No Público de hoje há um artigo com quatro páginas e fotos ampliadas que as reduziriam a duas, sobre a "PIDE". Mais um. Na primeira página o título de chamada é "Os portugueses foram vítimas ou cúmplices da PIDE?"
Desconfiado de mais uma flunsice tinturada a rosas fui ler. O pequeno artigo é de um tal Duncan Simpson, cuja identidade é a de "historiador, ICS, ULisboa", sem mais. No artigo aparece a informação de que é "investigador Marie Curie" ou seja, bolseiro de luxo e estrangeiro que anda por cá a estudar fenómenos como o indicado, pago pela UE.
Como é que o bolseiro foi investigar o assunto magno que implica obviamente um conhecimento profundo do povo português, tal como era há 60 anos? Foi ler cartas à Torre do Tombo. Cartas de portugueses dessa época, endereçadas à polícia política, a PIDE, entre 1960 e 1968. Leu ou coligiu 523 cartas e...pronto!, ficou habilitado ao artigo em que postula conhecimentos que obviamente não tem nem pode ter desse modo a não ser por mero efeito de adivinhação, não muito diverso dos cartomantes que lêem papéis sortidos de espadas e escudos.
De qualquer modo aparenta algum cuidado em mencionar que o que existe escrito em Portugal sobre a PIDE é tudo obra das flunsices correntes dos Rosas e quejandos que oferecem a visão maniqueísta associada ao antifassismo comunista primitivo.
Também não esquece de mencionar que nos países de Leste, mormente a RDA, o fenómeno estudado também era corrente. Ou seja, os flunsistas sabem bem como era porque conhecem como foi e queriam replicar o sistema, apenas mudando o sinal e a cor, aprimorando as técnicas, o que denota a sua primazia moral em escrever sobre tais assuntos.
Mais ainda: cita o tremendo comandante Otelo, o do COPCON, a quem o MRPP chamava de "nova PIDE" para mencionar que este entendia que a maior parte dos funcionários da PIDE eram pessoas comuns, "pais de família" que nunca tinham torturado ninguém.
Bastaria esta mera declaração para o autor abandonar toda a esperança de entendimento real do fenómeno para além da leitura de cartas avulsas, remetidas por toda a espécie de gente, com as motivações mais esconsas e reveladoras do carácter de quem as enviava. As leituras cingiram-se às cerca de cinco centenas de missivas em oito anos, numa média de seis dezenas por ano, cinco por mês, para o estudo de investigação pago pela bolsa Curie. Que desperdício!
O "estudo" desta leitura apressada de cerca de cinco centenas de cartas avulsas permite pelo menos uma pequena comparação elucidativa sobre a ideologia e os propósitos dos flunqueiros rosados e de todos os matizes que ainda abundam por cá.
Bastam algumas ilustrações de outras cartas remetidas a polícias de vigilância e defesa de outros estados para se entender a estupidez deste tipo de empreendimentos.
A comparação da PIDE com a STASI, a polícia de vilgilância e defesa do estado que os flunquistas de todos os matizes preferiam para cá, durante e depois do nosso fassismo, muito depois de 1968, era deste tipo.
Para dar uma pequeníssima ideia do que era a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado na RDA, a STASI, basta esta pequena imagem que mostra os arquivos que se estendem por 111k m de espaço em estantes...e a imagem vem daqui, do Irish Times. Porém poderia vir de outros lados...
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