segunda-feira, agosto 19, 2019

Os "crimes passionais" no CM

No Correio da Manhã de hoje mais uma notícia acerca de um "crime passional" que deixou de ser apenas de "violência doméstica".

A evolução semântica fica a dever-se, provavelmente, ao uso estafado daquele termo específico, afastador de leitores pela banalidade temática. Deixou de ser sensacional, pensaram os redactores do jornal que passam tudo a pente fino e arrasam a concorrência.
A notícia, por outro lado, é apenas a confirmação, a meio do ano, daquilo que escrevi aqui no início do ano: a violência doméstica mortal é também consequência da violência do Estado, defendida por vários "especialistas" no assunto, pessoas tão inteligentes como Rui Pereira, Moita Flores ou o procurador Rui do Carmo. Todos defendem o aumento da violência do Estado sobre os suspeitos de crimes dessa natureza como modo de os controlar e diminuir a carga letal verificada.

Então façam as contas a essa belíssimas ideias e aos seus resultados, porque me parece evidente que não se dão conta do paradoxo de tais medidas drásticas:


A conta já vai em 19 vítimas, sem contabilizar os suicídios correspondentes que também são mortes em consequência de violência doméstica.
No ano passado morreram 28 pessoas nestas circunstâncias e também sem contabilizar os outros que passam como se fossem casualidades sem conexão.
Veremos se no fim do ano a contabilidade se mantém estatisticamente como acontece com os acidentes de viação.

Há quem não entenda estes paradoxos e ainda quem se recuse a aceitar o erro das suas análises, desprezando quem os critica. Veremos então...se não tenho razão no que por aqui escrevi em 5 de Fevereiro deste ano: 

Obviamente não percebem a raiz do problema e tentam resolvê-lo criando maior violência. Terá ainda mais violência...até que parem para reflectir no seguinte: muitos dos comportamentos violentos são acompanhados de suicídio. Ninguém os refere como factor de ponderação acerca das causas e soluções a encontrar.

A única que encontram é maior intervenção do Estado porque é assim que acham que devem actuar e é assim que se formataram a pensar.

Terão um resultado cada vez mais funesto, a meu ver.

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