este artigo de Vergílio Ferreira apareceu no Expresso de 25 de Abril de 1981 e trata de viagens e turismo. O autor começa logo por dizer que não gosta de viajar e depois aponta alguns exemplos célebres de viajantes imóveis e sonhadores despertos ( expressão de uma das canções de Georges Moustaki, Le Méteque), como se fossem caçadores de paradoxos, porque alguns deles conheciam o mundo inteiro sem sairem da sua própria terra.
Seja como for, viajar, hoje em dia é uma benesse do turismo massificado e embaratecido. Qualquer pessoa, se quiser mesmo, vai a qualquer lado por pouco dinheiro.
Enfim, há viajantes em Portugal que deram a volta ao mundo várias vezes e pouco ou nada aprenderam e outros que nem saíram de cá e sabiam tudo. Nem é preciso dizer nomes, que aliás Vergílio Ferreira também não diz.
Isto tudo para dizer que este blog fica suspenso por oito dias porque são férias. E às vezes é um prazer não ter que cumprir um dever.
31 comentários:
Boas ferias, Jose.
Obrigado. Sem acentos, já vejo que também está...
BEM ESCRITO.
BOAS FÉRIAS.
Boas férias! Aproveite!
E, se for o caso, alembre-se de levar um pára-vento não venham por aí a assoprar uns funestos ventos da história a apanhá-lo desprevenido!
eheheh!
Boas férias.
Cumpts.
P.S.: pára-ventos de cinco paus por dois contos no continental bazar.
Para onde vou os ventos sopram sempre de feição...ahahahah.
Boas férias, também.
Boas férias.
Há quem não possa viajar.
Obrigado por nos trazer Vergílio Ferreira.Entre outros é boa companhia para férias.
josé j.
Para onde vou os ventos sopram sempre de feição.......
Há homens com sorte ou audazes...
Boas férias
Bom repouso.
Boas férias.
Que o sol doire com ou sem literatura; ler os seus postes é tudo menos uma maçada!...
Não vingou , essa apologia da quietude . Mas registei a ideia ( não a conhecia , quanto não fosse por isso , o mérito de a ter mostrado , achei brilhante a indução final ) : outro melhor a defendeu Bernardo Soares vd 452, o livro do desassossego . Boas férias, José .
« O único viajante com verdadeira alma que conheci era um garoto de escritório que havia numa outra casa, onde em tempos fui empregado. Este rapazito colecionava folhetos de propaganda de cidades, países e companhia de transportes; tinha mapas – uns arrancado de periódicos, outros que pedia aqui e ali –; tinha, recortadas de jornais e revistas, ilustrações de paisagens, gravuras de costumes exóticos, retratos de barcos e navios. Ia às agências de turismo, em nome de um escritório hipotético, ou talvez em nome de qualquer escritório existente, possivelmente o próprio onde estava, e pedia folhetos sobre viagens para a Itália, folhetos de viagens para a Índia, folhetos dando as ligações entre Portugal e a Austrália.
Não só era o maior viajante, porque o mais verdadeiro, que tenho conhecido: era também uma das pessoas mais felizes que me tem sido dado encontrar. Tenho pena de não saber o que é feito dele, ou, na verdade, suponho somente que deveria ter pena; na realidade não a tenho, pois hoje, que passaram dez anos, ou mais, sobre o breve tempo em que o conheci, deve ser homem, estúpido, cumpridor dos seus deveres, casado talvez, sustentáculo social de qualquer – morto, enfim, em sua mesma vida. É até capaz de ter viajado com o corpo, ele que tão bem viajava com a alma.
Recordo-me de repente: ele sabia exactamente por que vias-férreas se ia de Paris a Bucareste, por que vias-férreas se percorria a Inglaterra, e, através das pronúncias erradas dos nomes estranhos, havia a certeza aureolada de sua grandeza de alma. Hoje, sim, deve ter existido para morto, mas talvez um dia, em velho, se lembre como é não só melhor, senão mais verdadeiro, o sonhar com Bordéus do que desembarcar em Bordéus.
E, daí, talvez isto tudo tivesse outra explicação qualquer, e ele estivesse somente imitando alguém. Ou ... sim, julgo às vezes, considerando a diferença hedionda entre a inteligência das crianças e a estupidez dos adultos, que somos acompanhados na infância por um espírito da guarda, que nos empresta a própria inteligência astral, e que depois, talvez com pena, mas por uma lei alta, nos abandona, como as mães animais às crias crescidas, ao cevado que é o nosso destino.»
Citei , não resisti .
:) Boas férias !
Boas férias. Obrigado pelos textos disponibilizados
desejo que as férias tenham sido boas
recomendo a leitura de
'memórias de um rústico erudito'
do Prof de filologia Raúl Miguel Rosado Fernandes
dirigiu a CAP numa fase dificil depois de totalmente roubado
no prec
« -você é um anticomunista primário
-anticomonista universitário»
um verdadeiro SENHOR
Esta prosinha de Vergílio deixa uma sombra: era assim que escrevia nos jornais o maior romancista portuga do séc. XX? Que texto mais mal amanhado. Que acervo de banalidades. Que descuidos e incompreensões. Vergílio sabia muito bem o que foi o Grand Tour e o que antes foram as peregrinações. Terá esgalhado esta croniqueta enquanto corrigia provas da Conta Corrente? Só pode. Boas vacanças.
Peregrinações não eram propriamente turismo.
Também acho que não se aprende a viajar, assim como detesto turismo.
Mas o prazer da viagem é outra coisa.
Pode até ser apenas o som do vento, sentido pela janela do automóvel.
Deixo aqui um belo exemplo desse "sublime" tratado pelo Bill Viola
https://app.box.com/shared/static/1dw8bbzyl8qfhqxcpo1r.mp4
E aqui, no final
https://app.box.com/shared/static/msgphq3okxoprpoemlf2.mp4
Hoje é dia de CAVALO DINHEIRO e o resto é conversa.
Boas férias, José!
O Sr. Aníbal devia ter vergonha na cara.
Então comenta habitualmente neste blogue 'reaccionário' e vem agora promover um filme de um autor radical de esquerda?
Que raio de coerência é essa?
Vá comer sopas de CAVALO cansado!
andamos a
'percorrer seca e meco e vale de Santarém'
Ó Aníbal, radical hoje em dia é não ser de esquerda (incluindo a passa por direita)...
Que é isso, Cavalo Dinheiro?
1. Seca e Meca e Olivais de Santarém... (Viagens, cap. IX)
2. Peregrinação não era propriamente turismo? Cos diabos, nunca tal ocorreria a quem traduz peregrinationes. Obrigadíssimo.
Sim. E também tivemos o Infante das Sete Partidas
Mas que é que isso tem a ver com o que diz o José ou o mesmo o Vergílio Ferreira?
Nada.
è que nem deve ter lido o texto do VF
Porque o que ele diz é que depois desse sentido de viagem de descoberta e aventura, resta o turismo plastificado.
E esse não propicia conhecimento algum mas serve para exibir em salão.
Eu fiz Portugal inteiro de mochila às costas e transporte público, para estudar igrejinhas e sei que só assim se pode ter algum contacto com o povo e com a realidade das localidades.
Cheguei a fazer o mesmo percurso com amigos, de automóvel e não se conhece rigorosamente nada de nada.
Aliás, entendo bem o que o José diz porque somos da mesma geração- a dos interailes- e eu também sempre fui muito mais sede3ntária
O que eu digo é que viagjar é outra coisa- é um prazer sensitivo e de descoberta.
Não consigo chegar a uma localidade, mesmo tarde, sem ter de ir inspeccionar tudo à volta. E procuro sempre o centro histórico" - porque há-de ser a partir daí que a história da terra se desenvolveu.
Mas isso é um instinto de outra ordem- é o olhar da descoberta.
Não é daí que vem conhecimento teórico
Mas olhe, já tive esta discussão com outras pessoas a propósito daquilo a que chamam o famigerado colonialismo.
Até os viajantes como o James Cook passam por sacanas que só se metiam ao mar e à aventura por instinto predatório.
É mentira- temos instinto exploratório- no sentido de vontade de conhecer e curiosidade pelo desconhecido- como os animais e a ele devemos a primeira grande globalização feita pelos portugueses das Descobertas
Têm uns, na volta os outros que não têm fazem turismo para depois dizerem que também já lá estiveram.
AHAHHAHAHAHA
pois, também fiz interail... de mês inteiro... e isso é 'peregrinar', coisa que o VF nunca fez, peregrinar, explorar, e foi uma pena porque ficou assim, um escritor de chinelos. Convºem não confundir isto, a necessidade de viajar, de fazer turismo, o grand tour no séc. XVIII começa o moderno turismo, com passeatas de peixotos patéticos. O que quis dizer é que a crónica de VR, que li, é fracota de tão banal que hoje não falta gente a escrevinhar as mesmíssimas ideias.
Quanto a isso pode ter razão.
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