sábado, outubro 31, 2015

Pacheco Pereira, o inteligente da tourada política nacional



No i de hoje aparece uma entrevista extensa a Pacheco Pereira, sobre o que o indivíduo pensa "disto tudo".
  JPP é um dos donos do comentário político em Portugal vivendo dessa actividade deletéria para a compreensão da realidade. É um dos inteligentes da nossa tourada política, sem qualquer utilidade mas sempre presentes como o apêndice, até ser cortado. Bagão Félix. Manuela Ferreira Leite são os outros inteligentes desta tourada de época, com o alto patrocínio do "militante nº 1  do PSD", o inefável Francisquinho da SIC e do Expresso e dos empréstimos a amigos em carência.
Vendem opinião como se tivesse valor de uso e o segredo está na publicidade, ou seja na visibilidade mediática. Obviamente são uns inúteis, nesse papel social, ressalvando o entretenimento típico das touradas.
Ao longo dos  anos JPP tornou-se um epígono de uma certa esquerda inconformista que ocupa um lugar imaginário que já foi de um Eduardo Prado Coelho ou dos filósofos da irrelevância, como o outro Eduardo de Vence ou o recente Gil. São os "inteligentes" que ensinam por não saberem fazer.
No caso de JPP rafirma a sua pertença ao um PSD mítico que terá sido abandonado algures em prol desta política de "direita" e JPP como antigo esquerdista arrependido não tolera. Seria caso para perguntar se o Sá Carneiro de 1975 era menos de direita do que o actual Passos...

Desta vez a matéria analítica é a habitual bête noire de há quatro anos a esta parte: o governo de Passos, a quintessência do que JPP detesta por motivos que não são claros e uma psicanálise demoraria anos a descobrir.

Na entrevista regressa ao passado do PEC IV de 2011 para afirmar coisas espantosas e entalar um Passos Coelho que se preparava para ser califa no lugar do califa, mas escolhido em eleições. Por exemplo, que a frau Merkel "estava claramente com Sócrates". Claramente? Claramente?! O que a frau alemoa em causa estava era com o esforço de austeridade que se anunciava com o tal PEC IV, isso sim. E o que a frau alemoa não poderia saber de modo completo era o modo como as contas estavam e como iriam reagir os "mercados", ou seja o sistema capitalista que nos governa.
Como é que o inteligente pode passar de uma circunstância contextual  para uma evidência factual falsa ?

Outra: as propostas de austeridade do governo Passos foram execráveis porque representaram um modo de destruição das classes médias, por "uma política radical".
Quer dizer, que classes deveriam pagar o que devemos? As que pouco têm? A que tem muito mas não chega sequer para mandar cantar o passarinho da TAP? E quem a destruiu, ab ovo, a seguir ao 25 de Abril de 1974? Ora, o inteligente JPP deve saber muito bem porque andou a contribuir activamente para tal actividade benemérita, com a sua inteligência em gestação. Que pascácio, santo Deus!

Quem é que pode pagar os milhares de milhões que são necessários para prover às necessidades gargantuescas do monstro da dívida que durante os anos de Guterres e Sócrates contraímos?  Haveria algum modo de poupar a classe média a tal "enorme sacrifício" assumido plenamente por quem governou a seguir?

O inteligente acha que sim. Contas? Não apresenta, porque um inteligente não precisa de descer a esses níveis do bas-fond político.
Acha apenas que "havia propostas diferentes para o Memorando, como o de Miguel Cadilhe". Pois havia, como havia de outros. E porque carga de água é que a proposta de Miguel Cadilha se revelaria melhor do que a que foi aprovada democraticamente? Saberá o inteligente sem margem de dúvida de que assim seria ou apenas o palpite de prognose póstuma o autoriza a tal? É quem nem isso. Que pascácio!
Diz que "é a favor da reestruturação da dívida mas também sou a favor a que se tenha em conta que temos uma elevada dívida". E então, o que fazer? Evitar beliscar a classe média que em Portugal é semelhante à dos pobres europeus dos países mais ricos?
Como?! Não diz, apenas palpita com o Cadilhe e assim.
Tem razão JPP numa coisa: o exemplo da perda de noção da boa-fé nos contratos do Estado, da noção de que os contratos são para cumprir. Pois são, mas se não existirem alterações graves nas circunstâncias, como por exemplo chumbos do tribunal Constitucional ou agravamento das condições externas e não sobrarem muitas medidas alternativas e que tornam essas circunstâncias inevitáveis.
"O que aconteceu foi que os contratos com os mais fortes foram cumpridos e com os mais fracos foram violados à cabeça". Tirando o sofisma porque o "contrato social" não é o mesmo que os contratos de empréstimo bancário em escala europeia com os fundos respectivos, a verdade é que a realidade mostra que é assim mesmo. Um exemplo?

Na Quadratura do Círculo, JPP confronta-se semanalmente com um salafrário que tudo fez politicamente para organizar uma saída profissional para a vida privada de alto rendimento. Uma vez saído ingressou passado um período de nojo nojente  na empresa que o acoitou e tratou da vidinha empresarial da mesma. PPP´s, sangrias nas contas públicas, ou seja o exemplo exacto do que correu mal antes daquele PEC IV e o determinou.
Alguma vez JPP assumiu ou denunciou esse salafrário em directo? É o denuncias! Fraco com os fortes e forte com os fracos inominados a não ser em geraldina social? Aí está um exemplo da realidade comezinha que torna a inteligência de JPP uma anedota.

Portugal não pode assumir um discurso de esquerda que agora JPP aplaude em conjunto com a "alternativa" que acalenta ao execrável Passos que se passeia ao lado do ainda mais execrável Marco António, um exemplo de motivo concreto da raiva escondida de JPP ao arrivismo sem pedigree intelectualóide.
E não pode porquê? Por isto que uma revista francesa ( de esquerda moderna) explica e JPP não entende muito bem, aparentemente.
Nós, enquanto país não somos autónomos e perdemos ainda mais autonomia durante a década de 90 e a de 2000, até agora.
Haverá medidas alternativas à "austeridade" que o governo de Passos impôs democraticamente ao país? Certamente que há. E haverá alguma que poupe a "classe média" ao mesmo tempo que seja eficaz para debelar o mal original? Pode haver mas não serão os "inteligentes" do género de JPP a propor.
Para além de não saberem - e por isso é que ensinam- a dúvida é saber se as tais medidas alternativas que um Cadilhe ou um Bagão Félix ou uma Ferreira Leite poderiam propor teriam o mesmo efeitos que aquelas que foram adoptadas, como um remédio amargo do género de óleo de fígado de bacalhau.
Isso nem o inteligente JPP ou qualquer um dos outros poderá dizer com saber e autoridade.
Aliás, quem sabe mais um bocadinho e até soube como é que foi aquela história do PEC IV que o inteligente Pacheco pretende saber de ginjeira, já anda a avisar...:

Ex-ministro Teixeira dos Santos, aconselha futuro Governo a aprovar lei autónoma para evitar que cortes salariais da função pública caiam em Janeiro. Situação do país é "delicada", avisa.

Os inteligentes, porém, sabem sempre mais e melhor. As três bancarrotas que tivemos deveram-se a este tipo de inteligentes de que JPP faz parte integrante.




7 comentários:

Asam disse...

Informativo e divertido de ler!

JReis disse...

Este Pacheco Pereira tem vindo a revelar-se um velhaco por pactuar com o golpista de secretaria que é o Costa. Um suposto intelectual armado ao pingarelho, suposto defensor de uma classe média e média baixa que ele nem sabe exactamente definir. Este Pacheco Pereira embora numa linha diferente é o equivalente a um Chiquinho Louçã. Portugal seria melhor se dispensasse as opiniões de um cérebro baralhado como o deste Pacheco Pereira.

Floribundus disse...

como o jpp nunca saiu da clandestinidade

os seus camaradas jerónimo abrantes
que se cuidem

porque ainda acabam por ser destronados

Unknown disse...

Da-me a ideia que os tudologos como o PP sejam uma versão moderna dos profetas no tempo de JCristo.
E tal como então em cada dez acertam numa; talvez ganhem é mais!! injustamente

foca disse...

Este gajo a exemplo de muitos outros fazem parte da "elite" tuga que lê muita merda e pensa que isto lhes transforma o cérebro em ouro.
.
É assim uma espécie de cientista que inverte o método, começa por ter a conclusão (no caso não gosta do Coelho) e depois vai procurando "provas" desgarradas que encaixem nas hipóteses que entretanto "formula".
O habitual, num país em que temos Louçãs que chegam a catedráticos com teses de bolas brancas, apesar de provarem que a Terra é quadrada e que o sol anda à volta de Saturno.

Unabomber disse...

Sobre as histórias da "divida" lembro que:
- Em 1978 e 1983 as "dividas" publicas e privadas eram muito inferiores às actuais, não obstante, fomos à "bancarrota" nessas duas ocasiões: terá sido a "divida" o principal factor da "bancarrota" de 2011?
- O Japão apesar de ter uma divida publica Bruta superior a 200% do PIB e défices públicos elevados, não tem dificuldades de financiamento - porquê?

josé disse...

Em 2011 fomos à bancarrota porque não tínhamos dinheiro nosso para podermos pagar as nossas obrigações exteriores.

E por isso foi preciso pedirmos mais dinheiro emprestado ( 87 mil milhões) para solvermos esse problema. Com as condições do Memorando...

Não é preciso inventar teorias de conspiração para entender isto.

O Público activista e relapso