sábado, outubro 08, 2016

A Esquerda socialista derrotou o capitalismo em Portugal.

 Este postal foi publicado aqui em 9.4.2015 e relata uma pequena polémica travada na imprensa- Vida Mundial de finais de 1974- entre João Martins Pereira, um fervoroso adepto da Revolução Permanente.

É uma das figuras mais importantes do PREC e a sua entrada na Wikimedia diz isto:
 
Entre Março e Agosto de 1975 foi secretário de Estado da Indústria e Tecnologia do IV Governo Provisório, presidido por Vasco Gonçalves, no ministério da Indústria e Tecnologia, tutelado por João Cravinho [3], e foi o autor da nacionalização das grandes empresas industriais: siderurgia, cimentos, estaleiros navais, química pesada, petroquímica e celuloses.[4]
Fez parte da redacção da revista Seara Nova, foi fundador e colaborador da segunda série da revista O Tempo e o Modo, coordenador da secção de Economia da revista Vida Mundial, director interino do semanário Gazeta da Semana e director da Gazeta do Mês.
Foi autor de inúmeros ensaios e artigos de opinião e de vários livros na área da economia industrial e da história da indústria e do capitalismo em Portugal. Entre as suas obras, destaca-se: À esquerda do possível (1993), com João Paulo Cotrim e Francisco Louçã, 'O socialismo, a transição e o caso português, Indústria, ideologia e quotidiano e Para a História da indústria em Portugal (2005).

João Martins Pereira foi ainda pessoa ligada a João Cravinho, em ambiente governativo no tempo do PREC. 
 Esta ligação é o elo que falta para se resolver a equação acerca da tragédia em que a Esquerda nos mergulhou colectivamente há 40 anos.


Tenho escrito e parece-me cada vez mais evidente que após o golpe militar de 25Abril de 1974, se mantivéssemos o sistema produtivo que existia à época, com  os capitalistas e grupos económicos subsistentes e a organização social assente nos valores então prevalecentes, teríamos ultrapassado a crise que então se apresentava no nosso país e ter-nos-íamos tornado noutro país, mais próspero e moderno.

No fundo, se tivéssemos mantido o anterior regime, liberalizando o sistema político e encontrado uma solução para o problema do Ultramar, não andaríamos hoje a discutir três bancarrotas em menos de 40 anos e uma situação económico-social que se afigura preocupante, com figurinhas políticas de baixa extracção e um ex-primeiro-ministro preso por corrupção.

Essa noção torna-se para mim mais evidentes quando se contrasta o pensamento politico-económico dos que alteraram as regras do jogo, nos meses a seguir ao 25A, ou seja a esquerda, incluindo a socialista democrática, com o que então era a nossa tradição e que aliás seguia a europeia, capitalista e burguesa.

O melhor exemplo que se pode ler para tal poder demonstrar-se reside no que sucedeu ao grupo Champallimaud, logo a seguir ao 25 de Abril.

Nestes recortes de revista Vida Mundial  de finais de 1974 e início de 1975 mostra-se o que pensava essa esquerda e o que dizia e pensava o próprio Champallimaud.

Preparando já o assalto às empresas privadas e grupos económicos que ocorreu após o 11 de Março de 1975, João Martins Pereira, falecido há relativamente pouco tempo e que era uma espécie de guru dos Louçãs e companhia esquerdista habitual, questionava na revista, no número de 5.12.1974,  a Siderurgia de Champallimaud.


Este, no número de 9 de Janeiro, respondia-lhe assim:
 




João Martins Pereira respondeu no número seguinte:


A resposta de JMP, do tipo das que Louçã hoje em dia debita  habitualmente na SICN ou na TV3 ou seja onde for, como grande komentador da esquerda socialista, falha na explicação de uma coisa prosaica e simples de entender e que Champallimaud dizia claramente:

"Tivesse tido a Siderurgia Nacional o Estado como proprietário e ela não passaria hoje de um lamentável empreendimento a custar ao erário público, isto é, a todos nós, fortunas sobre fortunas, contribuindo, como tantos outros negócios para que alguns políticos impelem o Estado, para o agravamento sucessivo dos impostos e o retardamento da elevação do nível de vida da população".

 Foi exactamente isto que se produziu dali a meia dúzia de anos, já com uma bancarrota em cima.

A esquerda, essa, nada aprendeu, nada esqueceu e está na mesma, passados estes 40 anos.

Por isso estamos como estamos.

Quanto ao resto, ou seja aos recortes destes "pasquins",  é preciso lê-los para se entender o que informam.  Basta clicar nas imagens e ampliá-las noutra página...a não ser que não se dê qualquer importância a isto e tudo continue como dantes, na tranquilidade do realismo fantástico ou da loucura ambiente da esquerda reinante. A diferença entre ambos reside apenas no lugar de observação...

13 comentários:

zazie disse...

Pois reside

muja disse...

Mas como é que reside?

O que é que esses recortes informam que quem tenha dois dedos de testa não calcule, infira e conclua desde logo?

É mesmo preciso ler o paleio desse tal Pereira para se entender o que é e o que pretende?

Ou as palavras de um milionário para se ter uma medida de entendimento comum sobre economia?

Não estou a perceber o que poderia o realismo fantástico fazer que não faz e outros façam...



muja disse...

Porque é curioso como há certos símbolos que quem vê símbolos em todo o lado parece não ver.

Como a guerra é, simbolicamente, o fulcro de tudo o que ainda vivemos. E sendo o símbolo central, com tudo tem paralelos e ligações.

Tal como em relação à guerra, nos dizem hoje que a economia dantes estava perdida, fechada, estagnada, etc. Tal como em relação à guerra tivemos a fase dita exemplar, em curso. E, tal como em relação à guerra, ficaram ao depois as consequências. Só que, não como a guerra, que ficou lá (materialmente, pelo menos) as consequências ficaram e estão cá.

Isto assente, como é que alguém uma imagem e não vê a outra?

Mais, como é que alguém não vê que uma e outra são indissociáveis e que a ruína moral preceda e envolva, fatalmente, a ruína material?

Que um povo que abdica de si próprio não pode, forçosamente, ter nada de seu?

José Domingos disse...

A Alemanha vai pagar uma pipa de massa aos gay´s que foram condenados por isso mesmo, entre 1945 e 1970.
E eu a julgar pelo que se apregoa cá pelo jornalixo, que era só em Portugal que o obscurantismo reinava, nessa longa noite fassista e bafienta.
Estou mais descansado

jbp disse...

Isto não é um país, é um hospital psiquiátrico a céu aberto com 10 milhões de utentes.

Floribundus disse...

Sol
« Pedro Nuno Santos, o homem forte da geringonça:
"Antes havia uma uma ala esquerda no PS, hoje há uma pequena ala direita"

mais um 'ORÇAMINTO'

majoMo disse...

Escreveu Champallimaud, no transcrito, o que "sr. Martins Pereira oferece aos portugueses é a miragem miraculosa de uma nova mini-siderurgia”.

João Martins Pereira – secretário de Estado da Indústria e Tecnologia do IV Governo Provisório, presidido por Vasco Gonçalves – teve nesta fase a excelente oportunidade de criar “uma nova mini-siderurgia” com “tanta ciência aplicada na administração das empresas e dos préstimos duma planificação central marxista” (Champallimaud)…

Quando convidado por João Cravinho para o governo de Vasco Gonçalves, disse Martins Pereira a Cravinho: “Isto agora é que é. Ou pegamos nisto e levamos isto para a frente ou isto perde-se”.

E a coisa foi para a frente… A "ciência aplicada" a uma "planificação central marxista" foi aplicada pelo douto João Martins Pereira finalmente:

A missão que coube ao secretário de Estado foi histórica: as nacionalizações das grandes empresas industriais [nomeadamente a Siderurgia…].

Contentíssimo e iluminado – nacionalizou as empresas do seu ex-Patrão…

Elites portuguesas no seu melhor…

josé disse...

Um criminoso, puro e simples. Um crime de grande vulto e que nos marcou a vida colectiva durante décadas.



O Cravinho? Pior ainda, com uma agravante: passou incólume por estes crimes, como se fosse um herói.

Neo disse...

A esquerda nunca derrota o capitalismo. Mais nenhum sistema económico funciona com tanta eficiência. O que eles fazem é sabotar o capitalismo e saquear.
A esquerda abomina os ricos e adora a riqueza.

http://intereconomia.com/economia/mundo/fidel-castro-mas-rico-la-reina-inglaterra-segun-forbes-20161008-2039
(retirado da Lura do Grilo)

Mais este:
https://megaricos.com/2016/02/27/hugo-chavez-y-su-familia-saquearon-las-riquezas-de-venezuela-para-convertirse-en-multimillonarios/

And so on para Castros e companhia...

josé disse...

A Esquerda, em Portugal, derrotou o capitalismo que tínhamos em 1974. Completamente e sem remissão.

Os capitalistas de hoje são anões em relação aos que existiam e se o sistema não foi derrotado, foi muito capado.

josé disse...

Basta ler o que o PCP escreve sobre as "conquistas de Abril" para perceber o que sucedeu: uma derrota dos nossos capitalistas de então, com reflexos muito sérios e duradouros no sistema que temos.

Ter consciência disto parece-me meio caminho andado para recuperar o que se perdeu.

É preciso fazer tudo ao contrário dos princípios que esta geringonça defende.

Floribundus disse...

´nos próximos 5 anos a geringonça, com a ajuda do beijoqueiro

tranformará o rectângulo no país mais pobre da Europa
sem possibilidade de conserto

preparem-se para o pior

por ora isto é só o prefácio

Maria disse...

"Blogger Neo disse...

A esquerda nunca derrota o capitalismo. Mais nenhum sistema económico funciona com tanta eficiência. O que eles fazem é sabotar o capitalismo e saquear.
A esquerda abomina os ricos e adora a riqueza."

José, repare na última frase que Neo escreveu. Nunca nada caracterizou tão bem o que é a esquerda, toda ela, da extrema à moderada, na sua verdadeira essência. Basta vermos como eram e o que faziam na vida estes fazedores de 'democracias' que andaram pelos vários países capitalistas e ditaduras de direita nos cinco Continentes onde lhes foi permitida a entrada. Deitarem abaixo esses regimes capitalistas e em sua susbtituição introduzirem, uns à força das armas e outros com falinhas mansas e a compra das instituições respectivos dirigentes com influência decisiva nas massas, para assim mantê-los sob seu completo domínio e controlo para todo o sempre. Quando tal lhes é impossível, provocando revoluções artificiais com a colaboração de uns tantos agitadores profissionais subreptìciamente introduzidos nos países a dominar, arrastando povos levados inconscientemente para a luta, com o subsequente derrube dos supostos ditadores e respectivos regimes.

Foi exactamente o que aconteceu em Portugal e antes de nós, em vários outros países com regimes de direita, ditatoriais e/ou autoritários, à volta do Globo. Nuns mudam o regime à força das armas, noutros, os menos recalcitrantes, à custa de aliciamentos aos antigos dirigentes e principais responsáveis militares. Depois, naqueles mais difídeis de dobrar a coluna, com chantagens, sobornos, ameaças e, como último recurso, saneamentos selvagens que resolvem logo o problema de raíz. E se nada disto resultasse, o cometimento de atentados e crimes de sangue.

Se compararmos o resultado de todas as façanhas diabólicas da esquerda comunista e socialista nos países onde lhes foi permitida a entrada sob o falso pretexto da mudança de um regime estabelecido e em desenvolvimento económico sustentável, para uma democracia, temos o filme completo e a cores do que esta gente/seita é capaz para levar a cabo os seus intentos desestabilizadores da paz social e da ordem estabelecida nesses mesmos países. E se quisermos ser mais objectivos e verdadeiros, a sua vontade satânica de destruir tudo o que económica e polìticamente estava a ser feito correctamente e em perfeita e pacífica evolução, para fingirem ir refazer tudo de novo em benefício desses povos, mas claro que a ideia deles era/é dar cabo da economia dos países e da felicidade e progresso desses mesmos povos. Se dúvidas houvesse bastaria olhar para o que fizeram ao nosso País e nos últimos anos aos países do Norte d'África e aos do Próximo e Médio Oriente, contabilizados que estão milhões de mortos provocados em todos estes países, no nosso incluído, com a introdução da famigerada democracia. Para único e exclusivo usufruto da esquerda comunista e socialista, está claro.

O Público activista e relapso