terça-feira, junho 01, 2021

O procurador europeu sai da toca

 Público de hoje, entrevista, da autoria de Mariana Oliveira,  ao procurador José Guerra, designado pelo Governo português como procurador europeu em nome de Portugal, na União Europeia.

A parte da entrevista que interessa refere-se ao modo como foi designado para o lugar, não tendo pudor em declarar nada aos costumes, ficando de fora o que verdadeiramente interessava, como por exemplo saber como soube do lugar em disputa, quais os seus sistemas de contactos enquanto magistrado experimentado em organismos "lá fora" que lhe permitiram acalentar a esperança concretizada de alcançar o desiderato e no fim de contas como é que estas coisas acontecem, no interior do MºPº e poderes adjacentes ligados ao governo. 

Que ninguém tenha ilusões que estas escolhas revestem natureza política, principalmente tendo em conta o que se passou à roda da candidatura e ao modo atrabiliário como foi conduzida, pela actual ministra da Justiça. 


Ao defender a escolha da sua pessoa enterrra qualquer réstia de transparência e limpidez de procedimentos que originou suspeitas sérias de favorecimento do mesmo em detrimento de outros candidatos. 

Tal foi já escalpelizado aqui, no sítio da Integridade e Transparência de molde a permanecerem obscuras e não ficarem limpas as suspeitas ocasionadas. 

Tudo se passou nos dois primeiros meses de 2019, sob a égide do CSMP, tal como se refere no sítio do MºPº com data de 28.2.2019: 


O "procedimento de selecção" dos candidatos a este concurso tornou-se relativamente opaco e de perscrutação difícil : o modo como se constituiu o júri de selecção dos candidatos e como estes foram verdadeiramente escolhidos e apresentados a votação em plenário do CSMP não é de modo nenhum transparente, como aliás alguns membros do próprio CSMP reconheceram

Num procedimento delicado desta natureza tal circunstância mancha de modo indelével o currículo do escolhido no concurso, para além de alimentar suspeitas de favorecimento, aliás  publicamente reportadas. 
Assim, resta apenas dizer o seguinte: este tipo de cargos é  procurado por muitos, mas poucos são os beneficiados e a competição torna-se feroz, no silêncio dos gabinetes. 

Por causa, para além do mais, disto que o jornalista Pedro Tadeu escreveu nessa altura no Diário de Notícias, sobre  "quanto ganha um procurador europeu"



Pois é isso mesmo: pouco saudável. 

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