Esta notícia só espanta pelo tempo que demorou a ser dada. Conforme se dava conta aqui, em Setembro de 2021, tudo fazia crer que o Ministério Público mais cedo ou mais tarde viria a ser chamado a intervir. Demorou mais de um ano...
Então escrevi:
A revista Nova Gente perfez agora 45 anos e comemorou com este número especial:
A nota do director da publicação dá conta que a revista Nova Gente chegou ao público leitor em 22 de Setembro de 1976, com uma capa em que figurava Vera Lagoa, então responsável pelo semanário o Diabo, um jornal considerado nessa altura reaccionário e fassista. Aliás, ainda hoje será assim...
Tal como refere o director, "nem era nascido quando tudo começou". Mas "começou" como e com quem? O nome mágico é...Jacques da Conceição Rodrigues, nome que apenas aparece nesta ficha de redacção no sítio que diz "propriedade do título e editor"...e que foi tipógrafo de profissão, tendo em Angola começado a editar revistas.
O dito Jacques da Conceição Rodrigues é responsável por várias empresas. Na realidade, um emaranhado delas, como escrevia a Sábado na edição de 12 de Agosto passado e que lhe permitiram safar-se de dívidas em modo mais eficaz que um Joe Berardo, o que não é dizer pouco.
Não sendo o perfil lá muito abonatório, fica-se a saber que o proprietário e editor é pessoa muito discreta e com retrato condizente, como se figura na foto. Merecia uma história melhor e mais completa sobre as suas aventuras editoriais, certamente muito interessantes até porque é responsável pelo fenómeno editorial que foi a revista Maria, sucessora da Crónica Feminina de antanho e que lhe passou a perna num instantinho editorial.
Por outro lado, já foi responsável por publicações de índole cultural, como se mostrava aqui, através da publicação em finais de 1978 de uma revista de História por conta de uma editorial Globo.
Seja como for, a Nova Gente é herdeira de uma outra Gente, mais antiga e que foi a publicação original, cuja transição para a Nova Gente não está explicada e merecia sê-lo. O logotipo da Nova Gente é um pastiche da antiga Gente, com o acrescento apenas da palavra "nova" em carimbo sobre o antigo título que era este e cujo primeiro número saiu em finais de 1973. A imagem é "tirada" da net de um sítio de venda online ( olx ou assim).
O número 3, com imagem tirada daqui, traz Amália na capa.
E o número de 8 de Outubro de 1974 já em regime diverso do anterior:
A ficha redactorial:
E no miolo da revista uma reportagem sobre os bastidores do "telejornal" da RTP, com um texto aprimorado sobre os novos tempos...
Menos de um ano depois, em 10 de Junho de 1975 o director já era outro e a capa trazia a figura do momento, do Jornal Novo e dali a meses da Opção...
Aditamento:
No Observador, uma repórter- Tânia Pereirinha- garante que a Nova Gente que surgiu nos escaparates em 1976, tinha o título que era uma cópia da revista italiana com o mesmo nome.
Sobre a Gente que surgiu em 1973 nem uma palavra...
Então vejamos como era a tal Gente Italiana em 1976, já que a internet permite agora tais coisas:
A evidência mostra que a jornalista Tânia Pereirinha precisa de ver melhor estas coisas, para dizer o mínimo.
E precisa de saber que já havia uma revista Gente em 1973 que tinha um título cuja grafia era a que a Nova Gente adoptou, sem necessidade de copiar os italianos.
Ah! E já em Maio de 1977 era assim, conforme se poderia ver na Net, se houvesse tal cuidado...porque de facto o título é o mesmo da Gente de 1973 e não tem a ver com a revista italiana...
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