De um lado, Lula, investigado e em vias de ser acusado, que foge para ministro para adiar a sua ida a tribunal. Do outro, um juiz que grava um telefonema da presidente Dilma e a lança aos jornais e telejornais. E os brasileiros, no meio. De um lado, Lula que diz : "Vou para ministro porque, se não for, sou apanhado pelo golpe armado pelo juiz." Do outro, o juiz que diz: "Faço isto porque é a única forma de desarmar as politiquices de Lula." Os fazeres de ambos são, no mínimo, indecentes. E os brasileiros são interpelados como se tivessem de aceitar, pela tramoia de um, ser cúmplices de outro. Ora, o que se exige é cada macaco no seu galho. Um político não pode abusar da garantia de independência que lhe é emprestada para ser ministro, transformando-a num truque público para o proteger da justiça. Um juiz não pode abusar de um poder que lhe é confiado para investigar, quebrando levianamente o sigilo telefónico de uma chefe de Estado, o que, por ser uma questão de segurança nacional, não pode ser decidido por ele. E tendo ambos os macacos falhado no seu respetivo galho, tornando-se mau político e mau juiz, não podem empurrar os cidadãos a agarrar, também eles, um galho errado. Esse seria o supremo crime do político e do juiz. Porque com tão fraca gente a ter poder, enfraquecer aqueles que não o têm seria fatal para o Brasil. Eu, que tanto admiro os cronistas brasileiros, não perdoarei a nenhum que seja, a partir de hoje, vesgo.
Eduardo Dâmaso, no Correio da Manhã:
Entre estas duas prosas jornalísticas sobre o mesmo assunto vai a mundivivência que as distingue.
Do jornalista Eduardo Dâmaso sabemos o que tem escrito e a coerência que mostra, já ao longo de vários anos. É um jornalista que merece o nome.
De Ferreira Fernandes e da sua prosa engraçadinha que suplanta em estilo a de muitos outros, sabemos o que lemos, mas agora sabemos mais o que ouvimos.
Consta por aí em escutas malditas que Ferreira Fernandes era um dos preferidos de José Sócrates para liderar um jornal como o DN, com prosas de Camões...
Outra escuta revelada
pelo semanário ‘Sol’. Com Camões a dirigir os dois jornais, eram
precisos homens de confiança enquanto executivos. E para o ‘DN’ a
escolha era óbvia: Ferreira Fernandes. "A solução é o homem da última
página, com reputação e aceitação da redação", desabafava o
ex-governante a Afonso Camões.
Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/tv_media/detalhe/20160220_2248_socrates.html
Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/tv_media/detalhe/20160220_2248_socrates.html
Outra escuta revelada pelo semanário ‘Sol’. Com Camões a dirigir os dois jornais, eram precisos homens de confiança enquanto executivos. E para o ‘DN’ a escolha era óbvia: Ferreira Fernandes. "A solução é o homem da última página, com reputação e aceitação da redação", desabafava o ex-governante a Afonso Camões.
No catálogo de idiossincrasias de FF temos vários exemplos que explicam aquela primeira prosa. Por exemplo esta, já um bocado datada:
Intrujão, pantomineiro, aldrabão, farsolas, sicofanta, maltês, embusteiro, impostor, falso, peteiro, trapaceiro. Enfim, Sócrates. Sócrates, o Pinóquio. A última: perguntado sobre Eusébio, ele reconstruiu a História. Disse que no Portugal-Coreia do Norte, em 1966, saiu de casa, na Covilhã, já Portugal perdia e quando "ia para escola" ouvia os golos de Portugal. Chegado à escola, já Portugal ganhava. Relato vulgar. Só que, neste país de grande jornalismo de investigação e de sucessos de PJ que deixam boquiaberto o Mundo (o país onde os mentirosos não são coxos, são tetraplégicos), logo o intrujão, pantomineiro, aldrabão, farsolas, sicofanta, maltês, embusteiro, impostor, falso, peteiro, trapaceiro, enfim, o Pinócrates, foi apanhado: o dia do jogo, 23 de julho, calhou nas férias grandes, quando não havia aulas. E como entre nós as investigações são como as cerejas, logo outra profunda averiguação revelou: 23 de julho foi sábado! E sábado à tarde (um analista em Tempo Médio de Greenwich conseguiu a hora do começo do jogo: 15.00)! Eh,eh,eh, o gabiru ficou cercado pela verdade dos factos... Mas, vão ver, o manhoso vai escapar como de costume: logo aparecerá um colega a dizer que os garotos de oito anos na Covilhã se reuniam no pátio da escola, até aos sábados e nas férias. Malandro, o Pinócrates, por isso disse que "ia para a escola", não "para as aulas"... Sempre com esquemas e álibis. Mas não é isto prova de farsante?!
Sob uma capa diáfana de fantasias engraçadinhas vai um mundo de descrédito que devia envergonhar qualquer pessoa, já nem digo jornalista. E para estes, esse capital é o principal activo.
Entretanto, o jornalismo que Dâmaso frequenta e Ferreira Fernandes aparentemente aborrece, parece começar a dar os seus frutos...
5 comentários:
há mais asnos a escrever ou dar 'a opinião' oral do que burros na minha aldeia quando era jovem
'a mentira útil'e a hipocrisia
sobressaem neste socialismo de 'máscara',
mas por baixo dela só 'mudam as moscas'
Completamente do lado do que escreve o Dâmaso e sempre do lado de um qualquer Moro quando o Estado de Direito é ultrapassado por caciques vigaristas.
Completamente ao lado do respeito pelas Leis, nunca ao lado de quem quer que seja. Sobretudo aquelas leis que obrigam os moros deste mundo. Principalmente a estes que tem de dar o exemplo.
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Passar por cima dos sigilos judiciais, da reserva de publicidade para certos cargos, é o mínimo.
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Qualquer dia um qualquer juizeca resolve escutar um general (o presidente é o general em chefe) e publicar segredos militares.
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Publicitar matérias que obrigam (bem ou mal) a segredo de justica devia ser caso para condenação à taxa de IVA máxima. Traição à pátria.
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O crime eventual de corrupção tem valor inferior à prática da quebra e publicidade do segredo de Justiça.
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Rb
Lá tinha de vir o fariseísmo.
O Féfé não convence.
A sua pseudo-independência tomba sempre para o mesmo lado - e, curiosa coincidência, justificando, ou desculpabilizando, o detentor do Poder que tenha emblema "canhoto"...
Daí a defesa desta parelha de vigaristas - apedeuta e bicharel .
Se lhe fizerem a encomenda , ainda "desarrinca" uma redacção encomiástica à dilma metralha...
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