terça-feira, outubro 20, 2015

João Cravinho, um bluff consolidado

O socialista João Cravinho será provavelmente, a par de Vítor Constâncio do mesmo partido, uma das pessoas menos qualificadas para governar seja o que for.
Ontem, no inacreditável e medíocre Prós & Contras voltou a demonstrar à saciedade tal mérito, como aqui se dá conta.
É incrível como este indivíduo que tanto mal fez a Portugal em virtude da sua estupidez militante, continua a ser convidado de honra em programas daquele género, o que só se compreende porque , como diziam os latinos, similis cum similibus.

Neste blog, em várias ocasiões se escreveu sobre Cravinho, tido como uma das luminárias do nosso firmamento rasteiro.
Recordo um postal de 5 de Janeiro do ano corrente:
 
"João Cravinho, o político do PS com antiguidade suficiente para falar de cátedra da corrupção endémica que afecta a classe política diz muito claramente ao i de hoje que " a corrupção beneficia uma guarda pretoriana intensíssima  e que há uma tropa de choque da guarda pretoriana qie protege a corrupção e é poderosíssima".

Ao ler isto lembramo-nos inevitavelmente de Cândida de Almeida e Pinto Monteiro que afirmaram publicamente que "Portugal não era um país de corruptos".

Cândida de Almeida, hoje magistrada no STJ e Pinto Monteiro, hoje jubilado do mesmo STJ, foram invevitavelmente dois dos mais destacados elementos dessa "tropa de choque" e mesmo do topo. Porquê? Diz Cravinho:
"Qual é o topo de elite dessa guarda pretoriana? São os inocentes úteis, os que estão sempre cheios de dúvidas e nunca sabem nada",


Sobre Cravinho já escrevi tanto neste blog ( basta pôr o nome e o nome João Cravinho e o do blog no Google para se poder ler)  que me cansa voltar a escrever. Em finais de 2011, era assim, a propósito de mais uma iniciativa sobre a corrupção, relatada no Público de então:

João Cravinho acha que " a corrupção mudou em Portugal e já não é o que era". Porque só nos últimos 10-15 anos subiu a reprovação da pequena corrupção." Cravinho acha ainda que " O grande problema é a corrupção por tráfico de influências. Há a ideia de que as decisões são tomadas por interesses. Isso mostra que há uma impossibilidade das instituições democráticas atacarem o sistema. Há até uma protecção pretoriana para esses interesses por parte de uma rede colocada no aparelho de Estado, com participação dos partidários, que é pluripartidária, em que, a cada eleição, muda quem decide, mas a rede está lá. Há um grupo de avençados, que são pagos em carreiras políticas e que até podem achar que não participam na rede de corrupção, que não se reconhecem como agentes e beneficiários, mas são-no."

Este discurso de João Cravinho, redundante e algo deletério, deixa sempre tudo por dizer. Não nomeia evidentemente ninguém e deixa à imaginação de quem lê, a identificação dos não nomeados para estes óscares da corrupção.
É portanto uma corrupção sem corruptos.
E contudo, a João Cravinho é preciso perguntar o seguinte: quando se lembrou de desmantelar a antiga JAE, por ser um couto de corrupção, o que veio a seguir? As parcerias público-privadas, além do mais. Sôfregamente defendidas por luminárias tipo Paulo Campos, outro inenarrável da nossa cena política, antes disso vivamente acolitados por advogados tipo José Miguel Júdice e Proença de Carvalho.
O que aconteceu com estas PPP? Cravinho saberá dizê-lo em modo claro e frontal? O que sobra da sua acção no antigo ministério das obras públicas? Qual o papel de um tal Lino, antigo comunista arrependido, neste lamaçal? Saberá dizê-lo, João Cravinho? Ou prefere continuar com este discurso que nada adianta e só confunde?

Cravinho anda há décadas a clamar contra a corrupção e fê-lo algumas vezes contra o próprio partido. Reivindicou em 1998 um "pacote anti-corrupção" quando estava no governo de Guterres. Tinha nessa altura, como ajudante no Gabinete, em auditoria das que ainda não tinham sido extintas, num acto que só favoreceu a corrupção, o actual director do DCIAP, Amadeu Guerra e que poderá contar como os seus pareceres eram letra morta perante os poderes ocultos desse mesmo ministério. Cravinho lembrar-se-á disto, com toda a certeza.

Público de 13 de Outubro de 1998.


Não obstante tudo isso, logo que se plantou perante Cravinho uma possibilidade concreta e real de ser consequente com a sua treta habitual de combate à corrupção, o  que fez? Isto que o general Garcia dos Santos contou há algum tempo e que neste blog, em 24 de Abril 2012 publiquei por ocasião de uma entrevista do general ao i desse dia. E que dizia o mesmo general?

Quer outro exemplo? As auto-estradas, as Scuts. Eu tive uma conversa com o engenheiro Cravinho em que ele me disse que ia pôr a funcionar as Scuts. Eu disse: “Ó senhor ministro isso é um tremendíssimo disparate!”. A Scut é uma invenção inglesa, ao fim de pouco tempo os ingleses puseram aquilo completamente de parte, por causa do buraco que era previsível. Mas disse-me que o assunto estava exaustivamente estudado sob todos os aspectos, técnico, financeiro. Está à vista o buraco que são as Scuts.
Jornal i- E as PPP?
Garcia dos Santos- É a mesma coisa.
Jornal i-Quando saiu da JAE denunciou uma situação generalizada de corrupção. Acha que as PPP também se integram nessa situação? O Tribunal de Contas diz que houve contratos que lesaram o interesse público...
Garcia dos Santos-Tem que se admitir a possibilidade de haver ali corrupção, e da forte. Como é que se atribui a uma determinada entidade certos privilégios que não seriam naturais? É porque se calhar há alguém que se locuptou com alguma coisa. Infelizmente, outra coisa que funciona mal no nosso país é a justiça. Nunca chega até ao fim.

Jornal i- Foi colega do eng. João Cravinho no Técnico…
Garcia dos Santos-Foi por isso que ele me chamou para ir para a Junta. Sabe o meu feitio e quis que eu limpasse a casa.

Jornal i-Mas o que é que aconteceu? O eng. João Cravinho chama-o para limpar a casa, o senhor limpa, e depois zangam-se. O que se passou?
Garcia dos Santos-Fomos colegas no Instituto Superior Técnico. Houve um jantar de curso e nesse jantar o Cravinho a certa altura chama-me de parte e diz: “Tens algum tempo livre?”. E eu disse: “Tenho, mas porquê?”; “Eu precisava de ti para uma empresa”; “Que empresa?”; “Agora não interessa, a gente daqui a uns tempos fala”. Passado uns tempos chamou-me e disse-me: “Eu quero que vás para a Junta Autónoma das Estradas, mas não digas a ninguém que o gajo que lá está [Maranha das Neves] nem sonha”. O Cravinho deu-me os 10 mandamentos do que eu precisava de fazer na Junta, limpar a casa, obras que era preciso fazer, etc. Entretanto, comecei a conhecer a casa, dei a volta ao país todo e um dia disse-lhe: “Há aqui uma série de coisas que é preciso fazer e há 11 fulanos que é preciso pôr na rua”. Ele retorceu-se, chamou-me daí a dois dias, disse que era muito complicado. O problema é que era através de uma das pessoas que eu queria pôr na rua que passava o dinheiro para o PS.

Em 2009, escrevi aqui isto:

"Dois anos antes da chegada do general fora ordenada uma auditoria na JAE na sequência de afirmações do presidente da Confederação da Indústria Portuguesaara, , Pedro Ferraz da Costa. Foram detectadas "actividades privadas geradoras de incompatibilidade legal". Mas - segundo a Procuradoria-Geral da República - em nenhum caso se evidenciaram "situações de corrupção ou de financiamento de partidos", precisamente o que Garcia dos Santos denunciou ao "Expresso" meses depois de ter renunciado à presidência da Junta.
"O engenheiro Cravinho e eu fizemos o mesmo curso no Instituto Superior Técnico", rememora o general. "Hoje apresenta-se como um paladino contra a corrupção, mas na altura recusou fazer certas coisas." Quais coisas? As respostas do general são crípticas: "Eu sabia de muitos empreiteiros?" Sim, mas quantos? "Vários, alguns..."
Garcia dos Santos exigiu a expulsão de "tal e tal e tal", funcionários da JAE. Cravinho aceitou mas acabou por recuar, o que levou o militar a pedir a demissão e a telefonar ao semanário de Pinto Balsemão. Na edição de 3 de Outubro de 1998 afirmou ter "quase a certeza absoluta" de que o governo sabia quais eram "as pessoas corruptas dentro da Junta".


João Cravinho tem o mérito de clamar quase sempre no deserto, por um combate mais eficaz contra a corrupção e isso é de louvar. Porém, numa ocasião ímpar em que teve a faca e o queijo na mão para concretizar tal combate efectivamente, o que fez? Recuou, acobardou-se e por isso mesmo foi ganhar para o BERD um balúrdio de massa que é sempre o objectivo que os corruptos de partido, em Portugal,  almejam. O que Cravinho ganhou no BERD, legalmente, é o que muitos corruptos ganham com as suas actividades debaixo da mesa. A.Vara, por exemplo, conhecem? Face Oculta? Aí está..

Quando foi para lá e quem o nomeou? Pois, foi o recluso 44, em 2007, evidentemente para o afastar do Parlamento e de mais iniciativas contra a corrupção. E Cravinho aceitou...

Antes disso, foi o pai das SCUTS, outro foco de corrupção, inevitavelmente, apesar de um dos beneficiários, grande padrinho de Jorge Coelho, assegurar que era tudo gente séria...


Que dizer disto tudo?  Que por vezes o discurso de Cravinho é apenas um folclore, uma encenação para que tudo fique na mesma, apesar de nada mudar.

João Cravinho merece-me pouco respeito, por isso mesmo. Acabou por ser um idiota inútil. Quando poderia ter sido útil, aceitou ser idiota."

Para além disto, quem quiser pode ler mais: aqui, ( sobre o consulado de Guterres)e   aqui ( sobre o que Cravinho dizia no tempo do PREC, sinal da estupidez permanente).



2 comentários:

Floribundus disse...

Arnaldo de Matos

'isto é tudo um putedo'

BELIAL disse...

Força, cravinho - vai-te...a eles.

Enquanto estão de costas.

"Só é vencido quem desiste de lutar" - ainda que com penas de pavão.

Poder-se-ia dizer, mal comparando, que foi "criado" para ser expelido com estrépito.Sem ele iam-se acumulando correntes de ar e humores que cumpria serem expelidos. Inchando, os ditos ventos vão ocupando partes. Aliás, não é à toa que vento, para além do mais, pode significar quer vaidade, quer flatulência.
Mas, como tudo, com conta peso e medida. Quanto mais não seja por causa do fedor que traz associado.

O Público activista e relapso