sexta-feira, outubro 02, 2015

Paulo Ferreira: a desfaçatez é contagiosa?

 Paulo Ferreira, director de informação da RTP, responsável pela "contratação" de José Sócrates como comentador de tv, em 2013...agora escreve assim no Observador:


Nunca imaginei que em tão pouco tempo, tanta gente tivesse aprendido tanta coisa. A lição foi demasiado cara mas, aparentemente, parece estar a ser assimilada: não se distribui dinheiro que não temos. 
Faço parte do grupo de eleitores que olha com algum espanto para o que as sondagens nos dizem, apontando todas elas para uma vitória confortável mas minoritária da coligação PàF. Não porque considere, na minha avaliação pessoal, que o Governo deva ser severamente penalizado — o que foi feito teria que ser feito por quem quer que estivesse a governar, mais por aqui ou mais por ali — mas porque nunca imaginei que esse pudesse ser também o julgamento de cerca de 40% do eleitorado.

O eleitoralismo, as promessas perigosas, o facilitismo e o clientelismo sempre pagaram. O maior monumento que erguemos a esse fenómeno aconteceu não há muitos anos. Foi nas eleições de 2009, um ano depois da crise financeira e já com todos os sinais de alarme a disparar. José Sócrates apresentou-se ao eleitorado depois de ter aumentado a função pública em 2,9%, com um défice assumido de 5,9% mas na realidade já a caminho do dobro desse valor e com promessas de atirar mais dinheiro — leia-se mais défice e mais dívida — para cima dos problemas, com um programa de obras faraónicas para concluir — TGV, novo aeroporto, nova travessia do Tejo, uma dezena de novas auto-estradas. Era o progresso em forma de betão. Bateu Manuela Ferreira Leite, que foi avisando que não havia dinheiro e que as propostas socialistas eram o caminho para o desastre. A então líder do PSD tinha razão, como qualquer cidadão informado e desprovido de clubite partidária já conseguia perceber e todos viemos tristemente a confirmar um ano depois
.

Este indivíduo que vive no mercado da informação, há pouco mais de dois anos pensava de modo diverso e convidou José Sócrates para comentar na RTP e lhe dar visibilidade política, depois de tudo o que se passou até 2011 e da bancarrota iminente. Para justificar o injustificável e eventualmente esconder as pressões a que esteve sujeito, dizia então isto:



O director de Informação da RTP comentou hoje à tarde na sua página do Facebook a polémica gerada em torno da ida de José Sócrates, como comentador, para a estação pública.
"Entendendo a polémica sobre a vinda de José Sócrates para comentador da RTP, não posso deixar de citar aquela máxima de Voltaire que, em meu entender, diz tudo o que há a dizer sobre liberdade de expressão. "Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até à morte o teu direito a dizê-lo". É disto que se trata quando se fala de pluralismo de opinião no espaço público. E é isto que é praticado todos os dias", escreveu Paulo Ferreira na sua página do Facebook.

Já o disse: se o detido no 33 se dispusesse a escrever as suas memórias, o que aliás deveria fazer, tinha aqui um comprador no caso de ser ele mesmo, desta vez, a escrever um livro e que ao mesmo tempo fosse verdadeiro.  Coisa, aliás,  que se me figura muito improvável, mas com tamanho manancial de historietas sobre estes "camões" e quejandos, seria um sucesso editorial garantido. Nem precisava de pedir à dama de companhia para lhe comprar resmas e resmas, como fez com o outro. E poderia então desfrutar honestamente da melhor comidinha regada com os melhores vinhos...

1 comentário:

Floribundus disse...

desculpem ser grosseiro

'a merda pensa ser pastel de nata'

O Público activista e relapso