Morreu Otelo e o meu obituário é este aliás já com algum tempo ( 2014) . Otelo, sempre enganado, até ao fim:
Otelo, o militar de Abril que Vasco Pulido Valente no outro dia qualificou como "inimputável simpatiquíssimo", botou muita faladura nas últimas semanas.
Em 21 de Abril, do Jornal de Negócios, aqui citado pelo Diário de Notícias, deixou estas pérolas da sua sabedoria:
Otelo Saraiva de Carvalho acredita que Portugal precisa "de um homem com inteligência e a honestidade do ponto de vista do Salazar" para resolver a crise que atravessa.
Em entrevista ao "Jornal de Negócios", o "capitão de Abril" sublinhou que "precisávamos de um homem com inteligência e a honestidade do ponto de vista do Salazar, mas que não tivesse a perspectiva que impôs, de um fascismo à italiana (...) Alguém que fosse um bom gestor de finanças, que tivesse a perspectiva de, no campo social, beneficiar o povo, mesmo e sobretudo em detrimento das grandes fortunas".
Otelo Saraiva de Carvalho elogia o que se fez a seguir à revolução "ao nível da educação, da saúde". "Houve um rápido crescimento do nível económico das populações a seguir ao 25 de Abril à custa das reservas de ouro que o forreta do Salazar tinha amealhado no Banco de Portugal, mas depois, esgotada essa possibilidade, a coisa começou a entrar em dificuldades", salientou.
Como se pode ler, Otelo, o militar de Abril cuja estratégia golpista dependeu muito de um par de murros prometidos na hora e principalmente de um fruto político já caduco de uma árvore que estiolou, dislata mais uma vez.
Não. Não é sobre a necessidade de um Salazar e de caminho a remessa expedita de todos os "democratas" que governaram o país de há quarenta anos a esta parte, para o caixote de lixo da História. É sobre o "fascismo", palavra mágica que encanta todo um povo desde essa altura.
Otelo dislata sobre o fascismo porque não sabe o que foi o fascismo, apesar de ter lido coisas sobre isso, depois de ter sido Legionário, apoiante de Salazar. Daí a nostalgia, às tantas.
Otelo quando gizou o plano militar para ocupar Lisboa, em 25 de Abril de 1974 não sabia bem de que terra era. Portugal estava bem, excepto a tropa miliciana que ganhava mais que ele, de carreira militar. O amigo Melo Antunes, "um imbecil" no dizer de Vasco Pulido Valente, dito que corroboro, queria mais democracia, mais desenvolvimento e mais "descolonização" porque lera na propaganda comunista que nós, portugueses, éramos uns safados colonialistas que estávamos a roubar o que era pertença legítima dos africanos e que os camaradas da Internacional também tinham direito de partilha porque acreditavam na mesma cartilha.
Otelo acreditou na mesma balela depois de ter acreditado em Salazar. Depois disso, acreditou na balela sueca, de democracia avançada e social e pouco depois engoliu a balela inteira que lhe contaram em Cuba e na Líbia os líderes máximos Castro e Kadhaffi. Por isso apoiou os bravos das FP25 e encostou às boxes de Caxias e outros lugares de repouso, durante dois pares de anos, para acalmar e reflectir depois da corrida às armas em "boas mãos".
Será Otelo à semelhança do Antunes, um imbecil? Nem tanto. "inimputável simpatiquíssimo" sim e basta que melhor não é possível.
Quarenta anos depois da sua aventura descobriu que Salazar, afinal, é que era. Vem tarde, claro. Salazar morreu em 1970. Não tem fundação que lhe valha ( deixou 250 contos num banco nacional), nem tem ruas, pontes, monumentos toponímicos ou lembranças públicas que o perpetuem na memória popular. Não lhe fazem homenagens públicas porque os que estiveram "no limite da dor" marinhavam outra vez pelas paredes imaginárias e não tem direito a moções de simpatia no espaço público. Salazar é um proscrito da democracia. A sua casa no Vimieiro de Santa Comba Dão está em ruínas e não há subscrições públicas que lhe valham. Otelo e os seus camaradas de aventuras tiraram-lhe tudo isso, sem qualquer rebuço democrático porque Salazar era...fascista, a tal palavra mágica que funciona em Portual como o "abre-te sésamo " de Aladino, para aceder à caverna da "pesada herança".
Agora, apesar disso tudo, Otelo suspira por outro Salazar. Igualzinho, mas sem ser "fascista" porque isso é que não pode ser. Seria contra os pobrezinhos e a favor dos ricos e tal nem pensar. Seria forreta e sério e contra os 40 ladrões que arrombaram o país com o "abre-te sésamo" da palavra mágica.
Como sair deste dilema shakespeareano do ser ou não ser?
Otelo Saraiva de Carvalho elogia o que se fez a seguir à revolução "ao nível da educação, da saúde". "Houve um rápido crescimento do nível económico das populações a seguir ao 25 de Abril à custa das reservas de ouro que o forreta do Salazar tinha amealhado no Banco de Portugal, mas depois, esgotada essa possibilidade, a coisa começou a entrar em dificuldades", salientou.
Como se pode ler, Otelo, o militar de Abril cuja estratégia golpista dependeu muito de um par de murros prometidos na hora e principalmente de um fruto político já caduco de uma árvore que estiolou, dislata mais uma vez.
Não. Não é sobre a necessidade de um Salazar e de caminho a remessa expedita de todos os "democratas" que governaram o país de há quarenta anos a esta parte, para o caixote de lixo da História. É sobre o "fascismo", palavra mágica que encanta todo um povo desde essa altura.
Otelo dislata sobre o fascismo porque não sabe o que foi o fascismo, apesar de ter lido coisas sobre isso, depois de ter sido Legionário, apoiante de Salazar. Daí a nostalgia, às tantas.
Otelo quando gizou o plano militar para ocupar Lisboa, em 25 de Abril de 1974 não sabia bem de que terra era. Portugal estava bem, excepto a tropa miliciana que ganhava mais que ele, de carreira militar. O amigo Melo Antunes, "um imbecil" no dizer de Vasco Pulido Valente, dito que corroboro, queria mais democracia, mais desenvolvimento e mais "descolonização" porque lera na propaganda comunista que nós, portugueses, éramos uns safados colonialistas que estávamos a roubar o que era pertença legítima dos africanos e que os camaradas da Internacional também tinham direito de partilha porque acreditavam na mesma cartilha.
Otelo acreditou na mesma balela depois de ter acreditado em Salazar. Depois disso, acreditou na balela sueca, de democracia avançada e social e pouco depois engoliu a balela inteira que lhe contaram em Cuba e na Líbia os líderes máximos Castro e Kadhaffi. Por isso apoiou os bravos das FP25 e encostou às boxes de Caxias e outros lugares de repouso, durante dois pares de anos, para acalmar e reflectir depois da corrida às armas em "boas mãos".
Será Otelo à semelhança do Antunes, um imbecil? Nem tanto. "inimputável simpatiquíssimo" sim e basta que melhor não é possível.
Quarenta anos depois da sua aventura descobriu que Salazar, afinal, é que era. Vem tarde, claro. Salazar morreu em 1970. Não tem fundação que lhe valha ( deixou 250 contos num banco nacional), nem tem ruas, pontes, monumentos toponímicos ou lembranças públicas que o perpetuem na memória popular. Não lhe fazem homenagens públicas porque os que estiveram "no limite da dor" marinhavam outra vez pelas paredes imaginárias e não tem direito a moções de simpatia no espaço público. Salazar é um proscrito da democracia. A sua casa no Vimieiro de Santa Comba Dão está em ruínas e não há subscrições públicas que lhe valham. Otelo e os seus camaradas de aventuras tiraram-lhe tudo isso, sem qualquer rebuço democrático porque Salazar era...fascista, a tal palavra mágica que funciona em Portual como o "abre-te sésamo " de Aladino, para aceder à caverna da "pesada herança".
Agora, apesar disso tudo, Otelo suspira por outro Salazar. Igualzinho, mas sem ser "fascista" porque isso é que não pode ser. Seria contra os pobrezinhos e a favor dos ricos e tal nem pensar. Seria forreta e sério e contra os 40 ladrões que arrombaram o país com o "abre-te sésamo" da palavra mágica.
Como sair deste dilema shakespeareano do ser ou não ser?
É simples de explicar e Marcello Caetano já o explicou, na sua obra "As minhas memórias de Salazar" que Otelo não leu; ou se leu, tergiversou por ser um inimputável simpatiquíssimo sem chegar ao estatuto de imbecil, reservado a outros.
Porém, Otelo sabe ler e até fazer planos de golpes militares e por isso da próxima vez que for a uma escola básica contar a habitual história da carochinha do 25 de Abril pode começar por dizer:
"epá! Toda a minha vida fui enganado. Acreditei em balelas toda a idade adulta e afinal quem estava certo era o Salazar. Pensei que era fascista e até nisso me enganaram, pá!"
Para treinar, pode começar por dizer ao colega de armas, o lateiro Vasco Lourenço, outro da mesma fibra intelectual que devia ler isto também...
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