sexta-feira, setembro 03, 2021

Balsemão, um príncipe com orelhas de burro

 O dono da Impresa, Balsemão, foi "homenageado" pelo Governo que está, numa cerimónia formal, em S. Bento, por ocasião de uma efeméride anódina- os 40 anos do VII Governo Constitucional.

Estranho e bizarro? Nem tanto. O CM dá assim a notícia: uma celebração! De quê, afinal? Para mim, a consagração de um indivíduo que ajudou a moldar o sistema político-governativo-constitucional-cultural e recreativo que temos por cá. Portanto, na estranha celebração esteve presente tout le beau monde que comanda o panorama nacional nesses domínios, incluindo o actual governo em peso.

Balsemão é militante nº 1 do PSD? E que importa?! Também é militante da causa socialista e dos apêndices culturais que a Impresa suporta, fonte da sua empresa comercial e da qual vive, aliás muito bem, segundo se supõe, mas não se sabe ao certo. Fica por contar a história da Visão de um Delgado transformado instantaneamente em capitalista de venturas, salvo seja. 

 É um verdadeiro personagem e um dos principais protagonistas da quadratura de um círculo de giz que foi riscado no chão nacional em 1974. É um dos suportes principais do sistema que nos foi legado deste então e por isso também responsável pelo satus quo em que estamos- o de país mais atrasado da Europa. 


Comprei o volume de memórias selectas do dito Balsemão para ler algumas passagens e dos dias de Abril de 1974 até 1975 é assim que o mesmo se lembra: 





O sítio do Observador tem lá a escrever a jornalista Maria João Avillez que conhece Balsemão desde esses primórdios do jornal Expresso e conta assim, como foi a história deste "príncipe do jornalismo" com orelhas de burro, como soía na historieta. Enfim...





Como bónus, o Observador foi desencantar esta imagem amputada de uma edição do Expresso de 23 de Agosto de 1975.


A imagem tem uma particularidade curiosa: foi digitalizada por mim e colocada há muito tempo neste blog. Como está disponível na net, passou a ser uma "imagem Picasa" e apropriada enquanto tal. Fantástico, mike!

Como os leitores do Observador podem ficar frustrados com a amputação da página, aqui fica na sua inteireza, tal como tenho por cá, guardado desde 1975 e eventualmente espezinhado, aliás com marcas disso...



E como não quero que falte nada aos editores do Observador ( ladrão que rouba a ladrão...já se sabe como é), aqui fica a capa inteira, fotografada a preceito: 



Como retratos alternativos e caricaturais da personagem, ficam aqui dois exemplos de 1976, da revista Opção, de Artur Portela Filho. 
Logo no primeiro número, de 29 de Abril desse ano, uma das crónicas costumeiras daquele Artur Portela Filho:



E outra do nº 20, de 9 de Setembro desse ano, aliás com outra personagem bem conhecida e que já fazia parte deste enredo ( e de outros): 
 


Falta-me uma caricatura que procurei mas ainda não encontrei: a desenhada pelo falecido Cid, no O Diabo ou no Independente. Era aquela cuja figura não tinha olhos...

Esta "homenagem" cheira aliás a um esturro já requentado. Como se podia ler aqui:


A memória das pessoas costuma ser muito curta. Porém, esta notícia é de Maio passado e não parece que o homenageado tenha conseguido um milagre de multiplicação de receitas. Antes se afigura que esta encenação bizarra prepara mais uma "intervenção" do Estado socialista para safar mais uma vez um falido. Tal como um Berardo, ou um Vieira ou mesmo um Salgado. Vai uma aposta?
Se assim for é um escândalo e um crime. 

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