quarta-feira, março 16, 2016

A corrupção endémica no Brasil e o protagonismo judiciário

O problema de Lula e demais apaniguados explicado na revista Veja desta semana:











Quem desvalorizar esta acção do Judiciário na sociedade brasileira actual, apontando a corrupção generalizada na classe política como factor impeditivo de aplicação de uma Justiça equilibrada está a esquecer-se do que ocorreu em Itália e noutros países ocidentais em determinadas épocas.

Quando subsiste uma sensação geral, real e palpável de corrupção generalizada na sociedade política a descrença tende a sobrepor-se à esperança de regeneração social.

Logo que surja uma nesga de oportunidade real de reposição desse equilíbrio que permita uma convivência mais sã na sociedade, as pessoas em geral tendem a apoiar os protagonistas de tais iniciativas que podem surgir por um conjunto de circunstâncias variadas mas que me parecem ter um denominador comum: um copo cheio e a gota de água fatal que o faz transbordar.

O Brasil, tal como a Itália não acabará com a corrupção de um dia para o outro e por força apenas do Judiciário. Aliás, o próprio juiz Moro o disse, comentando recentemente isso mesmo e que se infere do seu discurso: seria preferível que fosse a sociedade a solucionar o problema. Quando o não é, surgem os "heróis" a contra-gosto.
Na Itália foi o juiz Di Pietro, com uma imagem maior que a sua craveira. Antes tinham sido os lutadores anti-mafia, Falcone e Borselino. Em França Eva Joly e Ruymbecke, juízes de instrução que tentaram conter a corrupção francesa dos anos oitenta.
No Brasil tocou a Moro. Boa sorte e todo o apoio que é devido.

Por cá temos também o juiz Carlos Alexandre, figura similar e com a mesma génese: perante a anomia social e do próprio Ministério Público de antanho, teve coragem de assumir o dever de agir.
Estou convencido que nenhum destes heróis a contra-gosto pretendiam o protagonismo que tiveram e têm. Estou igualmente convencido que são cada vez mais necessários nas sociedades que engendramos nas geringonças da vida.
Os magistrados são  pessoas que vivem na sociedade e sentem os problemas de toda a gente, quando não forem corruptos moralmente. Ou seja, quando sentem o copo da corrupção cheio e a clamar que seja esvaziado, tendo poder para tal, actuam em conformidade. Só o não fazem se forem cobardes, igualmente corruptos ou desprovidos de sentimento de Justiça e da noção do dever.

E falta-me acrescentar algo: em Portugal ninguém verdadeiramente se importa com a corrupção dos maiores partidos políticos e por isso, se calhar, os seus líderes actuam como no Brasil os endémicos que assumem com naturalidade o fenómeno como sendo habitual e com a maior margem de impunidade.

Ninguém no Ministério Público nacional parece ser capaz de entrar da sede de um partido político, seja no Rato, seja noutro sítio e ao mesmo tempo investigar quem guarda o dinheiro e onde. Ninguém porque tal seria quase entendido como uma atentado à democracia.
Ora quando tal acontecer isso significa que somos mais civilizados e se se quiser, mais democráticos, porque a democracia implica isso mesmo, não sendo porém apanágio de tal sistema.
Acho que ninguém duvida que o sistema do regime anterior era mais honesto e menos corrupto que o actual...mas isso são contas de outros rosários. 

Questuber! Mais um escândalo!