domingo, fevereiro 05, 2023

A ilustração aerografada

Não me recordo do momento em que reparei pela primeira vez nas ilustrações retocadas com um pequeno instrumento de sopro de ar comprimido, chamado aerógrafo.  

Sei que tais ilustrações me fascinaram desde sempre pela beleza brilhante e luzidia nas imagens impressas que nenhum outro meio de pintar consegue atingir. 

Costumo comparar o aerógrafo enquanto instrumento de pintura e ilustração com a pedal-steel guitar na música popular, porque o efeito particular que empresta onde se aplica, é de brilho suplementar e uma cor arredondada, tal como na música sucede com tal instrumento. 

A ilustração também depende de modas e a do uso de aerógrafo, para mim, começou nos anos setenta, com as revistas que eram publicadas no estrangeiro e que se vendiam por cá e ainda nas capas dos discos que então apareciam. 

Foi exactamente nessa altura que ressurgiu a moda do aerógrafo como instrumento de ilustração usado em certas publicidades e capas de discos, quando antes tinha servido essencialmente para ilustrar objectos técnicos. 

Quanto ao aparecimento dessa técnica de pintura e ilustração não é preciso copiar nada da internet porque desde 1983-85 me interesso pelo assunto, procurando saber mais através de dois livros sobre ilustração, em espanhol que então comprei e que tinham saído já nos anos oitenta. Particularmente estes:




E que até tem a história do aparecimento do instrumento e técnica: no século XIX, Charles Brudick inventou-o em 1893. 



Assim, nos anos sessenta, com a Pop Art e depois nos setenta, nos EUA, foi popularizada a técnica através de alguns exemplo, como estes, tirados do livro:


Logo em 1970 houve manifestações gráficas deste estilo, como por exemplo nestes disco e poster dos Grateful Dead, da autoria de artistas da Mouse Studios:



O nome de Dave Williardson também se tornou relevante a partir dos anos setenta, com ilustrações do mesmo para os discos e posters. Por exemplo este, com particular destaque para o poster do filme American Graffiti, de 1973:


Teria sido mais ou menos por essa altura- 1973-74 que tais ilustrações particulares me chamaram a atenção. 

Em 1973 saiu este disco dos Emmerson Lake & Palmer, com esta capa em que tal instrumento foi usado pelo suíço H.R. Giger:


Se em 1973 havia manifestações deste tipo de arte particular, foi em 1975 que se revelou, para mim, através de várias ilustrações que fui descobrindo, na altura.

Esta do disco de Elton John, saído em 1975, com maior destaque para a técnica, da autoria de Allan Aldridge:


Com este poster no interior:


Este mesmo Allan Aldridge tinha ilustrado um livrinho com letras das canções dos Beatles e em 1976 comprei um livro sobre a música pop, com a capa que tinha uma dessas ilustrações:




Em 1974 algumas revistas americanas como a National Lampoon mostravam exemplos da técnica. Como este, censurado:


A mesma revista tinha publicado em Agosto de 1972 esta capa com uma ilustração do género:


E em 1973:

Em 1974:



O ano de 1975, porém,  foi o da revelação desta técnica de ilustração. 

Entre Julho e Outubro desse ano, os jornais de música ingleses publicaram estas imagens publicitárias de discos que então saíram e cujas características comuns eram as ilustrações a aerógrafo:









Estas ilustrações a preto e branco ganhavam outra vividez cromática, assim, algumas delas vistas muito mais tarde:







Nos anos oitenta, o fascínio por tal tipo de ilustração levou-me a comprar estes álbuns de ilustrações de capas de discos, o que aconteceu em 1985 e 1988:



. Por aqui descobri algumas capas de discos com ilustrações do género e que nunca tinha visto antes:






Em 1974 tinha saído este disco dos Rolling Stones, ilustrado pelo belga Peellaert e cujo livro Rock Dreams descobri depois, já mencionado aqui e onde o mesmo faz extenso uso da técnica:




A seguir foi a Rock & Folk que me mostrou mais imagens do género:



 1976:






That´s all, folks!

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