O banqueiro Rendeiro pirou-se para parte incerta, para fugir à mão pesada da Justiça que o condenou em penas de prisão prolongadas.
A Justiça a funcionar deixou que tal acontecesse por razões ainda por apurar mas os indignados do costume já andam por aí a resfolegar, acusando a Justiça de passividade e exigindo inquéritos para se apurarem responsabilidades no desaforo. Propriamente dito uma vez que a questão ultrapassou as fronteiras judiciárias e está neste momento em pleno campo pantanoso das redes sociais, artigos de jornal e comentários avulsos, das passionárias, como Ana Gomes e a filha do pirata Mortágua e dos populistas anti-corrupção, da empresa informal Batalha & Morais, Lda. Os políticos virão a seguir para lhe Chegar achas na fogueira na praça pública.
Qual é no entanto o assunto fulcral do caso Rendeiro? É um caso de corrupção grave e crimes comuns, como o de Sócrates e Salgado? De vigarice notória como o do BPN ou do Berardo? De corrupção político-governamental como o do BCP e BANIF? De crime económico como o de um Vieira e afins?
Dê-se a palavra ao visado, para sua defesa, tal como publicada no livro Em defesa da honra, de Abril de 2021:
A defesa do banqueiro Rendeiro continua aqui, no blog que anima e devo dizer que os argumentos invocados pelo mesmo são pertinentes e merecem toda a atenção. A Justiça dos casos concretos que enuncia deveria ser sindicada, de facto, pelo que contém de particularidades intrigantes. A Justiça, acima de tudo, deveria distinguir-se do populismo mais chão e suspeito que não é isso que sucede no caso concreto.
Independentemente desta defesa, a verdade é que o banqueiro Rendeiro foi condenado em definitivo em penas de prisão pela prática de crimes em vários processos e não apenas naquele em que na primeira instância foi acusado e condenado, com pena suspensa, de falsidade informática e a Relação reverteu a suspensão para pena efectiva. Segundo o visado, por causa da "prevenção geral"...o que não deixa de ser curioso e mirabolante, se for verdadeiro.
Perante este panorama é preciso equacionar o que levou a Justiça a condenar em prisão efectiva, em vários processos, o banqueiro Rendeiro, mas tal não é minimamente mencionado pelos populistas do costume, porque o raciocínio básico de tais justiceiros é simples: um banqueiro foi condenado em prisão efectiva por vários anos. Logo, deveria ter sido preso, imediatamente. Como tal não aconteceu eo banqueiro fugiu, aqui d´el rei!- que vai nu...
Os jornais de hoje espelham a vox pop-ulista.
CM que anuncia a fuga para Singapura e editorializa em modo diverso do populismo corrente, atribuindo responsabilidades ao "sistema" in totum, nomeadamente o processo penal e as garantias obscenas que confere a condenados de preceito. Por outro lado dá nota das indignações e razões do banqueiro Rendeiro para a fuga: não quer ser bode expiatório, no que poderá ter razão quanto à primeira condenação ( em primeira instância a pena tinha sido suspensa...).
O DN de hoje elabora um pouco mais:
No jornal aparece uma crónica do presidente do SMMP em que se elenca de modo exaustivo e pena enésima vez, o panorama dos problemas da luta contra a corrupção em Portugal. A conclusão é clara: não existe vontade política de combater eficazmente o fenómeno. Afinal temos como ministra da Justiça, obstaculizadora objectiva de soluções concretas para combater o fenómeno, uma Conselheira do STJ, profissional durante décadas do MºPº e casada com...Eduardo Paz Ferreira, advogado, co-fundador do PS ( dito pelo próprio), terratenente no Alentejo profundo, e beneficiário de múltiplos ajustes directos pagos com dinheiros do Orçamento do Estado. Intocáveis, porque respeitadores da legalidade estrita, eticamente jacobina.
O Público também dá o óbulo como não podia deixar de ser e em dose dupla:
Que país é este, pá?! Neste blog, ao longo dos anos tenho escrito sobre o assunto. No CM de hoje, na última página tem esta notícia destacada a amarelo desmaiado:
Quem é mais perigoso para a comunidade? O banqueiro Rendeiro, falido, eventualmente detentor de meios de sobrevivência pessoal no exterior, acautelados a tempo, inócuo em termos de perigosidade pública; ou um traficante de droga, estrangeiro, procurado internacionalmente e que "escapou pela porta das traseiras" nas instalações da PJ de Faro? Nem vem na primeira página do CM.
O sítio da fuga é este, com foto tirada daqui e como se vê, as instalações até estão bem arranjadinhas:
O que é que descredibiliza ou provoca maiores danos na percepção da opinião pública acerca dos fenómenos criminosos? O caso do banqueiro Rendeiro ou os inúmeros casos de ausência de condições de segurança ou mesmo de capacidade de investigação das autoridades policiais e do MºPº relativamente à criminalidade em geral e a económica em particular?
O sindicalista do MºPº já deu a resposta, mas pelos vistos o caso Rendeiro rende mais mediaticamente...e por isso é que a percepção da mesma opinião pública é sistematicamente manipulada e orientada para o sensacionalismo, terreno preferido dos populistas e dos empreendimentos mediáticos do género Batalha&Morais, Lda. Rende-lhes mais...
Entretanto, a tal ministra já se declarou muito desconfortável com a situação...e, claro, não tem nada, mesmo nada a ver com o assunto.
Outro que tal...por ele ia tudo preso. Menos os silvanos, claro.
Sem comentários:
Enviar um comentário