domingo, maio 10, 2015

A visibilidade americana nos anos sessenta

Nos anos sessenta a exposição americana ao mundo mediático atingiu o máximo esplendor com a saga das viagens espaciais.

O que os portugueses tinham realizado nos séculos XV e XVI, os americanos replicaram-no, eventualmente com menos dificuldades técnicas, com a corrida para colocar o primeiro homem na Lua, o que conseguiram em 1969.

Nos finais do séc. XV as imagens que se poderiam obter sobre as Descobertas eram desenhadas ou pintadas por artistas que as deixaram para a posteridade.

Em 1969 as revistas americanas tiveram a primazia de mostrar o acontecimento épico da conquista da Lua, como foi a Look nesse ano:


Com um desenho especial, de propósito para esse número, de Norman Rockwell,  o artista do realismo fantástico do americano médio:



Perante estas realizações extraordinárias que colocaram os americanos na frente do avanço tecnológico, as mudanças sociais e políticas também ocorreram nessa década a um ritmo que não encontra paralelo nas anteriores.


E no entanto esse "modo de vida americano" encontra muitas reservas e até hostilidades por esse mundo fora, particularmente entre os europeus e portugueses da época que não perdoaram aos americanos a oposição sustentada em proclamações públicas, em fora internacionais, contra o nosso "colonialismo", alinhando pelos países do bloco asiático-africano, apoiados pelos soviéticos e comunistas em geral.

Esta foto extraída da edição comemorativa dos 60 anos da Life, em 1996 mostra o essencial do mal americano, para os críticos de ambos os lados. Em baixo, durante a depressão, enfileiram  pretos desempregados,  enquanto no cartaz da associação nacional das manufacturas se proclama a excelência do modelo americano.
Os críticos mais ácidos, aliás,  são os que não aceitam essa putativa excelência pela mediocridade que exala...


...bem assinalada por este símbolo ( foto extraída da Look de 26 de Dezembro de 1969):


Não obstante, nós já fomos, no longínquo século XVI, o que esta foto mostra dos americanos ( foto da Life de 1986) e que mostra o Vasco da Gama deles, a desembarcar a Oriente...



Uma pequena história que congrega as qualidades e defeitos dos americanos conta-se em duas imagens:

A primeira é da Look de Agosto de 1970 e mostra um certo John De Lorean, engenheiro na General Motors e amplamente louvado pelas suas qualidades de técnico e empreendedor que foi capaz de relançar a empresa com a criação de um pequeno modelo de automóvel, (Chevrolet Vega, no caso), a par de outros,  nessa época.


O indivíduo subiu tanto na vida empresarial que em 1980 inventou um novo conceito de carro que baptizou com o seu nome- De Lorean DMC-12- e  no ano seguinte era uma estrela mediática, como mostra esta publicidade na revista Rolling Stone de 23 Julho de 1981.



No ano seguinte, por dificuldades financeiras por causa desse mesmo carro, De Lorean, que era um dos passageiros frequentes na ligação entre o Reino Unido e os Estados Unidos, no então Concorde, foi preso por tráfico de cocaína. Acabou a história de sucesso.

Os americanos têm destes empreendedores e foram capazes de fazer o melhor e o pior também. Custa-me a entender a hostilidade a tudo o que lhes diga respeito. Por vezes fico a pensar se não será por causa de nos terem livrado, na Segunda Guerra Mundial,  de uma derrota às mãos de Hitler. Teria sido melhor, para nós, tal destino?
Quanto a nós, continuaríamos fiéis aos alemães, como hoje, mas...seria da mesma maneira?

De resto, já nos final dos anos sessenta a programação da nossa tv reflectia todo uma cultura popular com influência americana crescente...como se mostra por esta imagem da revista Flama de 19 de maio de 1967.

A culpa desta influência é de quem? Do vento? Ou da História?


Questuber! Mais um escândalo!