terça-feira, outubro 11, 2022

Soluções académicas para problemas culturais

 DN de hoje, reportagem sobre o lançamento da revista Crítica XXI ( nome horroroso...) da responsabilidade de dois intelectuais da direita portuguesa como a temos. 




Quando se propõe como objectivo ultrapassar "quase meio século de uma direita autoritária, conservadora e salazarista" estamos atolados já numa lama que não permite movimentações livres. Nem sei a que direita se pode referir alguém que procura ultrapassar tal escolho ideológico, em vez de o integrar e aggiornar, porque a direita carece de referências e Salazar foi inquestionavelmente uma delas. Desprezar Salazar em nome de algo indefinido e que continua a sê-lo, assente apenas num mirífico panorama de "direitas"  sem conteúdo que não seja o de contraposição a "esquerdas" parece-me logo um projecto com vocação para falhar. 
Como falharam os projectos do Futuro Presente e da Atlântico. 
Nem sequer referem a Resistência, revista de direita, salazarista e sem preconceitos ou complexos de inferioridade que nem se referia à esquerda como alvo a contrastar. Existia, doutrinava e apresentava os temas como entendia que deviam ser apresentados. 
Suponho que falta à novel publicação algo essencial: a ligação a Deus, à religião católica, como suporte fundamental. Não como leit-motiv redactorial mas como base cultural essencial. 

A direita da Crítica XXI, deste modo não anda muito longe das direitas que se opõem às esquerdas por estas se oporem a tais direitas. Um círculo vicioso, portanto e que conduz aos sucessivos fracassos editoriais. 
Esperemos que este não seja mais um, mas o vaticínio, infelizmente é nesse sentido. As mesmas causas, em condições semelhantes, tendem a provocar os mesmos efeitos. Por isso...teremos mais uma Atlântico que pouco interesse tinha.
Repito: esta direita não precisa de se identificar com o regime de Salazar ou com as ideias do mesmo, necessariamente. Precisa apenas de não desprezar tal legado e integrar o mesmo, adaptando-o aos tempos modernos. Será isso possível? É esse o papel dos intelectuais...mas simbolicamente tal já representa imenso e um enorme passo para uma definição do que é a direita como deve ser. 

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