Movido pela curiosidade em saber quando foi a primeira vez que se falou publicamente em inteligência artificial como termo de designação de algo singular, dei com este sítio que explica assim:
Portanto, nos anos noventa ainda era um termo relativamente obscuro para os efeitos que hoje estão à vista na interacção com actividades humanas intelectuais, como é o caso do ChatGPT.
Tal como aqui se refere, a ciência tecnológica avançada confunde-se com a magia, o que aliás é um dito de Arthur C. Clarke, o da ficção científica.
Para mim a tecnologia de ponta divulgada nos media foi sempre algo semelhante ao maravilhoso e fantástico que aprecio desde a infância das fantasias de leituras de bandas desenhadas e contos diversos.
Por isso em 1973 li o Despertar dos Mágicos de Pawels e Bergier e me interessei por revistas que lidassem com tais assuntos.
Em finais de 1978 apareceu a revista americana Omni que se dedicava a temas similares, incluindo esoterismos vários, vida extra-terrestre e curiosidades avulsas de mistérios e de coisas fantásticas, científicas e outras.
Era um must, tanto mais que era impressa em luxo gráfico, com ilustrações a condizer.
No primeiro número o tema principal, para mim, era o mistério do Sudário de Turim, nessa altura explorado por causa da autorização dada pelo Vaticano em submeter um pedacinho a análise de datação por carbono 14. O tema era irresistível e já o mencionei por aqui. Não o comprei na altura mas folheava a revista sempre que aparecia nos quiosques.
A Propaganda era um formato um pouco mais pequeno que A5 e servia para se ler o que de outro modo seria improvável ( não aparecia por cá uma Mother Jones, por exemplo...) e copiou o artigo da Omni no número de Dezembro de 1978.
Cáspite! ( Esta, o ChatGPT não entende...falta-lhe o contexto).
Que será feito desta gente que conhecia estas coisas no Portugal de final dos anos setenta e as copiava sem pudor algum, permitindo que outros também as conhecessem?
As letras do sumário são cópia descarada do título da Omni...
Em Novembro de 1984 a OMNI publicou este artigo sobre a Inteligência Artificial:
Foi essa, provavelmente a primeira vez que ouvi falar no assunto, tanto mais que os computadores acessíveis ainda estavam à distância de alguns anos.
Cerca de dez anos depois, em 1993, surgiu outra revista com temática similar, mais centrada na tecnologia e carregada de publicidade a produtos electrónicos de grande consumo, computadores e afins, numa cornucópia de dezenas e dezenas de páginas de publicidade interessante que eram um dos motivos por que a comprava.
A Wired apareceu em Janeiro de 1993, bi-mestral e comprei o número de Setembro-Outubro desse ano, pela primeira vez, o primeiro de dezenas e dezenas ao longo dos anos que já dura. Poucos me faltam, dessa primeiras duas décadas e continuo a comprar a edição americana, mais interessante e inovadora.
Para além do mais trazia publicidades destas, simplesmente fantásticas:
Em Dezembro de 1994 aparecia a imagem e texto sobre os pioneiros da internet:
A primeira vez que ouvi falar de AI terá sido nesta entrevista, em Dezembro de 1997, com um "maluco", Hugo de Garis, que queria ir mais longe do que actualmente ainda vamos...com os "arctilets", os intelectos artificiais que são ainda, julgo, pura ficção científica.
Só em Março de 2002 a revista dedicou uma capa ao tema explícito da AI e não tenho tal número ( desses primeiros anos da década, faltam-me alguns, mas com ajuda da Internet que aqueles pioneiros inventaram e desenvolveram é possível rever tal revista, folhear a mesma e até ouvir um editor actual a falar no assunto...
De resto o assunto da IA lida com outra questão que me parece muito relevante: o contexto, para além dos conteúdos.
Também era assim para a revista, no número de Março de 1994, cerca de um ano depois do início da publicação:
É no contexto que a máquina fica atrás. No "ponto de vista" que é próprio de humanos e da inteligência natural.
A não ser que consigamos atingir o estádio sonhado por aquele Hugo de Garis. Uma pequena passagem da biografia na Wiki:
His concept of the Cyborgians might have stemmed from a conversation with Kevin Warwick: in 2000, de Garis noted, "Just out of curiosity, I asked Kevin Warwick whether he was a Terran or a Cosmist. He said he was against the idea of artilects being built (i.e., he is Terran). I was surprised, and felt a shiver go up my spine. That moment reminded me of a biography of Lenin that I had read in my 20s in which the Bolsheviks and the Mensheviks first started debating the future government of Russia. What began as an intellectual difference ended up as a Russian civil war after 1917 between the white and the red Russians".
By the way, qual a preferência: Terráquio ou Cósmico?
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