Fala para dizer que esta coisa do BES foi uma surpresa, para ele que era membro da comissão de remuneração do BES . O entrevistador sistémico Paulo Ferreira ( o que arranjou o programa semanal a Sócrates, na RTP1) não lhe perguntou, mas à sigla Eurofin, Proença responderia com aquele ar seráfico de surpresa estudada: "quem?! Nunca ouvi falar em tal coisa..." Sobre a sigla RERT, acrescentada da numeração romana I,II e III, diria que sempre tocou baixo e bateria, secção rítmica no trio los dos. E por aí fora.
À sugestão do entrevistador sistémico sobre o papel que poderia desempenhar como novo "dono disto tudo", Proença "nem pode comentar".
Mas nós podemos. Para dizer que Proença de Carvalho é um dos figurões disto tudo. Um dos ajudantes qualificados disto tudo.
A "bête noire" de Proença, ao longo dos anos tem sido a Justiça enquanto sistema. Não lhe agrada porque persegue os inocentes que defende. Sobre o grupo de advogados que defendem os "poderosos" por contraposição aos meios do Estado para lograr a Justiça, Proença contraria o senso comum para dizer que o Estado ( MºPº) é que tem todos os meios ( escutas, buscas, etc.) e os pobres suspeitos pouco ou nada porque lhes retiram poderes de defesa, coitados.
Como exemplo concreto cita o caso das acusações do BdP ao BCP, elaboradas em centenas de páginas, para criticar a extensão das mesmas e de caminho os poderes públicos do Estado ( "aquilo é quase penoso, não conseguimos perceber onde é que estão os factos") .
Proença não refere, certamente por esquecimento, o caso singular de terem sido firmas de advogados como a Sérvulo e a Vieira de Almeira a assessorar o próprio BdP, ( mediante contratos de centenas de milhar de euros) nas contra-ordenações instauradas contra o BCP.
Logo, tais acusações, mal feitas no ponto de vista de Proença, terão sido elaboradas por essas firmas...o que o entrevistador sistémico também não questiona.
Por outro lado , a Justiça, particularmente a Penal é mais uma vez fustigada por Proença de Carvalho. "Há cumplicidades evidentes entre alguns magistrados e alguns meios de comunicação social", diz Proença, sem lembrar as cumplicidades entre certos advogados como Proença e certos políticos e jornalistas, como o entrevistador.
De resto para entender as piruetas de Proença quanto à Justiça nada melhor que mostrar a sua defesa processual no caso BIP, quando um advogado amigo de Proença ( Fernando Cruz) foi preso pela Judiciária ( então com um modelo que Proença quer repristinar agora) em 13 de Dezembro de 1974.
Aqui ficam alguns extractos dessa defesa, publicados no livro "Cinco casos de injustiça revolucionária" , publicado pelo próprio Proença de Carvalho em 1976, em "edição de autor".
Como se pode ler, clicando nas imagens e ampliando, Proença, na altura de Dezembro de 1974, defendia uma investigação criminal independente do governo e do poder executivo e até citava o nazismo a seu favor na defesa dessa tese. Mencionava os motivos políticos da acusação feita ao seu cliente e procurava sustentar que só uma investigação criminal autónoma do poder político poderia garantir uma melhor defesa da Justiça.
Hoje em dia Proença defende precisamente o contrário e provavelmente porque sabe que tal lhe será mais favorável na defesa dos interesses daqueles que costuma patrocinar...
1 comentário:
no começo dos anos 50 conheci casualmente um velho boémio que era
Barrigas pelas parte da mãe e Carvalho pela parte do pai
pelas suas falas delicadas faz-me lembrar um industrial que conheci muito bem e era alcunhado de
'fode mansinho'
estamos entregues aos bichos por parte dos poderosos e dos seus defensores
consta que as magistraturas também dão uma mãozinha
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