terça-feira, agosto 06, 2019

As palavras que faltam nas notícias do CM

CM de hoje:


CM de 6.7.2019:



Notícia do JN de 5.7.2019, no próprio dia dos factos:

A Polícia Judiciária está a investigar a morte de um homem atingido, esta sexta-feira, pelo "disparo de uma arma de fogo" em Vila Nova de Foz Côa, distrito da Guarda.

Segundo apurou o JN, tudo indica que a morte do indivíduo tenha acontecido em contexto de retaliação e vingança no seio da comunidade cigana. A vitima casou com uma menor no norte do país mas terá interrompido a relação, o que terá desagradado à família da jovem.


O pretenso homicida será da família da mulher de quem a vítima se separou. O homem regressou a Foz-Côa, onde tem parentes e, depois de vigiado e seguido, foi morto a tiro esta manhã.


Explicação do Notícias ao Minuto:

Foi detido pela Polícia Judiciária o coautor foragido de um homicídio que ocorreu no dia 5 de julho e que vitimou um homem de 39 anos, em Vila Nova de Foz Côa. O suspeito foi detido na manhã deste domingo em Reguengos de Monsaraz.

Recorde-se que a vítima foi surpreendida e atingida mortalmente por um disparo de uma arma de fogo quando estava na sua própria casa. De acordo com a força de segurança, o crime terá ocorrido na sequência do fim de um casamento, envolvendo uma filha menor da vítima com apenas 13 anos de idade
.

A notícia correcta, politicamente incorrecta deveria ser esta: 

No dia 5 de Julho passado, em Vila Nova de Foz Côa, um indivíduo de etnia cigana foi morto a tiro, por outros da mesma etnia, em resultado de retaliação e vingança. O motivo terá a ver com a infidelidade no casamento da vítima, de 39 anos, com uma menina de 13 anos da mesma etnia. 

O que falta nas notícias do CM? O essencial da explicação do crime. A menção à etnia dos protagonistas, ao motivo real do crime e à idade dos intervenientes. Talvez a CMTV mande lá a Tània Laranjo, à comunidade cigana para tirar a limpo mais este caso Grilo, passando tudo a pente fino a fim de arrasar a concorrência...afinal um casamento com uma menina de 13 anos é coisa de nota. Ou não?  

É sabido que a idade mínima para o casamento é de 16 anos. É sabido ainda que o relacionamento sexual ou apenas a prática de actividades sexuais de relevo com menores de 14 anos é um crime punível como pedofilia- vidé artº 171º do C. Penal.

Artigo 171.º
Abuso sexual de crianças

1 - Quem praticar acto sexual de relevo com ou em menor de 14 anos, ou o levar a praticá-lo com outra pessoa, é punido com pena de prisão de um a oito anos.
2 - Se o acto sexual de relevo consistir em cópula, coito anal, coito oral ou introdução vaginal ou anal de partes do corpo ou objectos, o agente é punido com pena de prisão de três a dez anos.
3 - Quem:
a) Importunar menor de 14 anos, praticando acto previsto no artigo 170.º; ou
b) Actuar sobre menor de 14 anos, por meio de conversa, escrito, espectáculo ou objecto pornográficos;
c) Aliciar menor de 14 anos a assistir a abusos sexuais ou a atividades sexuais;
é punido com pena de prisão até três anos.
4 - Quem praticar os actos descritos no número anterior com intenção lucrativa é punido com pena de prisão de seis meses a cinco anos.
5 - A tentativa é punível.


A lei contempla excepções para comunidades específicas? Nem pensar! Afinal  são todos cidadãos que não podem ser discriminados em função de etnias. A  nossa lei é jacobina e a noção de abuso sexual de crianças é rígida e inflexível. Basta que sejam da idade prevista...
Então fico à espera do inquérito obrigatório do MºPº  e das noticias sobre o mesmo, para investigação destas suspeitas de crime grave que é aliás público.
Mais: fico à espera do inquérito a outros casos como este, aparentemente banais e correntes no seio da comunidade cigana que tem estes costumes arreigados há séculos.
Fico à espera sentado, claro. O jacobinismo é isto: ficar sentado à espera do tempo que passa sem notícias de factos que todos conhecem porque a lei não é igual para todos e não se deve aplicar com o rigor "literal", como agora se sabe. A não ser que seja politicamente correcto...porque aí volta a ser repristinado o velho princípio agora esquecido do "dura lex, sed lex".

Este simples facto justifica todo o artigo de Maria Fátima Bonifácio no Público de há umas semanas, já esquecido e apenas lembrado pelos mamadus. 

O Correio da Manhã segue à risca o preceito politicamente correcto e omite a etnia destas pessoas. Os jornalistas nem se atrevem a escrever a palavra "cigano". Até tremem ao pensarem no seu director Octávio Ribeiro que acha que é assim que se deve fazer.
Hipócrita é o mínimo que merece como epíteto. 

Enfim. 

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