domingo, agosto 30, 2015

Veja, o exemplo


A revista brasileira Veja desta semana traz estes artigos sobre o assunto da corrupção no Brasil, do sistema político e do poder judicial e as suas interacções.

O modo como esta revista, aparecida em 1968,  na editora Abril ( a mesma que editava os livrinhos do Pato Donald e a Capricho que por cá se vendiam como modelos de cultura popular) da família Civita tratava os assuntos parece-me exemplar de um jornalismo que não temos e possivelmente nunca tivemos.
Em Setembro de 1968 o Brasil não era uma democracia modelar mas tinham uma liberdade de imprensa que por cá não existia o que se revela na capa do primeiro número: sobre o "grande duelo no mundo comunista", com uma apresentação gráfica de uma foice e martelo em fundo vermelho. Coisa impensável no Portugal de então.

Ao longo dos anos, a linha editorial da revista manteve-se num padrão de qualidade acima de qualquer um dos que já experimentamos em Portugal. E tivemos, desde há 40 anos oportunidade para aprender como deve ser o jornalismo de que a Veja é um modelo, a par de outros internacionais de alto gabarito.
Por cá a referência mais próxima seria o Expresso, não se desse o caso de nunca ter sido esse modelo, nem sequer em aproximação. O jornaleco de Francisquinho Balsemão nunca ultrapassou essa fasquia de menoridade, cingindo-se sempre a um situacionismo que moldou uma parte da intelligentsia nacional que não pensa e não lê o que vem lá de fora.
Se Ramalho e Eça fossem vivos, o jornaleco seria certamente o alvo das maiores farpas que a dupla escreveria hoje em dia.
Depois houve o grupo da esquerda democrática de pendor socializante, corporizada no O Jornal e depois na Visão que sintomaticamente faz parte agora do mesmo grupo do tal Francisquinho da Sic.

O Jornal e as suas  sequelas, com os diversos ersatz ( Sete, Jornal da Educação, revista de História) nunca foram além da chinela de uma esquerda ideologicamente marcada que contamina hoje quase toda a imprensa nacional, com destaque para o Público, do mecenas Belmiro que tem medo de sofrer as consequências em fechar essa fonte de prejuízo permanente.
Os demais, como o Diário de Notícias, Jornal de Notícias e associados editoriais funcionam como uma espécie de veículos de propaganda dos beneficiários directos dessa corrupção instalada em Portugal há quase trinta anos. 

Essa esquerda que cristalizou num partido Socialista atavicamente corrupto desde Macau,  tem merecido os favores dos que se agremiam no movimento "contra a austeridade" e contra o "neo-liberalismo", como há quarenta anos eram pela democracia popular e pelo socialismo mesmo sem democracia de tipo ocidental.

É por essas e outras razões que não temos em Portugal um único órgão de informação digno desse nome. O grupo do Correio da Manhã é o único que se lhe aproxima mas fá-lo num registo que não é o mesmo e que tem como mira o número de vendas e audiências, apenas, mau grado alguns dos seus valorosos jornalistas por aqui citados algumas vezes. Não se lê em lado nenhum em Portugal uma linha editorial como a que se espelha nesta revista brasileira e cujo número desta semana mostra o que deveria ser o panorama da nossa imprensa se houvesse pejo, dignidade e um módico de lucidez democrática nos jornalistas em geral, segundo os princípios que dizem sempre seguir e citam amiúde mas apenas servem para confundir o leitor.


A Veja coloca na capa a frase-chave que por cá seria impossível porque ninguém nos media respeita esse preceito fundamental: "iguais perante a lei".  E passa todo o assunto a enaltecer o modo como a Justiça brasileira se modificou gradualmente e passou a protagonista- sim, é mesmo essa a palavra empregue- das mudanças políticas no Brasil infestado pela corrupção, agora de uma Esquerda cristalizada num PT que é uma espécie de PS.
O Judiciário entrou na política, não para "politicar" como dizia a Lula luminária, companheiro de aventuras do recluso 44, mas para exercer o seu papel fundamental de equilíbrio social. O articulista J.R. Guzzo ( sem paralelo em Portugal) escreve que "Não é possível haver civilização se não há estabilidade e não é possível haver estabilidade sem um sistema judicial que funcione com clareza, para todos e durante o tempo inteiro".

Esta afirmação, por cá, no panorama do nosso jornalismo soa estranha, porque a preocupação dos jornaleiros tipo Camões é o de questionar sempre as decisões judiciais que afectam os indivíduos que lhes arranjaram a vidinha e particularmente questionar a magistratura e os seus representantes mais vulneráveis, porque solitários, como o juiz Carlos Alexandre.

No Brasil, as coisas apresentam-se diferentes e tornam-se agora um exemplo do que deveríamos seguir.

Esse tal Camões, ao ler esta revista sentirá náuseas, pela certa. Ou então desprezará o que aqui vem escrito. É o mais certo...
Quanto à dupla Ricardo-Nicolaço, a cretinice nem lhes permitirá enxergar o tema.









3 comentários:

Floribundus disse...

nestes falidos socialismos do rectângulo não temos nem teremos:
democracia
estado social
jornalismo sem censura
justiça
economia que suporte as despesas do estado

abunda corrupção, mas não há corruptos

há telenovelas e 'pugramas' para cretinização do pagode

fute semanal

temos Bábá e o 44

o funeral terá lugat em outubro

José Domingos disse...

O jornalixo nacional, não passam de moços de fretes. Tratam da vidinha deles, pequenina e miserável.
Servem qualquer amo.

Floribundus disse...

austro-h+ungaro Theodor Herzl (1860-1904) Net

Em 1894 ele interferiu no Caso Dreyfus, que desvelou na Europa o latente anti-semitismo.
Em 1895 ele escreveu "O Estado Judeu". A principal idéia do livro era que a melhor maneira de formar um estado judeu era formar um congresso sionista formado apenas por judeus. Da idéia partiu para a prática e, pouco tempo depois, já havia formado o "Sionismo Político". No dia 29 de agosto de 1897 foi realizado o primeiro congresso sionista desde a diáspora, em Basiléia. Durante o congresso foi criada a Organização Sionista Mundial, e Herzl foi eleito presidente.

general Allenby 2.xi.1917 apresentou a declaração Balfour (concertada com Rothchild) onde prometia promover o estabelecimento dum estado judaico na Palestina