No SAPO24, com assinatura de uma jornalista- Alexandra Nunes, jovem licenciada pela certa, em Comunicação Social ou similar- continua-se uma cruzada contra os "sectores conservadores da Igreja" que questionam alguns métodos e conclusões do Relatório da Comissão Independente que investigou os abusos sexuais de menores nas instituições da Igreja Católica.
No sítio escreve-se "abusos sexuais contra as crianças na Igreja Católica", o que é equívoco e devia ser mudado tal título, sob pena de o relatório ser muito, muito incompleto e parcial. Igreja Católica o que é, afinal? Diz na wikipedia que é a maior igreja cristã e que em Portugal tem mais de 7 milhões de fiéis. Foram todos investigados, mesmo potencialmente? Aprendi em jovem que Igreja, neste sentido somos todos os que a ela pertencem.
Mais não fora, poderia ter pedido opinião a quem deve saber um pouco mais e assim definiu:
Igreja é a tradução de uma palavra grega – ekklesia – que significa assembleia convocada. A Igreja, portanto, é a assembleia dos povos de todo o mundo, convocada por Deus, como tinha sido convocado o primeiro Israel.O tom e o som deste jornalismo é o mesmo, sempre redigido em modo manhoso e de forma a imputar em modo implícito a ilegitimidade de qualquer crítica ao aludido relatório que estes jornalistas tomam como a suprema expressão de uma verdade indiscutível, negando-se a si mesmos o papel primordial de um jornalista: procurar a verdade dos factos, percebendo o assunto em causa e escrevendo em modo isento, deixando as conclusões para o leitor.
Para tal é essencial ouvir pessoas que possam ter opiniões diversas e racionalizar as questões que se podem colocar.
Tal como referido por Daniel Sampaio, o método de investigação foi este, essencialmente:
"A divulgação pública de relatos das vítimas foi muito bem ponderada pela Comissão Independente (CI)", começa por dizer o psiquiatra Daniel Sampaio ao SAPO24. "Desde o início do nosso trabalho, e de acordo com o nosso lema Dar voz ao silêncio, pretendemos ouvir as vítimas de abuso sexual na Igreja Católica portuguesa. Para isso construímos um questionário online e uma linha telefónica, disponíveis para quem quisesse testemunhar o seu abuso. Assim se obtiveram centenas de testemunhos no inquérito, para além da escuta das vítimas que o quiseram fazer presencialmente, mas a quem nunca foi pedida a identificação", explica.Neste caso concreto não há qualquer trabalho nesse sentido, de perceber a especial delicadeza da análise da verdade dos depoimentos, e nem se questiona sequer o método.
Desde logo a partir dos títulos dos artigos, passando pelo conteúdo manhoso que procura sempre verter uma opinião de sentido único, a ideia é que foi um método perfeito e adequado aos resultados obtidos, sem mais. E a opinião que pode não coincidir com a do jornalista é obliterada, amarfanhada na confusão de argumentos e manipulada contra quem a emite, tendo subjacente uma censura objectiva e uma hostilidade latente a quem pensa de modo diverso. O contrário do jornalismo e uma ofensa à deontologia e ética profissionais que passa impune porque quem manda cala, consente e promove. Caso contrário, deixaria de mandar.
Este caso traz à colação inevitavelmente o da Casa Pia em que os métodos jornalísticos foram outros, as manipulações foram demasiado evidentes, as obliterações e notícias de outro teor e o jornalismo mostrou para que serve: servir o dono, acima de tudo, mesmo que seja apenas ideológico.
No processo Casa Pia o depoimento das testemunhas, "alegadas vítimas", como então se escrevia, foi imediata e permanentemente desvalorizado, sempre questionado e destacaram-se neste processo de algum modo kafkiano, alguns órgãos de informação, como o nefando 24H do famigerado Pedro Tadeu, comunista reciclado na manipulação mediática e ideológica.
Praticamente até à condenação dos acusados, alegadamente em número e espécie muito abaixo do real entrevisto nas declarações das "alegadas vítimas", por força das regras processuais penais, todo o esforço dos imputados e putativos suspeitos, assentou numa estratégia de sentido único: desvalorizar e desacreditar as testemunhas "alegadas vítimas".
Tal foi notório numa declaração famosa aqui citada em 12.6.2018, a propósito dos casos de abuso sexual de menores:
Uma coisa é certa: há inúmeros casos, actualmente, de condenações por abuso sexual de menores cuja prova assenta exclusivamente no depoimento das vítimas e na credibilidade que merecem pela ausência de obstáculos relevantes a tal credibilidade, incluindo por isso perícia psicológica que também a possa atestar.
Não por acaso, o antigo presidente da AR e sombra do regime, Almeida Santos dizia na altura que " as crianças podem mentir". Pois podem...e deu muito jeito supor tal facto, não aceitando o contrário que é o de as crianças poderem mesmo estar a dizer a verdade.
No caso concreto dos abusos sexuais de menores nas instituições da Igreja Católica não se colocou sequer a dúvida sobre os depoimentos das vítimas, nem se qualificaram estas como "alegadas", nem sequer houve tergiversação da parte de quem investigou, mormente o psiquiatra Danial Sampaio que diga-se em abono da verdade, acredita sempre nos depoimentos de tais vítimas, principalmente os iniciais, como disse aqui, em Fevereiro de 2013:
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