Em 1975 ainda não havia Bloco de Esquerda que apareceu apenas no dealbar dos 2000.
Mas existiam os grupos políticos que lhe deram origem como o PSR, a LCI e outro grupelhos esquerdistas que se anunciavam assim no respectivo programa:
Em 19 de Dezembro de 1974, na Vida Mundial, Louçã já aparece de punho erguido e nem sequer teria 20 anos...
Em 3 de Abril de 1975, na mesma revista, em vésperas de eleições os programas da Frente Socialista Popular ( FSP) e da Liga Comunista Internacionalista (LCI, trotskista) eram assim apresentados:
E em 10 de Abril ainda na mesma revista, era assim: "unidade no voto com o PCP":
O Bloco de Esquerda nasceu neste cadinho ideológico e nem a Política XXI do falecido irmão do Portas o salvava do esquerdismo comunista mais fossilizado, embora de tendência trotskista que lhe dava o sabor caviar.
Alguém tem dúvidas do carácter profundamente anti-democrático desta gente com estes programas políticos?
Dirão: já não são assim porque mudaram. Mudaram em quê? Na dissimulação, talvez, mas não nas crenças e propósitos.
Vou copiar novamente o que Francisco Louçã disse em entrevista há cerca de dez anos:
Diz assim Louçã, sobre a essência ideológica do BE, depois da pergunta "Em que é que o BE acredita?":
"Numa
esquerda socialista. (...) Para nós o socialismo é a rejeição de um
modelo assente na desigualdade social e na exploração, e é ao mesmo
tempo uma rejeição do que foi o modelo da União Soviética ou é o modelo
da China. Não podemos aceitar que um projecto socialista seja menos
democrático que a "democracia burguesa" ou rejeite o sistema
pluripartidário. Não pode haver socialismo com um partido político
único, não pode haver socialismo com uma polícia política, não pode
haver socialismo com censura. O que se passa na China, desse ponto de
vista, é assustador para a esquerda. (...) Agora, a "esquerda
socialista" refere-se mais à história da confrontação, ou de alternativa
ao capitalismo existente. Por isso o socialismo é, para nós, uma
contra-afirmação de um projecto distinto. Mas, nesse sentido, só pode
ser uma estrutura democrática."
O que dizia Louçã em 2005 a este propósito? Isto:
"O
BE é um movimento socialista ( diferenciado da noção social-democrata,
entenda-se-nota minha) e desse ponto de vista pretende uma revolução
profunda na sociedade portuguesa. O socialismo é uma crítica profunda
que pretende substituir o capitalismo por uma forma de democracia
social. A diferença é que o socialismo foi visto, por causa da
experiência soviética, como a estatização de todas as relações sociais. E
isso é inaceitável. Uma é que os meios de produção fundamentais e de
regulação da vida económica sejam democratizados ( atenção que o termo
não tem equivalente semântico no ocidente e significa
colectivização-nota minha) em igualdade de oportunidade pelas pessoas.
Outra é que a arte, a cultura e as escolhas de vida possam ser impostas
por um Estado ( é esta a denúncia mais grave contra as posições
ideológicas do PCP). (...) É preciso partir muita pedra e em Portugal é
difícil. Custa mas temos de o fazer com convicção."
Se o presidente da República der cobertura política a isto que se prepara- um governo frentista de esquerda comunista aliada ao socialista Costa, será uma tragédia.Quem votou no Bloco nem sabe o que é esse partido...